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DIA 01: UM QUARTO E PROBLEMAS COM EVOLUÇÃO

Andei por aquelas ruas frias até que chegasse na cidade, com diversos castelos em miniatura e sem torres, todos de cores e tamanhos diferentes, sem sequer um guarda em suas portas. Me perguntava o porquê de uma cidade precisar de tantos reis e onde estavam as cavernas dos plebeus de sangue comum. Que tipo de reinado era este?

Algumas pessoas que também passavam pelas ruas não deixavam de me olhar, como se fosse algo que elas nunca teriam visto em suas vidas, o que não faz nenhum sentido. Meu sangue de anjo fez com que minha aparência continuasse intacta, belo e sem nenhum tipo de erro que os demônios tinham, não poderiam estar me olhando por conta de algum tipo de defeito.

Ao ver que o Sol já estava quase em seu ponto mais alto, resolvi bater em uma das portas de um castelo qualquer, com um pouco de sorte e uma mentira não muito extravagante, eu poderia me passar por um príncipe normal que precisava de um quarto por uma noite. Caso não cedessem, queimariam nas chamas do Inferno e se tornariam pobres almas não abençoadas a vagar pelas terras do submundo.

— Oh! Você veio! — Um garoto alto disse em um tom de voz um tanto animado. Ao julgar pelas suas vestimentas, não aparentava ser da realeza. — Eu pensei que tinha desistido depois daquelas mensagens, que bom que mudou de ideia. Pode entrar. — ele abriu a porta totalmente para que eu pudesse adentrar o castelo, que parecia ainda menor por dentro.

— Onde está o rei deste castelo, criado? — Ergo uma de minhas sobrancelhas ao notar a bagunça que aquele local se encontrava. Nem no próprio Inferno éramos tão desorganizados.

— Rei?! Quer dizer o Minseok? Ele foi ao mercado, preciso limpar essa bagunça antes de ele voltar. Quer que eu te mostre o quarto? — O sorriso não saía dos lábios cheinhos do de cabelos castanhos extremamente bagunçados. — A propósito você gosta de cosplay, certo? Posso perguntar quem é? — Apontou para minhas roupas. — Ah, e você não trouxe nada com você, vai buscar outro dia?

— Cosplay? Buscar? Buscar o quê? — O encaro, vendo-o gargalhar alto e se jogar no sofá. Que criado abusado e indisciplinado, o que os reis de hoje em dia fizeram com o treinamento rigoroso que davam aos servos? — Do que está rindo?

— Como assim "buscar o quê?", cara? Buscar suas coisas no quarto antigo, ué. Roupas, quadros, cosméticos, essas coisas. Não tem muito no quarto além da cama e do guarda-roupas. — Riu mais uma vez, começando o juntar o lixo que estava espalhado pelo chão. — E você ainda não me disse do que está fantasiado. É uma mistura de Alexander Nikolaevich com Kaneki? Ficou muito bonito.

— Qual o seu nome? — Ignoro suas últimas palavras, não é como se eu fosse me rebaixar ao ponto de responder perguntas idiotas feitas por um servo estúpido.

— Chanyeol, Park Chanyeol. E o seu? Seu contato no celular do Minseok está salvo como "cara do quarto". — O mesmo sorriso surgiu no rosto dele mais uma vez, o que o deixa tão feliz ao ponto de sorrir o tempo todo? Chega a ser estranho.

— Príncipe Byun Baekhyun. — Deixo meus lábios se curvarem minimamente em um sorriso pequeno, gosto de me gabar pelo título de príncipe do submundo, filho das trevas, sucessor de Lúcifer, qualquer demônio seria capaz de tudo para estar em meu lugar. Claro que não vou dizer para Chanyeol que sou de outras terras, mas meu legado de realeza não deixa de ser uma verdade, onde ocultei apenas as partes que não importam no momento.

— Príncipe?! — Meu sorriso se desfez ao ouvir o tom de deboche na voz do garoto mais alto, que continuava sentado no sofá de estofado tão branco quanto os fios de meus cabelos. No Inferno as únicas cores que reinam são as derivadas de vermelho e preto e as que estavam presentes nos demônios. Nunca havia visto algo tão branco e puro até me olhar num espelho pela primeira vez, ainda criança, os anjos me abençoaram com tal cor em meus fios.