2. Despedida ♥️

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Ω

Passaram-se alguns dias depois do nosso primeiro ano de namoro. Ainda aproveitamos um pouco mais de Salvador e hoje, infelizmente, é um dia PÉSSIMO para quem sofre com a ansiedade! Despedidas não me trazem boas lembranças. Terei que ser um homem forte agora. Eis aí algo que nunca me considerei.

__ Não será tão ruim quanto pensas. __ ela disse depois de um tempo abraçados. __ O importante é manter o contato e regar a nossa plantinha, para que mais tarde haja frutos.

__ Eu queria ter esse pensamento resiliente. __ suspirei.

__ Não pense que está sendo fácil para mim falar essas coisas, Theodore. __ confessou. __ Meu coração está apertado e nunca me senti tão mal em me despedir de alguém... Parece...

__ Não continua! Nada vai acontecer com a gente. __ segurei seu rosto e encarei o fundo de seus olhos. Eu podia ver o amor lá e possíveis lágrimas. __ Precisamos orar em cima desse medo e seguir o conselho de seu pai. Vou fazer o impossível para ser o homem que sempre sonhou, para que nossso relacionamento não se desgaste.

__ Eu gosto de você do jeito que és, não precisa mudar para me agradar. Mude por você mesmo, para que a sua consciência esteja sempre limpa.

Eu sorri.
__ Sempre tão linda. __ besliquei, levemente seu nariz. __ Promete que quando estiver de TPM vai me tratar bem?

__ Ué?! Eu nunca lhe trato mal, apenas gosto de ficar um pouco sozinha. Não curto descontar meus problemas nas pessoas que amo.


Meu vôo foi anunciado, assustando-me. Acolhi ela em meus braços, tentando passar o amor que sentia pela mesma e também a proteção ainda que eu esteja longe.

__ "¹Y aún así, te seguiré hasta que el mundo cambie y gire al revés. Aquí estaré." __ citei um trecho de uma música em espanhol que tanto gosto.

__ Já disse que seu espanhol é perfeito? __ perguntou-me, admirada.

__ Só o espanhol? __ franzi o cenho e em seguida levei um tapa.

__ Vamos, antes que perca sua viagem. __ puxou-me.

__ Bem que isso poderia acontecer. __ murmurei.

Nos aproximamos do portão de embarque, porém Alyssa cessou os passos e começou a procurar alguma coisa ao seu redor. Segundos depois, me olha sorrindo.

__ Vem comigo. __ me levou até ao lado esquerdo do portão de embarque, onde havia alguns aparelhos telefônicos. __ Não podemos deixar essa tradição morrer. __ falou, tirando o telefone do gancho e encaixando no ouvido. __ Oi, Aly... Eu achei que nunca mais ia passar por uma situação como essa, mas não podemos mandar no futuro. Deus é quem sabe de todas as coisas e certas situações Ele está usando para te ensinar. Toda espera tem sua recompensa apesar do preço a ser pago quando se está vivenciando, porém saiba que tudo é questão de tempo e nada é por acaso. Brevemente você estará com um aliança no dedo; assim espero. É, isso mesmo que pensou! Todavia um ano foi suficiente para aprender um com o outro e tudo vai ficar bem. Creia.

Passou o telefone para mim.

__ Oi... Não tenho muitas palavras para te dizer, cara. Só... Aceita. __ suspirei. __ Coloca Deus na frente que vai dar tudo certo. Você conheceu uma pessoa maravilhosa e não tem o que reclamar. Apesar da distância, sempre estarão juntos. Sempre! __ coloquei o aparelho no lugar.

__ Você precisa ir, assim quando chegar lá mande notícias. Não há mais nada a ser falo; iremos superar. __ leva minha mão até seus lábios e deixa um beijinho.

__ Tchau, linda. __ deixei outro sobre sua testa. __ Se cuida.


Nós dois já havíamos conversado sobre o momento da despedida, que não se prolongasse tanto pois a dor seria maior. Puxei-a para um abraço e depois virei as costas, dando uma última olhada para trás. Ela parecia intacta. Só parecia.

Horas mais tarde...

Apanhei minha mala da esteira e segui até o portão de desembarque. Avistei minha mãe com lágrimas nos olhos e meu irmão concentrado no celular.

__ Filho... __ sussurrou, abrindo os braços. __ Que alegria te ter aqui. Obrigada Jesus.

Me senti acolhido como um órfão que aguarda ansiosamente ser recebido em uma família.

__ Te amo, mãe. __ beijei sua bochecha. Achei que Thalles me abraçaria, mas só fez suspender o cenho e abrir um leve sorriso.


O caminho até em casa foi super tranquilo apesar do clima tenso onde só minha mãe me perguntava as coisas. Thalles dirigia sem se preocupar com o que acontecia ao redor. Isso me deixou ansioso.

A casa estava da mesma forma como deixei, os empregados me cumprimentaram sem formalidades e alegaram que sentiram muito a minha falta. Agradeci a todos pela pequena homenagem organizada com cartazes e petiscos. Já era tarde da noite, e apesar do cansaço, me mantive ali com meus familiares e amigos e colegas.

__ É, o Brasil te fez muito bem. __ Vicky comentou. Ela estava dentro dos braços de Fagner.

__ Muito mesmo, vocês não têm noção.

__ Mas vejo que algumas pessoas ficaram insatisfeitas. __ Fagner estava se referindo ao meu irmão, que conversava com minha sobrinha.

__ Nem eu entendo essas mudanças repentinas de Thalles, ele ficou assim depois da separação. __ falei.

__ Talvez esteja insatisfeito com a vida ou carente. __ sugeriu ela.

__ Vou tentar conversar com o mesmo após o término da festa. Se ele quiser conversar, estarei disposto a ouvir, caso contrário... Vou continuar seguindo minha vida. Mas e vocês? Como anda esse relacionamento complicado de se entender?

__ Muito bem, graças a Deus. E não há nada de complicado. __ ele protesta.

Rimos juntos.

  Por volta da meia noite, encerrou-se a pequena confraternização. Aproveitei a distração de minha mãe em insistir que todos ajudassem a limpar a casa para conversar com Thalles.

__ Posso trocar umas palavrinhas com você? __ perguntei. Ele me olha confuso e concorda. 

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Aqui Estaré - Angélica Vale

A DONA DA VOZ IIOnde histórias criam vida. Descubra agora