YOO YOUNGJAE
O sofá não era muito confortável, mas deu para encaixar o corpo e a cabeça; meus pés balançavam para fora, porém não me importei. Meus olhos foram ficando pesados conforme a escuridão me embalava em um ninar silencioso e aconchegante. Quando estava beirando o mundo dos sonhos, a porta da frente se abriu em um estrondo, jogando pedaços madeira para todos os lados.
Levantei-me em um pulo, mudo e apavorado com a explosão. Olhei para a porta fechada de Daehyun e pensei em correr chamá-lo, no entanto – ao levantar – minhas pernas pareciam não me obedecer. Fui caminhando, sem meu próprio consentimento (quase como se eu estivesse enfeitiçado), para fora. O céu todo estava brilhante, mas não por estrelas ou pela lua.
Não, antes fosse.
O céu escuro era iluminado por naves. Muitas naves. E eu as conhecia muito bem, infelizmente. Eram as naves de guerra do meu pai.
Vasculhei pela rua por pessoas feridas ou um grande caos, contudo só encontrei silêncio tenso e apenas a minha figura parada na grama verde. Uma das naves pousou na rua estreita, delicada e sem fazer barulho. Elas poderiam ficar invisíveis só com o aperto de um botão, as luzes ajudavam a fugir do inimigo, confundindo-o, e sua lataria aguentava qualquer tipo de ambiente e munição. Eram ótimas armas de guerra, realmente.
Aproximei-me e vasculhei mais uma vez o lugar, tendo ainda mais certeza de que estava sozinho. Cadê todo mundo?
Podia ver uma grande movimentação pelos vidros da nave e abri a boca para alguém aparecer, todavia o único som que consegui fazer não foi exatamente um conjunto de palavras que fizessem sentido. Foi um grito.
Deixei um longo grito de horror escapar quando a porta escancarou de repente, e meu pai surgiu segurando a cabeça de Daehyun. Apenas a cabeça pingando sangue. Não! Não!
Meu tio estava um pouco mais atrás, segurando a cabeça de Junhong e Moon, sorrindo como um perfeito sádico que era. Outro grito me escapou e senti minhas pernas perderem as forças, me fazendo ajoelhar no chão.
Não importa o motivo, matar pessoas nunca é a solução. Eles não vão entender nunca?!
Meu estômago se revirou todo e tentei sorver uma grande quantidade de ar, com as mãos grudadas na terra. Por instinto, puxei meu colar, mas peguei o vazio, como havia pego dias atrás; eu estava desprotegido. Meu pai se aproximou, cobrindo-me com sua sombra enorme, me olhou nos olhos e eu soube... Eu realmente soube naquele momento que seria o próximo. Ele não me ama e nunca me amou, nós somos diferentes e isso é motivo suficiente para ele acabar com a minha existência inútil, assim como faz com todos que discordam de sua opinião...
— Ei, Youngjae... YOO YOUNGJAE! — Pulei no sofá, abrindo os olhos assustado mais uma vez. Encarei Daehyun à minha frente, com as mãos em meus ombros e de joelhos no tapete. — Fica calmo, Youngjae. Foi só um pesadelo. Está tudo bem. Não precisa mais gritar.
— Não está! E-Eu... Eu... Eu estou com medo. — Admiti em um fio de voz, escondendo o rosto entre as minhas pernas. Que vergonha, Yoo Youngjae! Parece um filhote bobo.
— Não precisa ficar com medo. Não há nada aqui, vê? — Ele abaixou as minhas mãos e apontou para a sua volta. A escuridão da noite só era quebrada pelo pequeno abajur aceso ao meu lado. Olhei-o nos olhos e suspirei, concordando. O suor corria por minhas costas e pescoço. — Acho que foi o café.
— O quê?
— O café te deixou agitado, a cafeína causa isso nas pessoas. Como também aumenta a pressão, o coração pode ficar acelerado, às vezes é difícil até de pregar os olhos. É normal, está tudo bem.
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The Colors of Yoo
Fanfiction"Seguro a respiração, completamente sozinho num túnel profundo que engoliu toda a luz" Por conta de uma doença que lhe afeta o reconhecimento de cores e luz, o mundo do médico Jung Daehyun é - literalmente - descolorido. A chegada do alienígena Yoo...