JUNG DAEHYUN
Sorvi um gole grande de água e respirei fundo em seguida. O plantão estava extremamente puxado. Até 11 horas da noite não havia ninguém na sala de espera, de repente a ventania do lado de fora aumentou e um turbilhão de pessoas estava tossindo lá na frente, esperando por um atendimento. Minha cabeça parecia pesar toneladas e meu nariz começava a incomodar... Não! Eu não posso ficar doente. Não agora. A neve mal começou a cair e estou um caco.
— Daehyun, quer dar uma pausa? — Jongup estava com a metade do corpo para dentro da minha sala e a outra metade esticada para o corredor. Olhei de relance para seu rosto e vi enormes olheiras saltadas, indicando o quão cansado estava.
Segui-o até a cafeteria em silêncio, absorto em meus próprios pensamentos. Pagamos pelas bebidas e sentamos em uma mesa vaga. O café esquentava minhas mãos e meu corpo todo a cada gole, causando um sentimento gostoso dentro de mim.
— Seu amigo me pediu desculpas. — Comentou Moon, como quem não quer nada.
— Amigo? Que ami... Ah sim, Youngjae. — Revirei os olhos e bebi mais um gole, saboreando o amargo. Seu sorriso abriu-se de um modo malicioso, me fazendo arregalar os olhos. — Se você acha que eu fiz algo com ele, está muito enganado. Deixa de ser babaca. Eu não sou esse tipo de pessoa.
— Não abri a minha boca, Jung. Vocês ficaram vários dias sozinhos, na sua casa. Você está solteiro faz um tempo. Enfim... Ele é bem bonito. E olha que eu sou hetero.
— Cala a boca! Está me chamando de abusador? Já disse que não sou esse tipo de pessoa. O meu assunto com Yoo Youngjae é bem mais sério do que essas besteiras que está bostejando. Pare com isso!
— Se você diz. — Encheu a boca com seu capuccino e sorriu irônico para mim, fervendo ainda mais o meu sangue.
...
— Vamos embora. — Essa foi a única frase que disse para Youngjae assim que entrei no quarto. Eu estava cansado e ainda não havia esquecido do "show" que ele e Yongguk haviam feito horas atrás. Mesmo negando, um sentimento estranho e incômodo me consumia por dentro. Eu já me sentia responsável por Yoo Youngjae, o alienígena, completamente. Ver que os dois são amigos foi como um soco no estômago. Podia ser ciúmes, assim como podia ser um grande exagero da minha parte. Caso Yongguk resolvesse se meter, o FBI não ficaria nada contente e meu plano seria destruído.
— Você está bem? Consegue dirigir? — A voz preocupada do outro me fez voltar a realidade. Estávamos lado a lado no meu carro, que eu nem percebera já estar ligado, e parados no estacionamento vazio. Há quanto tempo estávamos daquele jeito?
Suspirei um "sim" sôfrego e pisei no acelerador.
O caminho até minha casa foi silencioso, ao contrário de como o da ida até o hospital tinha sido. Não fiz questão de puxar assunto, muitos menos Youngjae. Parecíamos duas múmias sentadas no banco, os músculos repuxados e a respiração pesada.
Abri a porta de casa e corri até a cozinha, louco para comer. O alienígena me seguiu e sentou na bancada, observando todos os meus movimentos. Liguei o fogão e o forno, já cortando os temperos e a carne.
— Daehyun? — Sua voz me chamou com receio. Olhei-o de lado, esperando pela bomba: — Nós precisamos conversar...
— Tudo bem. Pode começar. — Fiz alguns gestos com a mão, sinalizando que estava ouvindo. Joguei um punhado de sal na panela e um cheiro delicioso tomou conta da cozinha, desconcertando Youngjae um pouquinho. Após um pigarreio, continuou:
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The Colors of Yoo
Fiksi Penggemar"Seguro a respiração, completamente sozinho num túnel profundo que engoliu toda a luz" Por conta de uma doença que lhe afeta o reconhecimento de cores e luz, o mundo do médico Jung Daehyun é - literalmente - descolorido. A chegada do alienígena Yoo...