[07] Sinto algo por ele?

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Segui o professor para uma sala vazia e a Aurora deu-me a mão outra vez para me dar força e tentar acalmar-me.
O professor pediu para nos sentar-mos e ele ficou de pé à nossa frente. Perguntou-me, parecendo o mais calmo possível:

- Eve, agora que estás mais calma, podes explicar-me o que aconteceu?

Eu tentei explicar-me tudo sem falhar nenhum pormenor. Passado aproximadamente uns 3 minutos de refletir nas minhas palavras, disse-me:

- Eve, eu vou fechar os olhos a este assunto e agir como se nada se tivesse acontecido. Porém, é melhor teres cuidado da próxima vez que alguém te provocar, pois se partes para a violência, perdes a razão. E é isso mesmo que elas querem, que tu te descontroles e depois sejas suspensa. Lembra-te: a melhor arma que podes dar a pessoas assim é o desprezo. - ele aconselha-me, tentando parecer o mais calmo e razoável possível.

- Stor, não é assim tão fácil. A Patrícia insultou a minha mãe e quando falam da minha família, eu não me consigo controlar. - tento explicar, porque para mim quem toca na minha família, para mim é um alvo a abater, literalmente.

- Sim, eu sei que é bastante complicado e que é mais fácil falar do que agir. Contudo, não faças caso do que as pessoas dizem de ti ou da tua família. Tu sabes bem que o que quer que digam não é verdade, por isso não ligues nenhuma. Prometes-me que vais tentar ignorar? - ele questiona-me, com uma expressão interrogativa.

- Sim, stor vou tentar. - tento parecer o mais segura de mim possível.

- E o que é que vai acontecer com elas? - perguntou, de subitamente, a Aurora.

Até me tinha esquecido por momentos que ela estava comigo.

- Vou falar com a diretora para lhes dar uma semana de trabalho comunitário por Bullying e agressões físicas.

- Ótimo, é mesmo isso que elas merecem! - respondeu Aurora, num tom mais feliz do que deveria.

- Peço desculpa. - disse ela, seguidamente, muito envergonhada.

O professor piscou-lhe o olho, olhou para Aurora e disse:

- Vá, meninas, agora que já falámos sobre tudo, vão para o ginásio e digam à turma que daqui a 10 minutos estou lá.

Saímos da sala e dirigimo-nos para o ginásio.
No caminho para a aula, Aurora estava estranhamente calada.

- Então, Aurora, estás muito calada... Não me digas que ficaste babada pelo stor. - comecei a rir-me.

- Eu? Claro que não! Nem isso era indicado para uma aula e um professor. Isso é proibido e nunca pode acontecer. Não, não, eu nunca jamais neste mundo e no outro que virá... - ela começou a falar mais para ela do que para mim e parecia perdida nos seus pensamentos.

- Miúda, nunca digas nunca. Tudo nesta vida pode acontecer. Até porque eu vi que ela simpatizou contigo e tu... - ela interrompeu-me.

- E eu nada! Caraças, Evelyn, eu nunca vou gostar do professor! Ele tem para aí 30 anos, eu tenho 16!

- O amor não escolhe idades, linda. - piscalhei-lhe o olho, a provocá-la, e ela olhou-me com um ar zangado.

- Pronto, já percebi que a menina não está a brincar. Já me calei. Mas tenho a dizer que seria muito boa ideia se... - fui interrompida por alguém que me tocou no ombro.

Quase que tenho a certeza que é o Adam.

- Então, Evelyn, como correu com o stor?

- Porque é que queres saber? - encarei-o com um ar inquisidor.

- Bem, porque te ajudei naquela situação e acho que mereço saber. - ele parecia não perceber porque é que eu estava assim.

Ficámos a olhar um para o outro, até ao momento em que a Aurora disse:

- Bem, senhora casamenteira, eu vou deixar-vos falar. Estou no balneário à tua espera.

Que cabra, só me faltava ela fazer-me isto.

- Então, já que a tua amiga nos deixou falar mais à vontade, podes começar por me explicar porque é deste uma chapada àquela miúda.

- Mas por acaso eu tenho cara de quem se tem de se justificar a ti? - desafio.

- Por acaso até tens. Porque tu tens de perceber que eu te ajudei e não fui obrigado a nada, então é natural que eu queira saber como é que tudo correu com o stor.

- Para já, como tu próprio disseste, não foste obrigada a nada, então não tenho de te dizer nada. Agradeço teres-me ajudado, claro, mas de resto não preciso de te dizer mais nada. - respondi tão secamente quanto pude.

- Mas porque é que és tão seca comigo? Eu fiz te algum mal? - inquiriu Adam.

- Nada, eu sou assim com toda a gente, tu é que não me conheces.

Virei as costas e fui-me embora para o balneário.

Eu sei que deveria ter tido mais calma e falado num tom mais simpático, mas aquele rapaz irrita-me muito. Primeiro, esteve o tempo todo da aula de matemática a implicar comigo e a olhar para mim. Seguidamente, vai ter com uma rapariga e beija-a. Ah, já para não falar que andaram a fazer sabe Deus o quê nalguma casa de banho, do modo que o Adam chegou à aula de matemática era bem provável.

Mas que raio se passa comigo? Porque é que estou a pensar tanto nisto?

Entro no balneário de rompante e atiro com a porta. Estava furiosa comigo por não estar a ter controlo do que sinto pelo Adam (será que sinto algo?), e também estava aborrecida com a Aurora por me ter deixado sozinha com ele.
Vejo a Aurora perto de um chuveiro sentada de pernas cruzadas a ler um livro.
Chamo-a:

- Pssst, não podias ter escolhido melhor altura para me deixar sozinha com ele, pois não?

- Amor com amor se paga. - sussurrou mais para ela do que para mim.

- Eii, eu não te fiz mal nenhum! - falei num tom mais alto do que deveria.

- O quê? Estás a falar comigo? - ela olhou-me confusa. - É que eu estava a falar sozinha, eu faço isso muitas vezes.

- Oh, Aurora, eu estava a dizer-te que não tinha gostado do que tu fizeste à pouco... Não tinhas que deixar-me sozinha com o Adam, eu não queria isso. - fiz uma cara triste para a convencer a pedir-me desculpa.

- Desculpa, mas eu acho que vocês deviam falar, porque ele até te foi ajudar e nota-se que tu não és indifeferente a ele. - ela olhou-me nos olhos ao dizer isto e via-se que estava a ser sincera.

- Sim, mas eu não consigo falar com ele, porque fiquei mesmo chateada por causa de vê-lo com outra rapariga. Não estava à espera de ver que ele tinha namorada... - admiti.

- Isso é porque tu estás a começar a sentir algo por ele. - ela sorriu ao de leve.

Assim que ela pronunciou estas palavras, uma rapariga de cabelo castanho entrou no balneário e disse:

- Olhem, o professor está a chamar a turma toda para entrarmos para a aula.

- Obrigada, nós vamos já para lá. - disse Aurora.

Saímos todas juntas do balneário e dirigimo-nos para o ginásio.

Não me estou a entender... Por um lado, acho aquele rapaz incrivelmente atraente e até foi querido em ajudar-me; porém, por outro lado, não consigo manter a calma quando ele aparece. Ele enerva-me de uma maneira que ninguém consegue, com aquela voz sedutora e ao mesmo tempo com mania de que sabe tudo.

Aí, Evelyn, que se passa contigo? Será que sentes algo por ele?

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Meus leitores, desculpem não ter publicado o novo capítulo na sexta, mas já estava muito cansada da semana toda e não consegui escrever...
Desculpem mesmo!
No entanto, vou compensar-vos e publicar mais um capítulo durante o início desta semana!
Gosto muito de vocês e obrigada por fazerem parte do mundo da Evelyn!!
Beijinhos 😘

O DESTINO DE EVELYNOnde histórias criam vida. Descubra agora