Aviso: Assim como todas as minhas obras, Parabellum não é uma sadfic.
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Jungkook abriu os olhos com dificuldade. Deitado de bruços, mãos presas por algemas, seu rosto era fortemente pressionado contra o asfalto molhado. A mão forte que fazia-o sentir o gosto da água suja não o deixava olhar para o homem que agora apoiava dolorosamente um dos joelhos em suas costas.
Ele não dizia nada, mas era possível escutar sua respiração ofegante, próximo da sua orelha. Não saberia dizer se o ar que entrava e saía rapidamente de seus pulmões era por causa do esforço físico por imobilizá-lo ou se ele também estava nervoso.
Tudo aconteceu tão rápido. Jungkook mal pode sentir a presença de uma silhueta ágil passando por ele e levando-o ao chão no momento seguinte. Ele estava confuso, não se lembrava de nada. Não sabia onde estava ou porque estava em um lugar ermo como aquele, tarde da noite e sozinho.
Seu coração disparou quando sentiu que o homem desconhecido desabotoou seu coldre e tirava o revólver preso na cintura. Tentou reagir, chacoalhou seu corpo com força, tentando se desvencilhar do joelho que ainda o prendia no chão. Ele tinha consciência da sua força física, mas aquele homem parecia conseguir superá-lo.
Sentiu o cano frio da pistola encostar em sua têmpora e sendo engatilhada em seguida. Fechou os olhos. Era isso, o fim. Seria morto, pela própria arma.
O estalido alto o fez arregalar os olhos. Seu coração ainda batia fortemente. A respiração se agitou ainda mais. Estava vivo... e em casa.
Era aquele pesadelo, novamente. Ficou imóvel, tentando se recuperar da sensação de quase morte. Jungkook estava na mesma posição do sonho, de bruços, mas com o rosto enterrado no colchão de molas. Os lençóis davam uma sensação muito melhor do aquele asfalto imundo, e sentir que estava em sua cama fez seu coração começar a se aquietar.
Mas ainda sentia uma dor nas costas, como se algo ainda estivesse se apoiando no meio delas. Ainda um tanto atordoado, virou seu rosto vagarosamente para ver o que o prendia e suspirou, extremamente aliviado, ao ver Bam, sentado em cima de si, abanando o rabo.
Bam foi o único filhote sobrevivente de um canil ilegal descoberto por meio de uma denúncia anônima. Como se soubessem que os policiais chegariam a qualquer momento, os donos do estabelecimento fugiram, abrindo as portas das baias nas quais os cães adultos cruelmente eram mantidos.
Depois de horas de trabalho, buscando os criminosos que, sem nenhuma licença, criavam e vendiam filhotes de cães de guarda, conseguiram achá-los escondidos em uma mata fechada. Os animais, felizmente, foram capturados e encaminhados para o abrigo da cidade.
Jungkook continuou vasculhando o imóvel imundo, encontrando uma caixa de papelão amarrotada em um canto escuro. Ouvia, bem baixinho, um ganido, agudo e sofrido. Seu coração afundou ao olhar dentro da caixa, e ver um pequeno cão, se remexendo embaixo de outros três filhotes já imóveis.
Segurou com todo o cuidado o filhote que ainda lutava para viver. Tinha o mesmo tamanho de sua mão, os olhos ainda estavam fechados, mas o focinho úmido parecia buscar por algo. Observou o pequeno cão amarronzado, que agora sugava seu polegar, claramente tentando mamar.
— Pequenino... — Acariciou sua cabecinha. — Já veio ao mundo sentindo a crueldade dos humanos. Não se preocupe, você está salvo agora. Vou chamá-lo de Bam*, para lembrarmos sempre dessa noite.
Nos dias seguintes, Jungkook cuidou do pequeno cão com afinco. Era difícil, tinha que dar a alimentação e remédios com a ajuda de uma seringa, mas nunca pensou em desistir. Com paciência e dedicação, o pequeno Bam cresceu, ganhou peso e ficou saudável. Era um esperto e carinhoso cão da raça Doberman, tão comumente usado para assegurar propriedades. Virou o grande companheiro de Jungkook, seu fiel escudeiro, sempre pronto para proteger seu tutor. Em seus olhos vivos e esverdeados podia-se ver a gratidão do animal por ter sido salvo de uma morte certa.
Mas aquele pequeno filhote agora era um cão de grande porte, e seus 40kg estavam pressionando as costelas de Jungkook sobre a cama.
— Bam, saia daí. — Ordenou Jungkook.
Obediente, o cão desceu de suas costas apenas para poder chegar mais próximo e começar a lamber o seu rosto.
— Está bem, está bem! — Jungkook resmungou, levantando-se da cama. — Você deve estar com fome.
Bam latiu, como se respondesse seu dono. Desceu da cama e sentou-se, abanando o rabo, esperando seu tutor oferecer a primeira refeição do dia.
Após encher o pote do cão com ração e trocar a água de ontem por outra mais fresca, Jungkook foi até o banheiro, se espreguiçando, tentando tirar o ranço do pesadelo de seu corpo. Abriu o chuveiro, deixando a água gelada escorrer, causando-lhe um arrepio. Sempre tomava banho gelado, acreditava que era como uma prova de resistência e que aquilo o ajudaria a se fortalecer mentalmente.
Saiu do banheiro com uma toalha em volta de sua cintura. O cabelo negro, secado displicentemente, pingava, formando trilhas pelas costas nuas de Jungkook.
Abriu a porta balcão de seu quarto, deixando a luz matinal clarear o cômodo. Ainda era cedo, e cidade de Busan apenas começava a acordar. De sua varanda, além de uma bela vista para o mar, Jungkook conseguia ver o porto da cidade. Sendo um dos maiores do mundo, o Porto de Busan concentra uma intensa atividade de armazenamento de contêiners. Por ser um ponto estratégico para o comércio do país, também era utilizado como porta de entrada para todo o tipo de mercadorias, legais ou ilegais.
Jungkook suspirou, sentindo seu corpo energizado ao vislumbrar o cenário de, quem sabe, uma das missões mais importantes de sua carreira. Tinha subido de patente recentemente, e agora era a sua primeira oportunidade de chefiar uma missão como capitão da divisão especial da polícia sul coreana. Seria um longo processo de preparo, investigação e execução de uma força tarefa contra o tráfico internacional de armas.
Jungkook sentia-se pronto para o dever. E era assim que sempre encarou todas as missões que recebeu na vida. Seu sonho de criança sempre foi servir ao país, e chegar a uma alta patente da polícia era uma grande realização. Sentia-se orgulhoso e merecedor de sua posição. Impassível, determinado e muito dedicado ao trabalho, nada cruzava seu caminho. Seus inimigos sempre sucumbiam aos seus pés.
Si vis pacem, para bellum!**
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*Bam em coreano significa "noite".
**Tradução do latim: Se quer paz, prepare-se para a guerra.
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Pessoal! Enfim, voltei.
Sei que o capítulo é curtinho, mas pensei em fazer dessa maneira para que não fique muito pesado para mim e para que as atualizações possam ser mais frequentes.
Não prometo regularidade nas atualizações, mas vou tentar não demorar tanto.
Muito obrigada por estarem aqui!
Espero que gostei de Parabellum!
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Parabellum
RomanceO capitão das forças especiais da polícia da Coréia do Sul, Jeon Jungkook, se prepara para sua mais nova e importante missão de sua carreira. Entre os homens sob o seu comando está Park Jimin, atirador de elite, que vai tirar não só o sossego dos b...