thirtieth-seventh day ☹

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Frank está com o olhar pesado e o rosto inchado. Ele não havia dormido, comido e muito menos parou de chorar um segundo sequer. Iero está em um daqueles dias que ele somente quer ficar deitado ao lado de Gerard, conversando sobre seu dia e lhe dando mais uma razão para viver.

Frank não queria ir ao hospital, mas se ele não fosse visitar Gerard, quem iria lhe dar um motivo para viver? Ele estava sendo o único com algum pensamento positivo e Bert tirou isso dele quando disse aquelas palavras, mas o garoto apenas não consegue deixar Gerard para trás.

Mas e se Gerard já tiver deixado Frank para trás?

Frank andava em passos curtos e lentos em direção ao quarto do Way, sua respiração calma. Ele parecia mais um corpo sem vida andando. Sua aparência estava um lixo. Os olhos cansados com sombras escuras ao redor indicando a falta de sono, as roupas amarrotadas, o cabelo completamente bagunçado. Ele estava tão destruído por fora quanto por dentro. Mas então, ele ouviu.

- Eu preciso que você assine isso. - Frank parou no corredor assim que ouviu a voz da doutora Delevingne, colocou a cabeça perto da porta do quarto para ver o que estava acontecendo. Donna Lee e Mikey estavam chorando baixinho enquanto a mulher segurava alguns papéis na mão.

- E-eu... Não vou assinar! - Donna disse firme. O que está acontecendo? Frank pensou.

- Ele não tem nenhuma chance de sobreviver? - Mikey perguntou, o tom de voz tão baixo que Frank teve que chegar mais perto para ouvir.

- Normalmente o paciente em coma evolui para melhora do nível de consciência ou para a morte encefálica, e Gerard certamente evoluiu para a melhora, mas é como se tudo o que fizemos ou tentamos fazer é em vão. Ele já deveria ter acordado. - A mulher explicou e Frank teve que fechar os olhos e suspirar para não ter que chorar novamente. Ele já estava entendendo tudo. - Donna, Gerard está em um coma profundo com 85% de chance de morrer...

- Mas ainda tem os 15% de chance... - Fora Frank quem dissera. Os três desviaram o olhar para a porta onde havia um Frank acabado e com lágrimas acumuladas nos olhos - E doutora, eu vou apostar tudo nesse 15%.

- Isso não é um jogo, Frank. - Ela rebateu. Odiava ter que fazer isso, mas é o seu trabalho. - Você não pode apostar tudo e simplesmente esperar que ganhe, isso é uma vida. É a vida de Gerard, não um jogo.

- Gerard é a minha vida! - Frank gritou, olhando para Donna e a doutora. - Se você desligar os aparelhos e-eu... Eu vou morrer junto com ele...

- Querido...

- Você não pode esperar mais algum tempo? - Frank sugeriu e a doutora negou.

- Vai fazer quarenta dias...

- Esperamos quarenta dias, então podemos esperar mais algum tempo, certo? - Frank limpou as lágrimas, ele não deixaria Gerard ir.

Não estava em seus planos deixar Gerard ir, de jeito nenhum. Por Deus, ele estava cansado de tudo aquilo. Estava cansado de ficar sozinho. Estava cansado de não ter o som da voz de Gerard para lhe distrair de alguma aula. Ele estava cansado de tudo isso e mais um pouco.

Donna diria que está orgulhosa de Frank, mas ela apenas não consegue mais passar por tudo isso de cabeça erguida. Dói tanto ter que ver seu filho em um estado vegetativo como aquele, sem poder ver o lindo sorriso dele depois de um dia cansativo de aula. Ou não ouvir seu filho falar sobre suas bandas favoritas ou ter uma discussão com Mikey ao amanhecer para saber quem usaria o banheiro primeiro. Era tudo tão ruim... E saber que seu filho não está acordado é apenas mais doloroso ainda.

Depois de uns segundos se olhando, Donna puxou Mikey para fora do quarto, chamando a doutora e dizendo que eles precisavam de mais um tempo para pensar no que fazer. Delevingne suspirou e assentiu, ela sabia que eles iriam ser duros no começo, mas iriam ceder no final.

Então, Frank estava sozinho com Gerard, mais um dia...

Iero se lembrava do primeiro dia. No hospital. Ele se lembra de quando a ambulância chegou no colégio e Bert só sabia gritar com Frank, lhe dizendo coisas horríveis, mas ninguém olhava para Nicholas, o motorista do carro. Ninguém olhava para ele ou transmitia seu ódio ou qualquer outro tipo de sentimento, era como se tivesse somente Frank ali e era ele que dirigia o carro. Então, quando a ambulância chegou, Bert disse que os encontraria no hospital, o Iero nem sequer conseguia falar nada. Era como se tudo a sua volta fosse apenas imaginação... Você nunca acredita que algo possa acontecer, até que ela aconteça com você.

Frank assistia filmes em que um dos principais morria ou que sofria algum tipo de acidente, mas ele nunca achou que fosse acontecer de verdade. Aquilo parecia mais uma cena de filme do que realidade, e ele queria que fosse imaginação.

Quando Frank descobriu que Gerard estava em um coma induzido pelo efeito de concussão cerebral, ele não soube reagir. ERa como se as palavras tivessem sumido de sua boca e estava em estado de choque. Ele não conseguia imaginar o cérebro de Gerard sendo jogado nas paredes do crânio quando ele caiu no chão. Era impossível imaginar qualquer coisa do tipo. Mas ele só queria que o Way acordasse.

Não importa se Gerard acordasse no primeiro ou último dia, ele só queria ver o garoto de cabelos pretos mais uma vez fora daquele hospital.

- Eu apenas quero ver você novamente e colecionar momentos novos... Isso não é um bom motivo? - Frank perguntou, sua voz sempre baixa e carregada de soluços. - Porque eu acho que não temos momentos o suficiente para a vida, eu... Não vou te deixar partir, Gerard. Não está na sua hora, não está...

Naquele momento, Frank prometeu para Gerard que iria continuar lhe dando motivos para viver e que não importa o quão duro o dia possa ser, ele não iria desistir do Way, não iria deixá-lo ir.

Não me deixe ir, Frank.

50 Reasons to Live▪️FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora