Let the Spectrum in

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JUNG DAEHYUN

Fechei a porta do quarto e deixei aquele estranho curioso para trás. Era muito frustrante lidar com pacientes ansiosos ou "esquecidos". Eles sempre, uma hora ou outra, aprontavam algo. E com o meu cansaço, acho que não poderei fazer nada para impedi-lo.

Arrastei meus pés até a recepção, entregando a prancheta para a atendente. Encostei as costas no balcão e apertei meus olhos, recolocando os óculos em seguida; eles ardiam como fogo, implorando para serem fechados. Ugh, eu quero a minha cama!

Vasculhei por todos os bancos, procurando pela acompanhante de Yoo Youngjae. Nenhum sinal daquela louca; menos mal. Um problema a menos para mim.

— Pode chamar o enfermeiro Moon aqui, por favor? — Pedi para a simpática atendente, que no mesmo instante chamou-o no microfone interno do hospital. Menos de dois minutos depois, Jongup estava ao meu lado, pronto para fazer o que eu havia pedido. Eu, sinceramente, amo a disposição dele.

— Eu preciso tomar algum cuidado com o paciente? Ele é violento? — Indagou-me, com a bandeja de refeição já em mãos.

— Não, apenas curioso. Se ele continuar assim, terei que sedá-lo até o psicólogo chegar. Minha paciência não está muito grande hoje.

— Novidade... — Retrucou mal-educado, encostando o ombro esquerdo na parede para continuar a conversa. Abaixou o tom de voz consideravelmente. — Ele realmente quis se jogar?

— Ele afirma com todas as letras que não. Mas só poderemos ter certeza quando o doutor Bang chegar. Os métodos dele são eficazes para arrancar informações valiosas. — Brinquei me referindo ao último paciente que cuidamos e que resultou em confusão. Era um senhor de idade muito bondoso e paciente. Nos primeiros três dias que ficou aqui, foi diagnosticado com infecção de urina e depois teve um entupimento nas artérias. Todos amavam cuidar dele porque não reclamava de nada e nem de ninguém. Aceitava tomar os infinitos remédios e fazer os intermináveis exames em silêncio; sempre dizia que gostaria de morar no hospital porque era bem tratado.

Em apenas uma consulta com o doutor Bang, descobrimos que ele era um procurado da Interpol por contrabando de drogas para a Coreia e Japão. Foi um choque tão grande que ficamos sem saber o que fazer. No entanto o doutor Bang denunciou-o e poucos dias depois o senhor estava preso.

Todos indagamos como ele conseguiu arrancar aquilo do homem e a resposta do psicólogo foi "tenho meus métodos para arrancar informações valiosas". Desde então não perco as oportunidades para encher o saco dele até que perca a paciência. O que, de fato, demora muito.

— Preciso dar algum remédio para o paciente? — Continuou Jongup, me arrancando das lembranças pela segunda vez naquela noite.

— Por enquanto não. Meça a temperatura cada uma hora e cheque os batimentos cardíacos também. Qualquer coisa, sabe onde me encontrar. — Olhei para o relógio em meu pulso e suspirei de felicidade. Finalmente poderia ir embora.

Pisquei para o enfermeiro que abriu a porta e cumprimentou Yoo Youngjae animadamente. No caminho para minha sala, fui me despindo do jaleco e dos sapatos. Deixei-os jogados no chão da sala, sabendo que alguma faxineira logo viria os buscar. Peguei meu celular, carteira e chaves, deixando o estresse e o desânimo para trás.

Ainda estava escuro do lado de fora. A lua cheia não passava de um grande ponto cinza claro no meio do preto do céu. Destravei o carro e pulei dentro dele com animação.

The Colors of YooOnde histórias criam vida. Descubra agora