Se o diabo realmente fosse um ser monstruoso com chifres e olhos demoníacos, ninguém na terra teria pecado. Ele tinha que demonstrar beleza para convencer os humanos, e aquela beleza escondia a destruição e a podridão pela qual os humanos eram tão atraídos, desde o dia em que caíram.
Por exemplo, um belo homem loiro de olhos azuis observava o que um dia já foi o Jardim do Éden se definhando, o ar estava diferente desde que a primeira folha caiu, ele sentiu na pele algo que nunca sentiu antes, odiando com todas as forças aquele frágil corpo humano.
— Isso não é justo.
Ele ouviu uma bela voz feminina, e virou-se para trás. Eva já não estava lá fazia tempo, e pelo que ele sabia, nenhuma outra mulher foi criada.
Então como aquela mulher estava na sua frente?
Ela era loira e tinha belos olhos verdes, se cobria com grandes asas negras para esconder sua nudez, o que fez Ophis torcer o nariz, ele tinha asas muito maiores e muito mais bonitas antes de ser castigado.
Maldito corpo!
— E você é? — Questionou ele, olhando aquela mulher de cima a baixo.
— Thanan. — Respondeu ela. — Você não deveria ter direito sobre os vivos, serpente demoníaca.
— Eu fiz a humanidade cair, eu tenho todo o direito sobre os vivos, menos sobre aqueles dois humanos, eu já os enganei uma vez. — Ele suspirou. — Eles só precisam me aceitar. E quem é você para querer ter direito sobre os vivos? Por acaso é a morte?
— A morte é algo que não pode ser personificado, você não é a personificação da maldade não é mesmo? É apenas um agente da maldade, e eu sou um agente da morte.
O corvo que anuncia a morte conversando com a serpente que afundou a raça humana, uma cena um tanto rara de ser vista.
— Eu só posso fazer algo com os humanos enquanto eles estão mortos, invejo seu poder sobre os vivos... Mas enquanto aqueles dois não morrerem, eu não tenho o que fazer, isso é um tédio...
— Eu preciso que eles tenham um humano, ela está grávida, talvez eu consiga fazer algo. — Ophis suspirou, com um sorriso malicioso. — Agora que fomos apresentados, peço para que saia do meu jardim.
— Como? Seu jardim?
— Sim, meu. — Roger olhou para a mulher de cima a baixo. — Saia voando daqui, abutre. Eu enganei os humanos, então o jardim deles agora é meu.
— Então para onde vou? — Questionou o corvo.
— Não me interessa desde que coloque suas asas nojentas para fora daqui, acha mesmo que eu deixaria alguém que quer meus poderes sobre os vivos tão próximo de mim?
A loira não tinha o que falar, ela ficou visivelmente furiosa.
— Os humanos vão se multiplicar serpente, e quando isso acontecer, eu quero vê-los morrendo, para controlá-los quando estiverem sobre meu domínio!
— Compartilho o mesmo nojo pelos humanos que você, mas eu preciso deles vivos para enganá-los. — Respondeu ele. — Isso nos torna inimigos?
— Não, ainda não.
Disse a loira, se afastando da serpente.
— O que quer dizer com ainda não? — Ophis arqueou uma sobrancelha.
— Ainda não tenho motivos para acabar com você.
Ophis riu tanto daquela ameaça que chegou a ficar sem fôlego.
— Você? Fazendo algo contra mim? — Ele continuava rindo. — Em quantos milênios minha cara?
— Você verá.
Foi tudo o que a loira disse, antes de bater asas para longe do jardim do Éden, enquanto Roger subia na árvore do conhecimento do bem e do mão para se deitar em seus galhos, despreocupado, e satisfeito com sua nova função.
≈‡≈
A primeira coisa que ele sentiu foram beijinhos passeando por sua nuca, ele sorriu involuntariamente, abraçando o travesseiro com mais força.
— Joseph! — Benjamin riu um pouquinho, sentindo o marido subir em cima dele para abraçá-lo.
Os dois estavam no último dia de sua lua de mel, eles viajaram por vários lugares na verdade, foram de Bali para Santorini e agora estavam na Ilha Catalina, acordando depois de uma noite de amor intensa.
— A gente tem que arrumar tudo e ir pra casa amor. — Ele sorriu, acariciando os cabelos dourados do marido. — Sinto falta daqueles idiotas... Estamos fora a o que? Um mês?
— Um mês e meio. — Disse o loiro se espreguiçando, virando-se para deixar um selinho nos lábios de Joe. — Foi o melhor mês e meio da minha vida.
— Fico feliz em saber disso.
O ruivo se levantou, se vestindo rapidamente, enquanto o loiro permanecia sentado na cama, olhando para ele com um sorriso.
— Joey.
— O que foi?
— Você é tão bonito. — Benjamin ainda sorria, aquele sorriso que poderia fazer Joseph derreter de tanto amor.
— Não tanto quanto você. — Ele retribuiu o sorrisinho.
Enquanto isso, as coisas não estavam nenhum pouquinho calmas na mansão, já que Brian queria fazer algo especial para eles.
— Paul dá pra você parar de torturar as almas e vir aqui me ajudar!?
A mulher de cabelos cacheados gritou na porta do que eles chamavam de "Purgatório", era onde torturavam as almas, e por mais incrível que parecesse, Roger e Paul pareciam adorar aquele entretenimento.
A porta se abriu, e lá estava ele, com respingos de sangue no rosto e aquela mesma impressão indiferente, eles davam corpos físicos às almas só para que elas sentissem mais dor.
Todo grupo precisa de um maníaco, eles tinham dois.
— Eu não tenho mais paciência pro seus ataques de mamãezilla Brian.
— Mamãezilla?! — Brian colocou as mãos na cintura, parecia uma deusa do Olimpo furiosa usando aquele vestido branco no estilo grego.
— Você me ouviu.
— Eu perdi alguma coisa?
E lá estava Roger, que surgiu do nada no meio deles.
— Eu só quero uma ajudinha pra fazer um almoço especial pro Benjamim e pro Joseph, eles chegam da lua de mel hoje. — Ela cruzou os braços, piscando os olhinhos verdes. — Quer saber, eu vou pedir ajuda pro John.
Antes que a mulher pudesse sair andando, Roger acertou um tapa estralado na traseira dela, vendo Brian olhar para trás com um sorriso malicioso antes de seguir seu caminho.
A mansão estava em paz, e aquilo era a única coisa que importava.
Mas a mansão não iria permanecer em paz por muito tempo.

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The Deal • The Final Chapter
Fiksi Penggemar"O que eu posso fazer? Eu estou aqui faz apenas um ano!". "Você é o único que pode nos salvar Benjamin, lembre-se disso". Depois de milênios, os agentes da morte decidiram que deveriam acertar as contas com os enganadores da humanidade.