Capítulo 2

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Após um café da manhã reforçado, Jungkook jogou a mochila preta nas costas e encaixou o capacete no braço esquerdo, pronto para deixar seu apartamento para ir trabalhar, mas não sem antes acariciar as orelhas de seu cão. Jungkook nunca saia na rua fardado, tinha receio de que bandidos pudessem identificá-lo e virar um alvo fácil. Desceu pelas escadas os 12 andares que o separavam da garagem de seu prédio. A Kawasaki Ninja, inteiramente preta, estava estacionada a poucos passos do portão automático.

O centro de operações táticas da polícia ficava a cerca de 20 minutos de seu apartamento. A construção, por fora, parecia simples, apenas mais um prédio público, de cerca de 5 andares, cercado por um muro alto. Uma guarita, construída logo acima do muro, tinha vidros espelhados e não era possível ver quantas pessoas havia ali. Jungkook encostou a moto no único portão que dava acesso ao prédio, que se abriu em poucos segundos de espera.

Ao entrar no edifício, era possível vislumbravam um saguão amplo e bem iluminado. No centro, uma escultura de um soldado de operações especiais, em tamanho real, equipado com trajes táticos e um rifle, simbolizava a determinação e coragem dos membros da unidade.

O prédio era dividido em várias áreas funcionais. Nos andares superiores havia escritórios e salas de reunião bem equipadas para planejamento das missões. No térreo, passando o saguão, havia um extenso centro de treinamento para a simulação de cenários de combate, que garantiam uma boa preparação dos oficiais. Ao fundo, uma edificação separada, ficava a sala de equipamentos, repleta de armas, coletes à prova de balas e equipamentos de comunicação.

Jungkook apressadamente cruzou o saguão em direção aos vestiários. Enquanto passava pelos corredores, admirou as fotos e troféus de operações bem-sucedidas. Aquilo o enchia de orgulho. Parou por alguns segundos em frente ao memorial dedicado aos que deram suas vidas em serviço, um lembrete constante do sacrifício que faziam para proteger o país.

Pousou os olhos em uma foto, que sempre fazia seu coração se apertar. No retrato, um soldado sorridente empunhava um grande fuzil. Já havia se passado um ano, mas Jungkook ainda se lamentava pela morte precoce de um membro de sua equipe. Ainda se culpava por não ter chegado a tempo de salvar o jovem emboscado por traficantes. Desde então, prezava pela segurança dos homens que estavam ao seu serviço, e tinha prometido para si mesmo que isso não aconteceria novamente.

Agora, devidamente fardado com calça e camisa preta de tecido grosso, onde lia-se "Jeon" bordado sobre o bolso do lado esquerdo do peito, Jungkook, sem bater, abriu a porta da sala de reuniões táticas, encontrando o chefe de polícia Kim Nanjoon sentado na cadeira que ficava na ponta da grande mesa que ocupava boa parte do cômodo.

– Chefe, Kim Nanjoon, Jeon Jungkook se apresentando. – Bateu continência.

– Sente-se, Jeon. – Apontou para a cadeira próxima a sua. – Bom, em primeiro lugar, queria parabenizá-lo pela nova patente. Você, mais do que ninguém, deve saber que grandes cargos trazem grandes responsabilidades.

– Sim, senhor. – Respondeu prontamente.

– Muito bem. Deixarei na sua mão uma das mais importantes missões da polícia no momento.

– A de contrabando de armas. – Completou com brilho nos olhos.

– Sim, exato. Como você bem sabe, carregamentos de armas ilegais andam entrando pelo porto de Busan. Parte delas fica na Coréia do Sul, mas temos indícios de que o restante segue para outros países, como a China e a Coréia do Norte. Nós estamos sendo pressionados pelo governo para estancar essa questão. Você terá a liberdade de montar a sua equipe de investigação. Poderá solicitar os profissionais com quem queira trabalhar, além de ter à disposição o equipamento necessário.

– Muito obrigado, Kim. Prometo não decepcioná-lo.

– Você já tem alguma ideia de equipe em mente?

– Sim. A princípio, vou precisar de poucas pessoas para iniciar a investigação. Conforme avançarmos, vou aumentando o contingente. Já tenho algumas pessoas em mente.

– Me fale mais. – Nanjoon estava curioso.

– Quero continuar com Jung Hoseok, especialista em trabalhar infiltrado, Min Yoongi, especialista em programação e segurança de computadores e Kim Seokjin, na parte de organização tática. Os três são policiais nos quais confio muito.

– Certo, vou convocá-los imediatamente. – Namjoon anotou os nomes em um papel. – Posso te dar uma sugestão?

– Mas é claro! O que tem em mente?

– O que acha de ter em sua equipe um atirador de elite?

– Atirador de elite? – Jungkook estava confuso.

– Sim, alguém habilidoso com armas, pronto para se posicionar estrategicamente nas ações policiais. Você sabe que um atirador de elite desempenha um papel vital na neutralização de ameaças. Podemos aumentar a segurança da equipe e pode ser um elemento-chave nessa operação de alto risco.

– Bom, não sei se é tão necessário nesse momento. Talvez mais para frente.

– Poderia ser um parceiro, alguém que ficasse ao seu lado para ajudar a se proteger.

– Não preciso, Namjoon. Gosto de trabalhar sozinho.

– Não seja teimoso. Você sabe muito bem que até o melhor policial precisa de alguém por perto. – O chefe de polícia franziu o cenho. – Acho que tenho a pessoa certa para isso. Um policial especialista em armas de grande porte, atirador habilidoso que poderá te ajudar nessa missão de contrabando.

– Sinto muito, senhor. Disse que era uma sugestão, então prefiro não aceitá-la.

– Eu disse "sugestão"? – Namjoon ergueu uma sobrancelha.

– Disse.

– Me enganei. É uma ordem. – Cruzou os braços.

– Você disse que eu tinha total liberdade para escolher a minha equipe, Namjoon. Agora está me obrigando a aceitar um policial a força?

– Jungkook... – O chefe de polícia apoiou as mãos na mesa. – Por favor, acate a minha ordem e aceite-o na equipe.

– O que é isso? Está querendo fazer um favor para alguém? Está empurrando o filho de algum comandante para mim? – Jungkook começou a ficar alterado.

– Olha como fala comigo, Jeon. Nós até podemos ser amigos fora daqui, mas aqui dentro eu ainda sou seu superior. Não discuta. Tenho minhas razões para indicá-lo. E não se preocupe, ele é um excelente profissional. Tenho certeza de que só virá a somar na sua investigação.

Jungkook não respondeu mais. Após alguns segundos sem silêncio, respirando pesadamente, fez uma reverência, aceitando a ordem vinda de cima.

– Muito bem. Amanhã os 4 estarão aqui à sua disposição. Está dispensado, Jeon.

O capitão saiu da sala em silêncio, mas ainda muito incomodado com a imposição de seu superior. Namjoon sempre foi um policial correto e aquela ordem destoava das suas atitudes costumeiras. Mas precisava acatar, talvez seus motivos sejam justos. 

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