[13] Chegaram os problemas...

15 0 0
                                    

- Evelyn, vem jantar, está na hora!

Ouço a minha mãe falar bem alto e desligo à pressa a chamada com a Eva, pois já sei que a minha mãe não tem muita paciência para esperar que eu desça para jantar. Para além de que o meu pai é super picuinhas no que diz respeito a horários e quando passa um minuto a mais das 20h, isso já é uma tempestade num copo de água. Exagerado? Talvez, mas a educação do meu pai sempre foi muito rigorosa e ele aprendeu com os meus avós a ter sempre tudo certinho na sua vida, de maneira que tenta transmitir esses valores para mim (apesar de eu não ser tão perfeccionista como ele quanto a horários, mas sou com os estudos).
Desço as escadas o mais depressa que posso e quando chego à cozinha e me sento na mesa, reparo que o meu pai ainda não está sentado.

- Evelyn, o pai hoje não vai poder jantar connosco, porque ficou mais tempo na padaria a limpar tudo. Andam a reduzir no pessoal e depois sobra sempre para o povinho. Enfim... Cada vez estamos pior realmente e se isto não acaba estou mesmo para ver que a padaria não aguenta por muito mais tempo... Aí aí... O que vale é que a minha loja de roupa ainda vai dando alguma coisa! - a última parte disse com um sorriso feliz da sua grande conquista, a loja que sempre desejou ter. Ela sempre foi apaixonada pela moda e adora fazer esboços de roupa de modo a fazer as suas próprias criações. Só espero que ela um dia consiga ter a sua própria marca de roupa e faça um enorme sucesso.

Passado aproximamente uns 15 minutos já tínhamos colocado tudo o que era necessário para iniciarmos a refeição. Ainda por cima a minha mãe tinha feito uma das suas especialidades: empadão de carne.
Servi-me e comecei a comer depois de fazer uma breve oração a agradecer a comida a Deus e pelo facto de ter uma família incrível (sim, nós tínhamos este hábito cá em casa desde que me lembro de ser gente).

Tinha de pensar o que ia fazer agora quanto a Adam. Ele até pareceu ser sincero quando me pediu desculpas por aquilo que aconteceu hoje. No entanto, o que é que ele quis dizer com não ser aquilo que eu pensava? Quer dizer, ele era só mais um rapaz normal que tinha chumbado no 10° ano por não se ter esforçado o suficiente (e um rapaz incrivelmente bem parecido, lindo, atraente, com charme, alto... Oh meu Deus, cérebro para de funcionar para esse sentido!).
A voz da minha mãe interrompeu-me dos meus pensamentos devassos:

- Filha, está tudo bem? Ainda não me contaste nada sobre o primeiro dia de aulas e estás com um ar muito pensativo... E quando estás com esse ar...

- Significa que aprontaste ou estás para aprontar, e geralmente tem a ver com a raça masculina. - já sabia que ela ia dizer isto, porque já o ouço desde o tempo que namorava com o Pedro (aquele drácula presumido... Credo, isso até era uma ofensa para os dráculas!).

- Muito bem, meu amor, ainda bem que já sabes o que eu digo. Mas conta-me o que tens.

- Não tenho nada, mãe, isto é só cansaço. Tive um dia longo e ainda estive a estudar quando cheguei a casa e a falar com a Eva, então estou exausta. - foi a primeira desculpa que me veio à cabeça, sei que não era a melhor, mas pelo menos tentei que fosse convincente.

- Hum, talvez seja isso, mas acho que não é só. Quando quiseres falar com a mãe, sabes que estou aqui. - falhei na desculpa esfarrapada como já era de prever, mas pelo menos a minha mãe não fez pressão para eu falar com ela.

- Sim, mãe, e eu agradeço-te. Agora fala-me do teu dia na loja, sempre conseguiste resolver o problema com a D. Rosa por causa do vestido da filha?

Enquanto ouvia a minha mãe com a maior atenção possível não pude evitar pensar naquele rapaz, o Alexander. Ele invadiu a minha mente subitamente e pus-me a pensar porque razão é que ele seria tão reservado e fechado dentro dele próprio... A maneira como ele falou comigo por causa do Adam não me saia da cabeça, porque motivo teria dito aquilo tão inesperadamente? Por inveja do Adam? Para me avisar que o Adam podia ser perigoso? Mas perigoso porquê? Eram todas estas dúvidas que me percorriam o pensamento e não estava a perceber nada do que se passava, o que odiava. Odiava quando não conseguia solucionar um problema, mas isto não ia ficar assim. Eu havia de entender o que se passava. Tinha de entender, caso contrário ia dar em maluca.

O DESTINO DE EVELYNOnde histórias criam vida. Descubra agora