Capítulo 10

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Vinte minutos mais tarde eu estava pronta. Como ele não tinha dito exatamente pra onde estávamos indo, resolvi adotar o jeito Carter de ser e vestir uma calça jeans, uma camisa qualquer e uma jaqueta de couro por cima. Se ele resolvesse ir para o inferno, pelo menos eu tinha seguido a sua ideia de estilo e nós estaríamos harmoniosamente parecidos. Como um belo protótipo de Bonnie e Clyde.

Eu estava dando uma última olhada no espelho quando ele invadiu o meu quarto e a sua imagem apareceu subitamente atrás de mim, me assustando.

- Eu sei que as suas noções de espaço não são um exemplo pra nada, mas você não pode simplesmente entrar aqui!

Eu puxei o travesseiro mais próximo de mim para atirar na direção dele, esperando conseguir um homicídio com aquilo.

Carter estendeu os braços e segurou o travesseiro no ar antes de que aquilo o atingisse. Ele jogou o travesseiro de volta na minha cama, descendo o olhar pelo meu corpo e levantando a sobrancelha, um pouco incrédulo.

- O que foi? – Eu perguntei com irritação, na defensiva pelo meu orgulho ferido. – Não é muito fácil pensar no que vestir quando não se faz ideia de pra onde se está indo.

- Você é muito criativa. – Ele disse com ironia, cruzando os braços. – Mas não precisava ter demorado vinte minutos pra isso.

Mas do que é que ele estava falando? Ele desdenhava a minha roupa e se referia à ela como isso sendo que ele estava vestido exatamente igual.

- Dá o fora do meu quarto.

Eu o encarei, mas ele não fez nenhuma menção de se mover. Seus olhos correram pelo meu quarto, observando tudo com alguma curiosidade. Eu estava pronta para impedir caso ele decidisse invadir as minhas gavetas secretas.

Mas Carter continuou mortalmente parado no meio do meu quarto, preenchendo todo o espaço com o seu ego gigantesco e a presença aterrorizante. Eu observei quando seus olhos atentos focaram no porta retrato abaixado sobre a minha cômoda e se demoraram ali, como se absorvessem uma informação importante.

Um silêncio estranho e pesado tinha recaído sobre nós quando ele voltou a olhar na minha direção.

Eu me perguntei quantas garotas dariam tudo para que ele estivesse no quarto delas. Tinha certeza de que Carter era a fantasia de verão de todas elas. O protagonista de várias fanfics hot recheadas de cenas picantes e sensuais.

No entanto, com ele parado na minha frente, ocupando um espaço considerável do meu quarto, eu só conseguia me sentir sufocada. Alguma coisa sobre ele me causava aquilo.

- Podemos ir?

Eu ainda o encarava quando ele perguntou.

Assenti, procurando o meu celular.

- O meu celular tem rastreador, só pra avisar.

O que te impede me levar pra qualquer lugar e me matar. É isso.

Ele me encarou com desinteresse.

- Não é muito útil se nem mesmo você consegue encontrar ele.

No mesmo instante, o meu celular começou a vibrar sobre a cômoda perto dele. Carter desviou o olhar para o aparelho barulhento e eu me apressei em ir pegá-lo.

Número privado outra vez.

O meu corpo ficou instantaneamente tenso mais uma vez. Eu encarei o visor por um instante antes de recusar a chamada de novo.

O olhar de Carter queimou sobre mim com curiosidade, mas ele não disse nada a respeito.

- Pronto, podemos ir.

Mais do que Eu Posso AguentarOnde histórias criam vida. Descubra agora