Jihyo e karaokê

946 141 32
                                    

Changbin tremia de frio. Pudera. A chuva caía feroz e o pequeno telhado do portão de uma casa qualquer não iria adiantar muita coisa.

O garoto não sabia exatamente como tinha chegado ali. Claro, reconhecia o caminho, não era totalmente desconhecido, porém não era um lugar onde ele costumava passar com frequência. Abriu a sacola com os legumes que sua mãe havia pedido, motivo de ele ter saído de casa, e conferiu se estavam todos ali, já que havia escorregado ao correr para o abrigo do pequeno telhado.

Andava no mundo da lua desde que se encontrara com aquela madame esquisita por culpa de Minho e Jisung. Não que acreditasse nessas coisas, entretanto não era totalmente descrente. Como quando sabemos que algo é praticamente impossível, mas aquela chama de esperança continua acesa lá no fundo, mesmo que escolhamos ignorá-la.

O ser humano é realmente dessa forma. Por mais que faça escolhas e tenha seu livre arbítrio, existe a tendência que impulsiona a algo. Changbin acreditava que aquela mesma tendência o fizera chegar ali enquanto caminhava perdido em seus pensamentos. Ele sempre acabava ali quando precisava pensar, muitas das vezes inconscientemente. Para ser sincero, ele não queria pensar muito naquilo tudo. Queria apenas aproveitar a sensação boa que Felix trazia para si toda vez que sorria, mas sabia que aquilo era um pedido grande demais.

Os sonhos não lhe deixavam e aquele estranho acontecimento da última vez, do desmaio, o assustava um pouco. Não queria pensar também que a qualquer momento aquela garota de seu sonho poderia aparecer, achava improvável que duas figuras que ele sonhou brotassem do chão em sua sala de aula no mesmo ano, mas toda vez que fechava os olhos podia imaginar a cena perfeita. Isso piorou quando Jisung disse para ele casualmente que tinha lido em algum lugar algo como o nosso cérebro não criar pessoas do nada, já tínhamos visto aquelas feições ao menos uma vez.

Sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao soprar o vento. Puxou o capuz do casaco molhado e decidiu que correria para casa, a chuva um pouco menos agressiva. Foi recebido por sua mãe ao pé da porta, parecia preocupada olhando o caminho pelo qual ele viria. Precavida, jogou a toalha que já segurava sobre o filho e pediu que tirasse logo aquelas roupas para tomar um chá quente.

— O tempo mudou tão rápido essa semana – Ela comentou enquanto servia uma xícara para si - É uma pena. Eu queria tanto usar meus vestidos floridos - Pareceu de fato triste ao apoiar o queixo em uma das mãos.

O Seo não conseguiu evitar rir. Sua mãe era uma figura mesmo. Praticamente tudo que ela tinha era florido por isso aquela sentença soava tão engraçada vindo dela. A mulher sorriu serenamente para o filho.

— Você anda mais distraído que o normal, Binnie - Afirmou, os olhos preocupados - Tem algo te incomodando?

Changbin a encarou. Os olhos persuasivos e que esbanjavam carinho poderia fazer ele contar tudo, os sonhos, o garoto, todos aqueles acontecimentos bizarros... Entretanto sabia que não podia. Só a preocuparia mais e, por mais que ela fosse sua mãe, não poderia fazer muito por ele. Sorriu sincero e buscou a mão dela sobre a mesa que estavam sentados.

— Não se preocupe, mãe. Está tudo sob controle.

Então ela soltou a mão que ele segurara e bateu de leve em seu braço, fazendo-o rir. Talvez as coisas não estivessem realmente sob controle, mas ficariam. Faria de tudo para que ficassem.

No outro dia, não pôde faltar aula mesmo que insistisse estar com tanta dor de cabeça que não conseguiria enxergar dois dedos que fossem colocados diante do seu rosto. Chegou à sua sala de aula e foi surpreendido por seus amigos, que os arrastaram para a sala da diretoria.

— Por favor, Jeonggie – Chaeyoung, a aluna exemplar, tentava sem sucesso convencer o secretário do diretor a lhe deixar ver a lista dos alunos que ainda estavam na instituição ou quem sabe nos anuários dos anos anteriores.

Beyond The Visions [changlix]Onde histórias criam vida. Descubra agora