JUNG DAEHYUN
Eu não estava preparado para aquele abraço e ainda menos preparado para o quentinho que encheu meu coração.
Quando os braços longos de Youngjae me rodearam com força, eu fiquei estático por um momento, mentalmente me preparando para ficar zonzo ou talvez cair de vez duro no chão. Mas não... O que me surpreendeu foi não ter sentido nada de anormal, e sim sentido um enorme "ótimo" dento de mim. Uma satisfação estanha, misturada com um alívio grandioso.
Ok, nos primeiros cinco segundos senti como se estivesse nas nuvens, até uma forte sensação de dejavu me acometer e senti meu rosto esquentar. Quando nos beijamos foi exatamente assim que aconteceu: eu havia lhe dado algo e ele, feliz, fez algo por impulso. Na primeira vez foi um beijo inesperado e agora um abraço.
É impressão minha ou estamos decaindo?
E por que me incomodo tanto com isso?
Desde o nosso beijo não conseguimos conversar direito. Primeiro Kim Himchan surgiu do inferno para nos interromper, depois Choi Junhong apareceu com toda aquela história estranha de exames. Finalmente estávamos sozinhos e sem ninguém para interromper, e eu sentia que precisava tocar no assunto de novo. Eu necessitava tocar no assunto!
Youngjae se afastou depois de um tempo e aí sim senti uma leve vertigem, porém durou pouco. Algo passageiro e indolor.
Trocamos um sorriso acanhado, em silêncio, e eu ainda sentia todo o calor dele em mim. Era como se os seus braços ainda estivessem me rodeando e me apertando. Caímos ao mesmo tempo no sofá, jogando o corpo contra o couro gelado e fazendo um barulho alto por toda a sala. Após um suspiro Youngjae iniciou sua fala:
— Você... Dentro de você. — Ele começou com cuidado, parecendo escolher as palavras com atenção. Incentivei seu falatório com um tapinha amigável em suas costas. — Como é o nome da sua doença?
— Acromatopsia.
— Então, por um momento... Enquanto estávamos... Você sabe, juntos. — Achei engraçado como optou por não usar "abraçados" e dei uma alta risada, deixando-o constrangido. Controlei-me, ainda mantendo um sorriso nos lábios. — Eu consegui ver uma movimentação dentro de você.
— Uma movimentação?
— Sim! Antes era tudo estranho e parado, sem vida. Hoje... Hoje uma linha se mexeu. Eu senti!
— Isso é bom, não é? — Nem eu sabia ao certo; estava tão acostumado a ser "diferente" por não enxergar as cores corretamente que qualquer alteração me deixava desconfiado. Ele olhou para mim por uns segundos e acenou positivamente com a cabeça. Voltamos ao silêncio.
Não estava estranho ou desconfortável, pelo contrário, eu gostava de apreciar sua companhia sem necessitar de palavras.
Youngjae apertava o colar firme entre seus dedos, observando-o com atenção e medindo cada pedacinho do objeto. E eu o observava observar aquilo com grande interesse.
— O que pretende fazer com isso? — Deixei a pergunta voar antes que meu cérebro pudesse impedir.
— Vou tentar conversar com o meu pai e entender o que está acontecendo.
Seus olhos bonitos voltaram a me fitar e permanecemos nos encarando sem falar nada. Ou esboçar reação nenhuma.
Eu, sinceramente, me sentia afundando cada vez mais. Choi Junhong havia sido bem claro: "se tem algo que pertence à YoungJae, não devolva, guarde com você". E o que eu fiz? O mais correto a se fazer, óbvio: devolvi o colar ao dono.
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The Colors of Yoo
Fanfiction"Seguro a respiração, completamente sozinho num túnel profundo que engoliu toda a luz" Por conta de uma doença que lhe afeta o reconhecimento de cores e luz, o mundo do médico Jung Daehyun é - literalmente - descolorido. A chegada do alienígena Yoo...