E Agora? - Capítulo 5
"Voltei!
Será que consigo contar minha história sem o Camus me cortar? Não sei, mas vou tentar!."
Eu estava de volta ao colégio e já passara dois meses desde o acidente, eu tava usando boné por causa da cicatriz na cabeça, sei que eu era popular, mas digamos que na minha volta eu parecia um astro de cinema, todo mundo queria me ver ou falar comigo. Era legal isso, as meninas ficavam me dando bola, acho que finalmente deixaria de ser BV.
O Camus é que estava estranho, não sei explicar ele vivia tenso, parece que nunca relaxava. O que será que houve com ele?
Nunca vou saber, o Camus é muito ranzinza para a idade dele, acho que ele vai ser um velho insuportável, sabe? Daqueles que furam as bolas que caem no seu quintal? Então prevejo Camus assim no futuro.
— O que foi, Camus? Por que tá assim?
— Assim como, Milo? - Ele me respondeu com aquela voz enfadada.
— Assim... estranho, quieto... poxa é um saco isso, sabia? - Falei bravo, o Camus estava na minha casa me passando as matérias da escola, minha mãe me obrigava a estudar mesmo doente! Um absurdo isso.
— Milo, eu to tentando te ensinar matemática, não sei como fazer isso rindo. - Camus respondeu do seu jeito monótono, sinceramente não sei por que eu insistia em ser amigo daquele chato.
— Vai ter festa na casa da June, é o níver dela, você vai? - Perguntei mudando de assunto.
— Não sei ainda. - O cabeça de tomate respondeu sem empolgação.
— Vamos, Camus, vai ser legal, acho que vou deixar de ser BV, vou beijar a Sheena. - Contei entusiasmado, mas o Camus simplesmente me olhou com cara de paisagem, a mesma que ele fazia muito ultimamente, quando ele abriu a boca para responder, ouvimos o barulho de alguma coisa caindo no quarto do meu irmão e corremos pra lá. "Corremos" é modo de dizer, eu estava de muletas, ainda com a perna engessada.
— Kárdia, o que aconteceu? Abre a porta! - Pedi batendo na porta com o Camus atrás de mim.
Meu irmão abriu a porta e eu vi o Degel, irmão do Camus, todo descabelado e vermelho como um pimentão.
— O que aconteceu? Que barulho foi esse? - Perguntei olhando para os dois com os olhos estritos.
— Seu irmão é sem noção, Milo! - O Degel respondeu se recompondo.
— Mas, o que aconteceu afinal? - Camus perguntou também confuso.
Os dois se olharam, mas foi o Kárdia que respondeu. – Camus... seu irmão caiu, mas não tenho culpa dele ter dois pés esquerdos.
— São piores que nós, Camus, - Falei e meu irmão me pegou desprevenido, acertando um travesseiro na minha cara. - Ah! Seu...! – Gritei batendo com outro travesseiro na cara dele.
Degel e Camus nos observavam sorrindo, acho que não estavam acreditando na bagunça que estávamos fazendo ali.
De repente meu pai apareceu na porta do meu quarto. - Mas que diabos é isso?
Vi o Degel e o Camus se levantando da cama e encostando-se à parede tensos com os olhos baixos, mas acho que o papai não reparou nisso, pois ele entrou no quarto e começou a brincar comigo e com Kárdia, de guerra de travesseiro.
Camus e Degel não acreditavam no que estavam vendo, eles se entreolhavam e riam.
ooOoo
Eu já estava com quatorze anos, ainda era BV dá pra acreditar?
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E Agora?
FanfictionMilo tem uma vida tranquila numa pequena cidade grega, até a chegada de uma família de gringos mudam-se para a casa da frente. E a mais improvável amizade se faz presente. Desde a infância, com toda a sua inocência, adolescência,com todas as suas de...