[18] A reviravolta

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Bem, desta rapariga tenho a certeza que não virá coisa boa. Depois de ela me chamar de "estúpida" por causa de ciúmes que ela nutria por mim, as diversas vezes que ela me olhou de lado na escola quando estava na escola e, claro, já para não falar do que ela me disse na casa de banho... Quer dizer, isso também podia ser o álcool a falar por ela, mas uma coisa é certa, o álcool traz a verdade à tona e se ela me disse aquilo é porque quando estava sóbria o sentia.
Tenho um mau pressentimento quanto a esta rapariga e, apesar de a ter ajudado, sinto que não posso confiar nela.

Entro novamente na enfermaria acompanhada da Eva e observo a Roselyn a ser observada por algumas funcionárias, como se estivessem a confirmar que tudo não passou de susto. Deram-lhe um chá (já sabem, o típico chá milagroso que dão sempre nas escolas quando há algum problema) e uma sandes mista para ela se alimentar.
Assim que as funcionárias saíram de perto dela, ela conseguiu ver-me ao longe e sorriu-me, um sorriso que parecia meio forçado. Depois, fez um gesto a convidar-me para a mesma cadeira onde estive sentada antes quando ela estava inconsciente. Eu sentei-me e ela olhou para mim a avaliar os meus gestos e reações, colocou o cabelo de lado e disse-me:

- Olha, queria pedir-te desculpa pela maneira como agi contigo... Sei que não fui a pessoa mais educada do mundo, mas eu estava enervada e chateada pela maneira como eu às vezes via o Adam olhar para ti, e deixei-me levar pelos ciúmes... Deixei que eles tomassem controlo sobre mim e não me consegui conter... Mas tu não tens culpa de eu e o Adam ter-mos acabado e não me fizeste mal nenhum... Eu é que tenho sido uma estúpida contigo ao olhar-te de lado desde que a escola começou, ao falar contigo daquela maneira perto do Adam e também como agi quando estava com os copos... Fui parva e agi de uma forma mimada. Só queria que soubesses que estou arrependida e tudo o que desejo para ti é o melhor e, apesar de não termos começado da melhor maneira, eu estou cá para se precisares de algo. Quero também agradecer-te a ti e às tuas amigas - olhou para a Eva, apontando para ela e sorrindo; ao que esta disse "sem problemas" - por me terem ajudado e encaminhado para a enfermaria. - Fez uma paragem no seu discurso. Olhou para as unhas vermelhas e parecia pensativa. Parecia que ainda queria dizer mais alguma coisa, mas não sabia como. Subitamente disse numa voz baixa - Ah, e Evelyn, tu pareces-me ser uma boa pessoa, então não hesites em falar comigo se tiveres algum problema cá na escola... Sabes como é, as pessoas adoram falar sobre a vida dos outros e às vezes precisamos de um apoio quando falam mal de nós. E eu podia ajudar-te e esclarecer todos os males entendidos que existem a circular por causa de ti e...

Eu interrompia, porque já era a segunda pessoa que me confrontava com o facto de toda a escola andar a dizer que eu sou uma oferecida, devido a ter curtido com um rapaz numa sala de aula:

- Roselyn, eu agradeço bastante as tuas palavras e quanto ao que se passou ontem com o Adam, podes esquecer, porque eu já deixei isso para trás das costas. Para mim ficou no passado e não me vou lembrar mais disso. Quanto ao rumor de eu ser uma oferecida, eu tenho conhecimento disso, mas queres saber? É para o lado que eu durmo melhor! Não quero saber do que dizem de mim nem o que pensam, eu faço a minha vida, sou solteira e faço o que bem quero desde que não prejudique ninguém. Ele quis, eu também, portanto mais ninguém tem de se meter.

Ela ficou com os olhos esbugalhados a ouvir-me e depois de franzir o sobrolho disse-me, tentando fingir que o que eu tinha acabado de dizer não a incomodava:

- Mas ele namorava comigo...

Ao que eu respondi:

- Pois, mas ele disse-me que tu eras uma amiga colorida e assim que eu soube disso, disse-lhe que não era segunda opção para ninguém e que ele tinha de se decidir. Eu não sou pessoa de estar com qualquer um que tenha outras, ou bem que sou uma prioridade ou não sou. E ele tinha de escolher se era a mim que me queria ou a ti.

Ela fez um "Ah!" como se de repente tivesse percebido tudo:

- Então foi por isso que ele acabou comigo, porque escolheu-te a ti, em vez de mim.

Eu desatei a rir, não consegui evitar:

- Roselyn, entende uma coisa: eu pensei que gostava dele e que secalhar ele até estava a sentir alguma coisa por mim; porém a partir do momento em que ele se converte num rapaz bipolar, arrogante e altivo, eu recuso-me a lidar com ele. Até tenho pena que ele tenha acabado contigo, porque agora quem já quer nada com ele sou eu.

- Isso foi o que eu também disse ao início mas depois... - ela esboçou um sorriso e corou um pouco.

- Roselyn, acredita aquele rapaz irrita-me, não o suporto.

- Veremos até quando... - ela piscou-me o olho e depois prosseguiu - Bem, de qualquer das maneiras, o meu recado está dado: se precisares de algo, podes contar comigo. Fico feliz por me desculpares e espero, muito sinceramente, que nos tornemos boas amigas. - o "amigas" suou demasiado bom para ser verdade, mas enfim.

Depois, Roselyn agarrou no seu telemóvel, na mala e no casaco e foi-se embora.

Eu fiquei a vê-la ir-se embora e só me apercebi que estava de boca aberta, quando Eva me disse:

- Eve, olha a boca que ainda te entra uma mosca. - deu uma risadinha de troça.

- Deixa de ser parva e responde-me a isto: tu acreditaste nela?

- Suou-me a bom demais para ser verdade. - Eva torceu o nariz, em desaprovação.

- Eu quero acreditar que ela seja boa pessoa, mas quando ela disse que esperava que nos tornassemos boas amigas, eu achei muito estranho... Uma pessoa que diz ainda nem há 2 horas atrás que eu ia pagar por tudo o que fiz, não me parece lógico ter uma mudança tão radical de comportamento.

- Exato, ela mais parecia que estava a interpretar uma personagem, best. - a Eva pôs um dedo nos lábios, como faz quando se prepara para dizer algo e ainda acrescentou - Tem cuidado, Eve, ela não me parece ser boa pessoa.

- Eu vou ter, best, não te preocupes.

Despedimo-nos e eu encaminhei-me para o bar, de modo a comprar algo para comer antes de ir para casa enfrentar a ira da D. Rita.

A Eva tinha razão, aquela rapariga não era de confiança... O meu lado esperançoso dizia-lhe para lhe dar uma oportunidade de conviver comigo, mas uma vozinha na minha cabeça dizia: "Não faças isso, estás a ser demasiado ingénua". Bem, a melhor solução é deixar o tempo passar e ver o que acontece com a Roselyn. Por agora, poucas confianças... Mas será que isto não será só o princípio de algo muito pior... Será que isto não será o princípio de uma boa amizade ou de nos tornarmos inimigas mortais? Será que vai acontecer algo no futuro?
Não sei porquê estas ideias estavam a martirizar o meu pensamento e sentia um aperto no peito quando me lembrava da figura da Roselyn a dizer: "Vais pagar por isto...". Algo me dizia que isto era apenas o princípio de muitos problemas...

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⏰ Última atualização: Oct 06, 2020 ⏰

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