Cry Baby tears keep coming back again

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JUNG DAEHYUN

Algum tempo depois estávamos fora de casa, andando pela calçada do condomínio e fingindo que tudo estava normal. Eu carregava Himchan de um lado e Youngjae o segurava do outro. Os braços do Kim estavam jogados por cima de nossas cabeças, totalmente mole e desconcertado. Quem olhasse a imagem de longe poderia pensar que éramos pessoas bondosas ajudando um amigo bêbado. E eu não diria o contrário para ninguém.

Himchan morava no condomínio ao lado do meu. Estávamos carregando aquele peso há meia hora e mal havíamos saído na avenida principal que ligava os dois lugares. Ofegávamos como se apostássemos uma maratona por Changwon. Cada passo doía um músculo diferente em mim e o cheiro doce de Kim ainda me causava um reboliço estranho no estômago. Não era como se ainda o amasse, óbvio que não; eu já havia passado dessa fase fazia tempo. Talvez fosse nojo misturado com repulsa.

É, com certeza é isso.

...

Entramos na casa sem precisar fazer muito mais esforço; a chave estava no bolso da camisa de Himchan e o segurança do condomínio nem perdeu tempo perguntando o que tinha acontecido. Ninguém gostava muito de Kim e do seu jeito mesquinho mesmo.

Jogamos o bendito na cama e me afastei para olhar tudo. A casa estava diferente, tinha mais móveis e quadros. Alguns abstratos e feios, outros eram retratos mais finos. Uma estante de vidro ao lado do banheiro estava repleta de bebidas que nunca havia ouvido falar; todas com álcool, claro. Abri o armário e quase fui derrubado pelo tanto de roupa que pulou para fora; couro, cetim, algodão, casacos, sobretudos e botas brilhantes. Pergunto-me quem está bancando os luxos de Kim Himchan dessa vez; quem era o novo chifrudo iludido?

— Ele tem um gosto bem peculiar. — Comentou Youngjae apontando para o abajur de estrelas. Provavelmente deviam ser amarelas, mas eu enxergava apenas um cinza bem fraquinho. Ri fraco e concordei com a cabeça. Fechei as portas do armário e virei para trás.

— Ele sempre foi assim. Nunca gostou do "comum".

Himchan se remexeu de leve na cama, contudo ainda dormia. Minha visão ficou embaçada enquanto olhava sua figura bonita e forte em meio às cobertas, ressonando como um anjo que não era. O fato de ter sido traído me dói até hoje e é uma parte da minha vida que eu não consigo apagar. Foi uma apunhalada no coração e na alma.

Youngjae ficou ao meu lado olhando na mesma direção, quase sem se mexer. Vez ou outra sentia seus olhos me queimando e avaliando, porém ignorava.

Funguei alto e bufei em seguida, me recusando a chorar mais uma vez. Já havia passado infindáveis madrugadas chorando de decepção. Eu não posso dizer que não amei Kim Himchan; nosso amor foi algo explosivo, quente e profundo. E é por esse motivo que vez ou outra me sinto desiludido quando lembro das juras eternas que fizemos. Nunca havia sentido nada tão forte por alguém antes; ele era magnético, encantador, sexy e perspicaz. Um homem dos sonhos que havia se tornado meu pior pesadelo.

— Você... Você quer chorar? — O modo como a voz de Yoo soou bondosa, e suas mãos fizeram menção de me tocar, abriram uma torneira dentro de mim. Fui incapaz de formar uma frase muito coerente, só gemi um "sim" e me deixei desabar na sua frente. Abaixei a cabeça e as lágrimas desceram com violência em gotas tão grossas que inundaram minhas bochechas. Cada parte do meu rosto que percorriam, deixavam uma quentura incômoda. Eu não queria chorar, no entanto lembrar no quanto fui enganado e no quanto amei alguém que não merecia... Uau, isso acaba comigo. — Eu não entendo como vocês suportam a traição, em Saturno nós exilamos o traidor.

Sua frase tinha como objetivo me confortar, entretanto apenas me causou mais desespero. A respiração ficou presa na garganta e o coração começou a doer tanto que achei estar tendo um ataque fulminante. Agarrei minha própria blusa e gemi mais uma vez. No ápice da minha dor, meses atrás, eu pensei em matar Himchan. Não matar literalmente, mas exilá-lo como uma memória ruim; queria apagá-lo de mim com uma borracha e fingir que nunca havia existido nada entre nós. Cada vez que olhava para as alianças na gaveta, sentia essa vontade de matá-lo em mim aumentar. Nunca consegui, de fato, tirar sua existência da minha vida por completo. O choro desesperador que me assola é a prova viva de que provavelmente nunca vou superar essa traição tão descarada.

The Colors of YooOnde histórias criam vida. Descubra agora