19. Fantasmas do passado

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Zendaya tomou fôlego, na esperança de que o oxigênio em suas veias fosse enchê-la de coragem para começar a falar. Enquanto isso, Tom se ajeitou nas almofadas, colocando se um pouco mais sentado e segurou as duas mãos da garota, apertando com um pouco mais de força em sinal de apoio.

- Hey, você não precisa fazer isso se não quiser. Ta tudo bem, ok? -

- Eu sei... e eu quero - ela levantou o olhar, encontrando um par de olhos cautelosos a admirando. - só preciso pensar nas palavras certas pra começar -

- Tudo bem, leve o tempo que precisar - Tom ofereceu um sorriso cálido e puxou delicadamente as mãos da menina em direção ao seu rosto, depositando ali um beijo suave e caloroso. A garota sorriu em reação encarando suas mãos unidas.

- Eu costumava ser uma garota romântica e bem aberta sobre meus sentimentos... - começou, ainda com o olhar baixo, sem encarar o moreno nos olhos. - eu lia aquelas histórias de romances em livros, e acreditava que se eu quisesse, se eu lutasse como as protagonistas lutam, eu podia ter meu final feliz. - levantou os olhos por um momento, procurando nos de Tom por algum resquício de reprovação, mas encontrou apena compreensão e empatia no lugar. Sendo assim, voltou a encarar as mãos e deu continuidade a sua história:

- Quando eu tinha mais ou menos uns 13 anos, conheci o Travis. Na época eu estava entrando na Disney, e nós dois fomos selecionados pra fazer uma série lá. A amizade foi instantânea, só que eu, com 13 quase 14 anos, era boba e inocente. Óbvio que eu tive um crush no Travis assim que a gente se conheceu, todas as garotas no mundo tinham e elas nem se quer passavam todas as tardes batendo texto e gravando cenas engraçadas com ele. Mas eu acreditava que ele não sentia nada por mim. Então os anos foram passando, nós nos tornamos cada vez mais amigos, nossos corpos mudaram, ele acabou ficando mais bonito e eu tbm tava me sentindo mais bonita sabe - Zendaya fez uma pausa para observar as reações de Tom. Até então ele reagia bem, o ciúmes começava a dar sinais em sua mandíbula travada. Talvez pela forma como Zendaya se referia ao passado com um certo carinho nostálgico. Mas ela não tinha culpa. As tragédias não apagam as lembranças boas, e Travis tinha sido uma grande parte, uma bem importante de sua adolescência. Algo que ela nunca poderia esquecer. Cabia a Tom apenas entender e aceitar isso se quisesse tê-la por inteiro, com todos os traumas, como ele mesmo havia dito um tempo atrás.

Zendaya pigarreou, levando a mão fechada em punho a boca e voltou a falar em seguida.

- meio que com o tempo e a puberdade a gente foi vendo que se gostava de outra maneira. Quer dizer, eu sempre gostei dele, mas ele não sabia né. E agora que eu estava mais velha ele finalmente tinha me notado. E ai a gente começou a namorar. - passou a mão pelos cabelos, torcendo a ponta dos cachos, a garota estava tentando relaxar. Mas estava nervosa de contar tudo aquilo para Tom e ele percebia seu nervosismo. Sentou se frete a ela, com as pernas cruzadas e ofereceu

- Quer que eu pegue um copo de água? -

A atriz soltou os ombros, sentindo que um peso saia deles junto com a tensão do ambiente e expirou todo o ar de seus pulmões - Quero, por favor -

Tom se levantou e foi até a cozinha, sem pressa nenhuma pegou um copo no armário e a garrafa com água na geladeira, encheu o recipiente e tomou um bom gole, apoiando o copo na ilha e respirando fundo de olhos fechados. Tom temia que não estivesse preparado para ouvir Zendaya falar de outro homem na vida dela, ainda mais daquele que ele sabia que tinha traído sua confiança. E vê-la lembrar da história deles com carinho o fazia sentir repulsa, raiva, ciúme. Mas ele não queria fazer uma cena. Ele NÃO PODIA fazer uma cena.
Ele sabia o quanto estava sendo difícil pra ela se abrir, e mais ainda, quanto tempo demorou pra que ela tivesse confiança suficiente pra lhe contar sobre isso. Ele não estragaria tudo fazendo uma cena de ciúme. Neste momento os únicos sentimentos que importavam eram os de Zendaya e não os dele. E sua obrigação era fazê-la se sentir segura e amada durante esse processo. Portanto, Thomas respirou fundo. Encheu o copo de água mais uma vez, guardou a garrafa d'água na geladeira e voltou a sala. Estendeu o copo à Daya que o pegou tomando um largo gole, quase matando o conteúdo de uma só vez. E em seguida sentou se novamente ao lado dela no forte em meio aos edredons que a essa altura ja estavam revirados.

CHERRY • TOMDAYA  [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora