Capítulo 12 - Se descobrindo

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E Agora? - Capítulo 12


"Pode contar sua versão se quiser, Camus".

"Oi?"

"Estou dizendo que você pode contar sua versão dos fatos, se quiser."

"Por que vai me deixar contar, Milo?"

"Ah! Sei lá, acho que é porque eu quero saber o que você estava pensando naquele momento, quero saber o que você sentiu."

"Milo, você é a pessoa mais cara de pau que eu conheço!"

"Euuuuuuu? Que maldade, Camus, por que diz isso?"

"Você só quer que eu conte minha versão da história porque a pizza chegou!"

"Hahaha! Foi você quem pediu a pizza, Camus".

"Cara de pau... tudo bem, eu começo, mas deixe pizza pra mim."

Deixe eu ver onde estávamos... ah sim, você me deixou arrasado na praça, eu tive que vir pra casa, mas tinha que me acalmar antes, meu pai não poderia nem sonhar que eu estava chorando, e muito menos o motivo do meu choro.

Eu achei que tivesse perdido o Milo pra sempre, achei que nem meu amigo ele iria querer ser mais e isso doía muito...

"Boxa, Camus, bocê vai doltar a essa barte?"

"Milo, não fale de boca cheia, é feio! E sim, eu vou voltar a esta parte, se me cortar novamente eu volto até a parte do cinema!"

"... poxa, Camus... tá bom, tá bom, não te corto mais".

Como eu estava dizendo, eu tinha que me controlar para não chegar em casa chorando e ter que passar pelo interrogatório do meu pai, principalmente porque se eu dissesse o motivo do meu choro eu ia levar mais uma surra.

Ok! Meu pai falou que ia mudar, mas saber que eu fui ao cinema para um encontro com um rapaz estranho que eu conheci pela internet, e lá fui flagrado pelo cara que eu gosto, e que esse cara me deu o fora, seria um pouco demais para ele naquele momento.

Controlando minha respiração, tentei ao máximo me acalmar. Sequei minhas lagrimas, pensei em ir para a casa da Hilda, mas lembrei de que ela me deixou no shopping porque tinha um encontro com o Sieg.

Fui até a fonte da praça e lavei meu rosto na água fria, eu tentava não me lembrar de Milo, lembrar de que ele fugiu quando eu assumi para ele minha condição sexual.

Morando na minha casa e sendo filho do meu pai, uma das coisas que eu aprendi foi esconder minhas mágoas, meus sentimentos, e, mais uma vez, eu consegui.

Quando cheguei em casa, meu pai estava se arrumando para sair.

— Finalmente, Camus! Preciso ir ao consulado, tenho uma emergência lá. O Hyoga já está dormindo, e eu só estava esperando você chegar. - Meu pai falava enquanto se arrumava, colocando um terno e uma gravata, acho que algum figurão estava chegando ou algo assim, - Está com fome? Tem comida pronta, não se preocupe, eu pedi no restaurante. – Papai acrescentou quando viu minha cara.

— Não, pai, eu não estou com fome, vou estudar um pouco. – Respondi com a voz controlada.

— Tem alguma prova para a segunda? Porque se tem e foi ao cinema, isso foi muito errado. – Meu pai começou a reclamar do jeito dele. Francamente, eu não estava com disposição para aquilo, não naquele momento.

— Não, pai, eu não tenho nenhuma prova, só vou ficar no meu quarto estudando, lendo um pouco, revisando as matérias. – Respondi com voz fleumática e subi para o meu quarto.

E Agora?Onde histórias criam vida. Descubra agora