35 Velho amigo

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Oi pessoal como muitos de vocês não gostaram da ideia eu preferir não fazer, mas se quiserem eu faço basta me dizer; Esse capítulo é a continuação do 34 não vou abandonar a fic.

-Oi Moisés.
Eu corri para um abraço, já fazia anos dês do dia em que eu avia visto ele pela última vez e...

-Eu...
Ele começa dizendo e eu sorrio, ainda o abraçando. Eu não sabia o quanto eu tinha sentido saudades dele, não sabia o quanto eu avia reprimido esse sentimento todos esses anos.

-Eu também...
Ele se separa de mim e abre um sorriso constrangido eu observo suas bochechas ruborizada.

-Eu estou feliz por poder te ver depois do...

-Eu também.
Ele me olha com aqueles lindos olhos castanhos.

-Já que você conseguiu meu celular, por que demorou tanto tempo para me ligar?
Pergunto enquanto dou uma conferida em seu corpo, ele definitivamente avia mudado em questões físicas mas ainda parecia o mesmo garotinho que me ajudava a pular a janela do quarto de seu irmão.Meus sentimentos por ele nunca foram românticos, na verdade fomos muito amigos na adolescência e até 2014 ainda éramos próximos.

-Eu não tinha certeza da cara de pau do meu irmão.

-Então ele continua o mesmo?
Pergunto me sentando na cama e aponto para que ele se sentasse também.

-Algumas coisas não mudaram nunca Jean.

-Você definitivamente não é uma delas.
Sorrio para ele, ele estava aparentemente nervoso já que não para de enrolar um de seus muitos cachos.

-Não começa.
Ele sorri para mim.

-Eu só estou comentando um fato.

-Sei... Você e o meu irmão sempre me zoava por ficar sem graça com as suas brincadeiras.

-Me desculpa, eu não era muito legal nessa época, seu irmão ainda me influenciava. Você sempre foi um doce comigo apesar de tudo o que aconteceu.

-No fundo eu torcia que você colocaria juízo na cabeça do meu irmão.

-É...
Eu e ele conversamos mais sobre isso, depois ele começou a falar sobre a vida dele:

-E então, como vão seus pais?

-Eu não tenho a mínima ideia.

-O quê?!
Eu vejo começar a rir.

-O que é tão engraçado?
Pergunto cruzando meus braços e fazendo cara de sério.

-Você está sendo você mesmo.

- Quê?! O que você tá arrumando meu filho?! Eu sempre sou eu mesmo, eu em!
Ele continua a rir e aquilo começa a me tirar um pouquinho do sério.

-Continua o mesmo escandaloso de sempre.

-Ei!
Eu dou um tapa em seu braço e ele volta a rir.

- Deixa eu te explicar a parada de eu não ter notícias do meus pais. Ao contrário do meu irmãozinho covarde, eu não quis viver mais com os meus pais tóxicos. Meu irmão até conseguia fazer o papel dele de filhinho perfeito mas eu cheguei em um ponto que me cansei.

-Nossa.

-Eles me perguntaram o porque de eu estar indo embora e quando eu disse eles nem se que reclamaram, na verdade me disseram que eu já não era mas o filho deles.

- E o que você disse?
Eu realmente tava curioso, eu sei que era para eu estar preocupado com o que tínhamos falado no telefone mas... eu acho que têm tempo de eu ouvir umas fofocas dele e de sua família.

- Eu disse que não ficaria na mesma casa de duas pessoas que preferem apoiar a morte de seu próprio filho do que ele ser gay.

-Caramba.
Confesso que eu tava meio surpreso, sabia que os pais deles eram preconceituosos mas nunca imaginei que falariam isso para um filho.

-Não falei só isso, disse também que eles eram dois hipócritas que pregam o amor mas que se não está dentro do que eles acham certo não pode amar. Diziam que somente Deus poderia julgar mas não hesitava em serem os primeiros a condenar alguém por suas falhas. Diziam que o amor do senhor é por todos mas se você for homossexual irá diretamente para o inferno, apesar de terem me criado para não cometer pecados... Não fizeram questão de me dar um bom exemplo.

-Uou.

- Sabe Jean...-ele solta um suspiro e vejo seu rosto se entristecer- Meus pais sempre tiveram orgulho de mim apenas nos acertos, se eu pisasse na bola eles me julgariam, colocariam a culpa totalmente em mim. Sempre ouvi deles comentários que me entristeciam ou até me causavam repulsa, eu... eu tinha medo de decepcionar, de não ser o filho que eles tinham tanto "orgulho"... Eu tinha medo de não me encaixar na minha própria família.
Eu percebo seus olhos se encherem de lágrimas.

-Eu sinto muito por tudo o que você passou.
Digo tentando confortar.

- Eu nunca fui o tipo de cara que se encaixava como filho do pastor, chegou em um determinado momento em que eu só queria ser a "ovelha negra" porque não suportava a pressão de não ser bom o suficiente. Não tenho raiva pela bíblia, nem por todos os que a seguem, só não concordo com o modo que podem alguns serem tão hipócritas como meus pais.

- Você não merecia passar por isso, e eu acho que entendo o que você quer dizer.
Eu seguro sua mão.

- Sabe... apesar de eu saber a dor e a decepção que causei em meus pais, eu não posso dizer que eu me arrependo, afinal depois de anos com aquelas mentiras finalmente podi dormir em paz aquela noite. Se eles ficaram tão ofendidos é porque sabiam que eu estava certo.
Ele sorri limpando as lágrimas, ele se deita na cama e eu também, eu e ele ficamos um na frente do outro.

-Me lembro de como seus pais eram rígidos, me proibiram de ver seu irmão e você.

-Por sorte eu era teimoso e não desisti da nossa amizade.
Ele sorri e eu também.

-O que seu irmão disse?... Quando você saiu de casa?

-Que era maluco, que eu iria me arrepender, que agora eu era uma vergonha para ele e para nossos pais. Meus pais conseguiram virar meu próprio irmão contra mim.

- Agora eu tenho a plena certeza que seu irmão não bate bem da cabeça.

-Você tinha alguma dúvida?
Ele me pergunta rindo e eu acabo rindo junto com ele.

-Chega de falar de mim, vamos falar de você, como vai a sua família Jean?

-Vai bem.

-Tá namorando?

-Acho que eu não quero falar nesse assunto.

-ok, desculpa.

-Que tal você me explicar o que o maluco do seu irmão quer.

-Ele deu um ataque de culpa e quer contar tudo a polícia, envolvendo a gente.

-Ele tá maluco?

-Provavelmente, mas isso parece ser  coisa dos meus pais.

-Droga!

Notas da autora
Gente eu não pretendo ofender ninguém com esse capítulo, não quero causa raiva em ninguém por causa do capítulo mas ele é importante para história. Aviso que vocês logo vão saber o que aconteceu no dia marcado no envelope.

Amizade? [2temporada]Onde histórias criam vida. Descubra agora