[04] O primeiro dia do secundário - parte 2

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Não acredito no que estou a ver. Mas porque é que o Adam tem de estar na minha turma? Porquê? Há tantas turmas de Ciências nesta escola, porque é que ele tinha de calhar na minha?

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A professora pediu ao Adam para ele se apresentar à turma, então ele fez uma apresentação bastante sucinta:

- Olá a todos! O meu nome é Adam Gilbert e tenho 18 anos. Chumbei o ano passado, portanto tenho de estar aqui mais um ano, infelizmente...

Quando ele disse a palavra "infelizmente" olhou-me fixamente e ficou a encarar-me.

Mas o que é que está a acontecer?

Parece que o tempo tinha parado e estávamos só os dois na sala, até que a professora percebeu e olhou para ele e fingiu estar com uma impressão na garganta, dizendo:

- Hm hm... Posto isto, Adam, tens mais alguma coisa a dizer à turma? - questionou a professora.

- Até tenho, stora. Só quero que me deixem no meu canto, não tenho paciência nenhuma para aturar os vossos dramas imaturos.

Bem, ele estava mesmo com cara de poucos amigos... O que teria acontecido?

A professora olhou para Adam com uma cara de reprovação e ele simplesmente encolheu os ombros.

Durante os segundos 45 minutos, estivemos a ver um vídeo introdutório das cantigas de amigo e de amor. Falava também da sua origem nos tempos remotos e de alguns poetas mais importantes. Tomei algumas notas no meu caderno e troquei algumas palavras com a Aurora. Até que houve uma altura em que a Aurora pegou num lápis e escreveu: "Não olhes agora, mas o Adam não para de te observar, está assim mais ou menos à 10 minutos". Olhei para ele e ele piscou-me o olho. Nesse momento, acenderam as luzes e tocou para sair. Assim que a professora deu autorização para irmos embora, o Adam saiu muito apressado.

Isto tudo é muito estranho... O que se passa com aquele rapaz?

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Comecei a arrumar os meus materiais: o estojo, o caderno, o livro e a capa dentro da minha mala. De repente, Aurora virou-se para mim e disse-me:

- Evelyn, que tens? Posso só te ter conhecido à minutos, mas pareces estar muito pensativa.

- Nada, estava só a pensar que quando chegar a casa tenho de ir estudar as cantigas de amigo e de amor e tentar fazer exercícios. - dei a desculpa mais estúpida que me lembrei.

- Tens a certeza de que não tem nada a ver com o Adam? - ela questionou.

Esta miúda é mais prespicaz do que eu pensava.

- Sim, não... Quer dizer, não sei... Não é boa ideia falar deste assunto já, porque estou confusa.

- Ouve, Evelyn, eu sei que não confias em mim para falar destes assuntos, mas caso precises algum dia de alguém com quem falar, eu estou cá. Lembra-te disso. - ela ficou com uma cara triste e desapontada, mas os seus olhos estavam repletos de esperança de nos tornar-nos boas amigas.

- Oh obrigada! Tu és uma querida, mas o problema não está em eu não confiar em ti, é só porque tenho de organizar os meus pensamentos primeiro antes de ter uma conversa com alguém. - tentei tranquilizá-la, porque eu também gostava mesmo de a ter como amiga e sentia que podia confiar nela, pelo menos à primeira vista, no entanto sabia que tinha de ser cautelosa em quem confiava.

Tentei mudar de assunto para o clima não ficar desconfortável:

- Queres passar o intervalo comigo e as minhas amigas antes da aula de matemática? - sugeri.

O DESTINO DE EVELYNOnde histórias criam vida. Descubra agora