That was quite a show

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YOO YOUNGJAE

Não o vejo há exatas 19 horas e 37 minutos. O nosso beijo aconteceu há 1 dia, 6 horas e 37 minutos. Por que estou contando tanto as horas e minutos? Eu não sei. Entre uma leitura e outra eu me pegava pensando nos lábios de Daehyun e nem podia controlar tais pensamentos pecaminosos. Foi algo tão bom, e que eu estava precisando tanto, que a cena se repetia diversas vezes em minha mente.

Em Saturno eu havia tido contato com várias bocas e vários tipos de beijo – afinal sou um príncipe e isso chama a atenção de todo mundo –, mas era sempre uma relação mais fria e sem muita emoção envolvida. Não que eu esteja falando sobre amor! Não, eu gosto do Daehyun, porém dizer que amo seria um grande exagero. O que mais me motivou a beijá-lo foi a sensação de felicidade que eu sentia dentro de mim. E por que estou pensando tanto sobre algo que combinamos que não significaria nada? Eu não sei também.

...

Quando ele chegou, um pouco antes do jantar, não conversamos muito. Foi diferente do que eu imaginei que seria, mas o clima não parecia tenso ou incômodo, só diferente.

Sentamos lado a lado no sofá, cada um com seus pensamentos e uma maçã vermelha na mão. Dessa vez não ligamos a televisão, deixando apenas o silêncio do cômodo e o mastigar da fruta. O vento balançava as árvores do lado de fora, fazendo com que algumas derrubassem folhas escuras no chão. Elas caiam com calma e leveza, apenas sendo controladas pela força do ar naquele momento; elas cairiam aonde ele quisesse e não podiam lutar contra. Era a natureza delas...

— Por que aquele seu amigo parecia tão irritado? — Indaguei de repente, o fazendo franzir a testa e arrumar os óculos. Ok, aquele assunto o deixava desconfortável.

— Ele sempre acha que eu tenho algo que o pertence.

— E você tem?

— Não, nunca tive nada dele. — Aquela frase pareceu ter um duplo sentido e me vi forçado a encerrar o papo porque seus olhos imploravam por isso. Assenti somente, voltando ao silêncio. Enfiei-me mais no sofá, sentindo os pelos arrepiarem com o leve frio que fazia. Logo a neve ia cair. E eu só sabia disso porque Daehyun havia me avisado quando trouxe roupas mais quentes e cheias de pano para mim há alguns dias. — Você não sentiu nada de estranho? — Perguntou o médico um tempo depois, concentrado nas sementes da maçã na palma de sua mão.

— Hm? Estranho? No quê? — Mordi um grande pedaço da fruta, concentrado em seu sabor doce e refrescante.

— Sabe, quando nos beijamos...

Engoli rapidamente o que mastigava e isso fez com que eu engasgasse. Comecei a tossir e rir ao mesmo tempo, sem saber o que responder. O médico bateu em minhas costas até que eu me acalmasse e, mesmo quando estava bem, ele manteve uma mão quente em meu ombro direito, apertando-o levemente.

— O que quer dizer com isso, Daehyun?

— Quando você me toca só consegue ver algumas linhas e nenhuma cor, não é? E quando me beijou, o que viu?

Eu não havia parado para pensar exatamente naquilo. Mesmo repetindo a cenas tantas vezes, alguns detalhes ainda me pareciam estranhos e eu preferia ignorar. Como quando nossos lábios se tocaram e eu senti algo se espalhar dentro de mim, como se estivesse escorrendo para fora do meu corpo e fugindo do meu ser. Uma parte de mim ficou incompleta quando nos beijamos, contudo ainda sim eu me senti completo. E cheio. Cheio do que?

— Eu não sei. Posso ter sentido algo diferente.

— Como assim?

Batidas na porta interromperam o começo de uma conversa – que poderia ser – desagradável. Daehyun no mesmo instante ficou estático, sua postura demonstrava a tensão que sentia. Um assobio baixo vinha lá de fora e isso fez com que suas mãos começassem a balançar ao lado do corpo.

The Colors of YooOnde histórias criam vida. Descubra agora