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COLE POV'S

Quatro dias dormindo, quatro dias de nada. O pânico expele todos os pensamentos e dores remanescentes subindo pelas minhas veias como água gelada. 

Quantos não morreram enquanto estive preso dentro da minha própria cabeça? 

Me olho no espelho e estudo meu rosto. Não o reconheço. Estou todo de preto. 

Meu pai quer me acompanhar mas não deixo, tenho que fazer isso sozinho. Toda vez que me viro vejo seus olhos preocupados, de um pai que quis começar a ser pai depois que seu filho já tinha 17 anos. 

Quando chego vejo Cadence, na frente, ela segura a mão da Tess. Todos choram, até Evelyn e algumas meninas do time de futebol. 

Elas iam até aquele altar dizendo lindas mentiras, e falavam sobre a falta que ela faz.

Só consigo pensar como ela pode fazer isso comigo, eu amava aquela garota mais do que eu mesmo e agora eu estava sozinho. De novo.

Algo arranha meu pulso, e me dou conta que sou eu, eu estou me arranhando em meio a minha desolação, criando uma dor física para mascarar a agonia dentro de mim.

Algumas pessoas começam a ir embora, e alguém agarra meu braço, é cami, ela veio.

- eu sinto muito - ela me abraça - sei como amava aquela garota - sua voz é abafada - preciso ir, mas te ligo depois - talvez esteja na hora de fazermos as pazes de vez. 

Cadence que identificou o corpo oficialmente. Me sinto fraco por não ter feito isso por ela, ela não merecia ter de olhar para o corpo morta da própria irmã. 

Ando até ela e Tess. A  pequena Lili  mantém os olhos vermelhos fixos em mim, me abraça e me aperta como se nunca mais fosse soltar. Ela chora e soluça no meu peito enquanto eu afago sua cabeça. 

- você nunca pode me deixar como ela fez - ela fala com voz rouca

- eu não vou, pequena

- ela te amava, de verdade 

- eu também amava ela 

- porque? - ela olha para mim, com o queixo no meu peito 

- é o que eu me pergunto todos os dias 

- vem Tess, vamos - Cadence chama ela e a  mesma sai dos meus braços

- você vai voltar para Nova York? 

- não, vou ficar aqui e cuidar de você - ela tenta um sorriso fraco 

- obrigada - ela sussurra e se vira para mim - eu tenho que ir 

- eu vou cuidar de você, gatinha, eu não vou a lugar algum - ela me abraça 

- não é justo - ela volta a chorar 

- eu sei que não 

- ela  nunca se despediu 

- eu sei, eu sei 

- não me abandona, por favor 

- nunca, gatinha, nunca, você pode me ligar sempre que quiser

- vamos logo Tess - ela me abraça mais forte antes de me dar tchau - obrigada por tudo que fez pelas minhas meninas

- elas eram minhas meninas também 

As duas vão embora, Tess acena para mim antes de entrar no carro preto. Eu sou o último ali, e quando me viro, vejo que estava errado. 

- mãe? 

- Cole, querido - mal consigo ouvir a voz dela, e meu nome vacila em seus lábios 

Depois de um abraço que não dura o bastante ela me faz sentar em um banco da igreja. As mãos dela alusão minhas roupas, tateando as feridas como se pudesse vê-las através do pano. 

- porque voltou? - pergunto depois de um longo silêncio

- seu pai me ligou 

- e você decidiu que queria vir ao enterro da namorada morta do seu filho? 

- cole, por favor - ela tenta me acalmar mas minha voz é alta e lágrimas quente escorrem do meu rosto 

- estou surpreso que você ainda saiba meu nome - os olhos dela se enchem de lágrimas - esperava o que? Que eu perguntasse como foi na Europa, você me deixou aqui, sozinho, não sabe de nada o que eu passei 

- eu sinto muito 

- ultimamente as pessoas estão dizendo muito isso para mim, mas você é a com mais motivos

- você tem que me ouvir 

- fala então, mãe, se explica, qual motivo era tão bom para que você fosse embora? - minha voz é firme apesar do choro 

- eu te quero de volta - sua voz é baixa

- eu quero muitas coisas de volta mãe, começando pela minha namorada, que se matou - as palavras mal saem da minha boca 

- ah, Cole, me deixe ser sua mãe, sabe que eu nunca deixei de te amar, querido - e então ela me abraça, e eu deixo, deixo porque sou fraco. 

Minha mãe vai para um hotel passar a noite e eu volto para casa. Quando chego Dylan e meu pai me esperam, e remexo meu jantar em silêncio. 

Antes que comecem a falar da Lili e do egoísmo que é cometer suicídio, tirar a própria vida, sendo que milhares tem as suas arrancadas e não podem escolher - que desperdício e que coisa mais idiota de se fazer -, saio da mesa e vou para o quarto.

Meu pai ameaça levantar mas Dylan coloca a mão sobre a sua. 

- deixa pai, ele deve querer ficar sozinho 

E então subo em silêncio, fecho e tranco a porta do quarto. Meus lençóis foram trocados, e agora não existe nenhum vestígio do cheiro dela. 

Me deito na cama e olho para o teto. 

Odeio como fui deixado

Queria poder ter te salvado de toda essa agonia

Meu maior desejo era ter sido o suficiente.

Porque agora sei que nada disso importa mais.

Queria ter mudado tudo.

Eu deveria ter feito alguma coisa.

Nunca vou conseguir parar de me culpar.

Você era a única que nunca queria que me deixasse.

Da próxima vez que eu olhar as estrelas, espero te ver .

Vou fazer tudo por Tess, até meus últimos dias.

Você foi a melhor parte de mim .

Queria que você ainda estivesse do meu lado quando eu acordasse.

Eu amo você. 

Sinto Muito.

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gnt mil desculpas pelo sumiço, mas agr eu tô de férias ent nn vou mais sumir, temos ainda + 1 Cap e o epílogo e as notas da autora, vulgo eu, mto obrigada por tudo desde já, amo mto vcs

my dear secret - sprousehart [ CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora