Sonho e decisão

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Changbin respirou fundo, o pulso acelerado, mas depois se arrependeu disso. Abaixado ao lado de um dos grandes cavalos no meio do estábulo era normal que o cheiro ali não fosse dos mais agradáveis. Piscou os olhos várias vezes tentando focar lá fora mesmo que estivesse escuro demais para enxergar alguma coisa.

O barulho de carro já havia parado e isso poderia indicar que a barra já estava limpa e ele podia pular aquele limite feito de madeira e correr dali o mais rápido possível.

Sabia que estar ali desde o começo era arriscado demais, porém não podia negar que, mesmo passando tanta adrenalina em sua corrente sanguínea e o deixando apavorado, o sorriso de felicidade custava em desaparecer de seu rosto.

Estava perdido em devaneios quando viu uma luzinha na escuridão. Estreitou os olhos e viu a mesma luz vacilar duas vezes. Era uma lanterna. Aquele era o sinal. Deu duas batidinhas amigáveis no cavalo ao seu lado, que fora ótimo e não tinha bancado o x9, e saiu se esgueirando para que os serviçais que ainda transitavam não o vissem.

Conhecia bem a residência dos Lee já que passara tanto tempo sendo algo como uma dama de companhia para o pequeno filho único deles, Lee Felix.

— Por que demorou tanto? – O citado garoto reclamou em um sussurro gritado, se é que isso é possível.

Estavam entre o muro limite da propriedade dos Lee e uma árvore dentro do terreno, que usavam de esconderijo.

Felix passou as mãos pelos fios desgrenhados e soltou o ar que parecia ter prendido no momento em que ouviu que seu pai estava chegando. Nem mesmo ele esperava que o homem retornasse tão antes do previsto.

O Seo sorriu e levou as mãos ao rosto do loiro. Fez um carinho.

— Não se preocupe. Deu tudo certo.

O outro fez um biquinho que Changbin considerou a coisa mais fofa que já vira.

— Eu espero que dê tudo certo mesmo porque eu nunca passei tanto nervoso na minha vida! – Começou a alterar o tom de voz – Você consegue imaginar como eu estou...

Um selar terno fez com que as reclamações cessassem. Changbin afastou-se para ver qual tipo de vermelho pintaria as sardas do parceiro daquela vez. Sorriu.

— Eu faria de novo e novo se fosse para ver esse seu sorriso.

E pulou o muro, usando a árvore como apoio e vendo Felix sorrir mais uma vez.

E então o sonho foi interrompido pelo despertador de Changbin.

O garoto puxou o cobertor para cobrir o rosto na tentativa de amenizar o som, mas nem mesmo abafado deixava de ser irritante. Era sábado e ele esquecera de desligar o alarme.

Alcançou o celular na cômoda ao lado de sua cama e desligou, porém, suspirou desapontado consigo mesmo. Uma vez acordado não iria conseguir dormir de novo.

Então o sonho lhe ocorreu. De todos os que tinha com o garoto, que agora tinha ganhado vida e estava em sua classe na escola, aquele era o que mais se repetia. E, uau, ele beijava Felix naquele sonho, mas nunca entendia do que estava fugindo ou o porquê de estarem se escondendo.

Fazia pouco mais de uma semana desde que o garoto chegara em sua sala e já não era mais tratado como novato, apesar de ter mais amizades fora de sua classe do que na mesma. Os sonhos tinham se intensificado, como um detector de algo que, perto do que se procura, apita com mais rapidez.

Aquela analogia o fazia pensar que não eram apenas coincidências de fato.

Levantou da cama depois de muito pensar e seguiu para a janela, mas se conteve quando fez menção de abrir a cortina e enxergou algo no mínimo estranho acontecendo na frente de sua casa.

Beyond The Visions [changlix]Onde histórias criam vida. Descubra agora