O ano era algum que Changbin não ligava. A data também não era importante, a estação do ano muito menos. Porém a última ainda era a coisa mais relevante, já que o frio que sentia fazia com que soubesse automaticamente que o inverno ainda não tinha acabado.
Enfiou os pés em uma pantufa desgastada e desbotada a fim de não sentir aquele choque irritante percorrer seu corpo quando as temperaturas diferentes se encontrassem. Seguiu para o pequeno banheiro de sua casa arrastando as pernas como se pesassem toneladas, suspirou e encarou o espelho. As olheiras e a barba por fazer o incomodavam mesmo que ele nunca tivesse sido tão vaidoso, contudo se lembrava que Felix costumava reclamar que arranhava e, entre risadas, diria que não o beijaria até que seu rosto estivesse liso de novo.
Soltou o ar pelo nariz, uma espécie de risada contida com a lembrança que o atingiu em cheio e fez seu peito encher de nostalgia. Gostava daquele sentimento na mesma medida que o repudiava. Não sabia se a palavra certa era paradoxo, porém ficava satisfeito em pensar daquela forma, o fazia ver as coisas por uma perspectiva diferente.
Se apressou em fazer sua higiene e descer as escadas do sobrado, apressado. Passou pela padaria, onde a atendente já sabia seu pedido e já o deixara no balcão, prevendo que estaria atrasado já que aquilo era um fato recorrente. Com um sorriso, largou umas moedas no móvel de vidro e continuou com os passos largos para o mercado de frutos do mar, onde finalmente conseguira um trabalho depois de meses se contentando com os poucos raios de sol que invadiam sua janela.
— Chegou a margarida! – Um dos rapazes sorriu para o Seo ao lhe passar a típica roupa branca de uma espécie de plástico que usavam como uniforme – Achei que não viria hoje. De novo – Acrescentou em um tom brincalhão.
— E eu poderia? – Riu – O chefe ainda não me dispensou por pura pena. Talvez ele ache que eu posso me tornar um viciado ou pior.
E riram mais um pouco para cortar o clima pesado que ficaria se não o fizessem. Afinal, os dois sabiam que aquela hipótese jogada de forma tão inocente pelo recém chegado não era de todo apenas uma brincadeira.
Conforme o dia foi passando, Changbin atendeu pessoas de todas as idades e sorriu para uma senhora, que parecia turista, ao ouvir dela que ele era muito bonito para trabalhar em um lugar que cheirava como aquele. Divertiram-se quando outro colega de trabalho indagou sobre sua própria aparência e a mulher torceu o nariz involuntariamente, se desculpando logo depois.
Chan estava certo quando dissera que estar em contato com mais pessoas ajudaria o amigo a superar sua perda. Não que automaticamente tornasse fácil, mas acabava por transformar em algo mais humanamente possível.
Quando seu expediente estava próximo do fim, sentiu o aparelho celular vibrar no bolso assim que trocou de roupa, percebendo que havia esquecido o dispositivo móvel ali. Secou as mãos recém lavadas na própria camiseta e atendeu o celular, checando o nome do citado amigo no visor.
— Não morre mais, senhor Bang – Brincou.
— Ih, tá me agourando? – Escutou a voz do amigo de fundo e então uma risada conhecida mais perto - Binnie, estamos em Jeju! Vamos a uma cafeteria agora. O que acha de-
— Acho que vou passar, Chae – Se dirigiu a Chaeyoung, que tinha ligado pelo celular do namorado - Estou cansado, hoje foi bem movimentado por aqui.
— Quem disse que isso foi um convite? – A voz distante de Chan se tornou mais próxima e Changbin pôde ouvir um suspiro de reprovação da garota – Foi uma intimação – Riu – Ah, vamos lá, Binnie – Era Chaeyoung novamente – Nós quase nunca conseguimos sair de Seul e quando finalmente podemos nos encontrar, você vai dizer que não?
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Beyond The Visions [changlix]
FanficSeo Changbin tinha visões do futuro desde que se entendia por gente e, até então, não sabia como as coisas poderiam ficar mais estranhas que isso. Tudo mudou quando percebeu que o garoto novo que chegara em sua classe era o mesmo garoto que via em s...