fortieth-fifth day ☹

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Frank não se sentia bem naquele momento, sua cabeça girava com o pensamento de que faltava somente mais cinco dias. Mais cinco dias e ele estaria se perdendo, afogando-se...

- Ei, ei! - Bert agarrou o pulso de Frank ao que o moreno estava ameaçando chorar. - Eu sei o que você está pensando, mas não fica assim... Gerard ainda tem cinco dias!

- Cinco dias... - Frank murmurou, enxugando a lágrima que escapou e sorrindo um pouco para o moreno. Bert largou seu pulso e retribuiu com um sorriso triste para ele.

Estaria ele desistindo aos poucos de acreditar que algum milagre possa acontecer?

- Você não deve se sentir assim, tudo dará certo.

- E se não der? - Frank fitou Bert. - Vai me ajudar a catar os caquinhos? - O baixinho riu amargamente com a sua fala, estava sendo tão infantil...

- Cada um deles. - Bert assegurou, arrancando um sorriso verdadeiro de Frank. - É para isso que amigos servem, não é?

- É sim...

Bert ficou sem saber o que falar, então ele se lembrou das noites em que trocava segredos com Gerard durante as madrugadas.

- Sabe, depois de quarenta e cinco dias, a voz de Gerard já está se tornando desconhecido... Eu não me lembro mais da voz dele. - O moreno confessou. - E isso me deixa com medo, porque eu não quero esquecê-lo, quero levá-lo para vida toda, ele não merece ter um fim assim... - Ele apontou para a cama e Frank assentiu. - A voz dele às três da manhã se tornava baixa, ele não queria que a tia Donna escutasse as nossas conversas... Nós conversávamos sobre você, em várias conversas você foi o assunto principal.

Frank soltou um chiado surpreso. Gerard falava dele para o Bert?

- Você deveria ter a chance de escutar os segredos que ele me contava, eram... Estranhos. E perdidamente apaixonados. - Bert riu. - Gerard nunca gostou de você. Ele sempre te amou. Talvez sempre irá amar.

Bert não sabia, mas aquelas palavras destroem Frank dia após dias, matando-lhe aos poucos. A sensação de que Gerard não irá acordar o deixa tão vulnerável, ele não queria que aquilo acontecesse e saber que o Way podia o deixar apenas por não voltar no tempo certo aumenta a dor em seu peito.

Tudo estava perfeito, tudo estava planejado. As notas. Elas eram apenas uma forma de demonstrar o seu amor, uma forma estranha, mas era o jeito que Frank havia encontrado. E tudo parecia perfeito, Gerard lia e sorria com as notas, e então, aconteceu.

Acho que a vida gosta de fazer isso com as pessoas de vez em quando. Deixa-te admirar as águas fortes de um alto-mar e, quando parece que você só vai ficar ali observando, ela te joga em um mergulho.

Talvez você não sobreviva, mas talvez a vida também te traga para terra firme de novo.

- Gerard... - Frank sussurrou, Bert se afastou um pouco e encostou na janela do quarto, dando privacidade aos dois. - Eu queria ter uma vida perfeita, sair, se divertir, casar, adotar crianças, ver nossos amigos terem o mesmo rumo que nós. Talvez você não queira isso... - O moreno abaixou a cabeça, pensando em um porquê de Gerard não ter acordado ainda. Uma lágrima solitária caiu. - Mas tudo bem se você não quiser, só não deixe que outras pessoas se afoguem em alto-mar.

Por um momento, Frank pensou que não importa onde Gerard esteja, ou o que esteja fazendo - ou com quem estiver.

Não importa. Não muda nada.

Ele sempre amou, e sempre irá amar, honestamente, verdadeiramente, completamente, Gerard Way.

Entretanto ele também pensou que, não importa se Gerard não conseguir retribuir na mesma intensidade, ele só não quer que outras pessoas morressem internamente por algo que ele cometera.

Se você se afogar, eu irei lhe salvar, Frank.

50 Reasons to Live▪️FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora