VI

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Entendam, eu não estou preso aqui com vocês, vocês estão presos aqui comigo.
Rorschach. Watchmen

Eu não sabia se estava sonhando com facas, sangue e olhos castanhos

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Eu não sabia se estava sonhando com facas, sangue e olhos castanhos. Mas quando acordei, me sobressaltei ao me dar conta de onde estava. Tinha certeza que só tinha tirado um breve cochilo, no entanto, ao olhar para a janela vi que o início do dia já brilhava lá fora.

— Não é um sonho — disse baixinho, um pouco decepcionada.

Estava cansada demais e precisava daquele casto sossego para procurar outro emprego, em outra boate. Já que aqueles homens tinham proporcionado a minha demissão e provavelmente arruinado toda a minha vida e meus planos com isso. Trabalhar naquela boate não era de todo ruim, não tinha que dormir com ninguém, ninguém me tocava durante os shows, e de quebra, ainda ganhava bem. Seria difícil encontrar outro emprego onde ganhasse uma grana tão boa só tendo que dançar.

Algo vibrou ao meu lado, me distraindo dos meus pensamentos e me trazendo de volta para o real. Protestei amargamente e arrastei minha mão sobre a cama king size que residia naquele quarto. Quando senti o aparelho, o peguei e atendi, sem olhar para a tela para saber quem me incomodava.

Minha voz sonolenta soou fraca e rouca quando falei:

— Alô? — Testei a conexão, bocejando exageradamente.

— Ellie. — Uma voz familiar disse do outro lado da linha.

Assim que o ouvi, meus olhos se abriram completamente e estava mais acordada do que nunca. Por que eu não conferi o nome do contato? Roman. Provavelmente estava pagando por todos os meus pecados em menos de vinte e quatro horas, e agora, um dos meus maiores pesadelos, um dos meus carcereiros, me ligava com esse tom preocupado, como se divinamente se importasse com algo.

— Meu Deus, você está bem? O que aconteceu que não atende as minhas ligações? Fui no seu apartamento e não te encontrei...

— Roman — o chamei, buscando por atenção. — Calma, uma pergunta de cada vez — completei.

— Desculpe. Eu só estou preocupado com você. Faz dias que não a vejo no trabalho. Onde você está?

Respirei fundo, me levantando, pronta para uma boa desculpa para respondê-lo. Eu deveria lhe dizer verdades que estavam entaladas em minha garganta, mas tinha herdado uma paciência quase infinita se tratando daquele homem. Não era normal um ex namorado ligar logo cedo para questionar o que eu fazia e saber onde estava. Todavia se tratando de um cara como ele, tudo era possível, principalmente na hora de fazer coisas que eu odiava.

— Eu tirei umas férias — respondi vagamente, não querendo que soubesse da minha vida.

Roman não era meu amigo, tampouco meu inimigo, ele era só mais alguém que respeitava. Nossa relação não foi de todo o ruim, porém, o que mais me incomodou nela foi o fato dele não perceber os seus problemas. Em sua visão ele era perfeito para mandar e desmandar, e eu, somente deveria aceitar as suas escolhas. O que não aconteceu e acabou resultando no nosso término. Entretanto, com o seu jeito mandão, Roman não quis o ponto final da nossa história, e até hoje insiste que ela deveria se tornar um conto de fadas com um "felizes para sempre" e, por isso, ele continua a me ligar tantas vezes.

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