Capítulo 12 – Mais loucuras
- Potter? – Perguntou Snape surpreso e atordoado soltando Harry de suas mãos e abaixando a varinha.
O menino estava com os olhos arregalados e claramente assustados. Sua boca se abria e fechava, mas não conseguia proferir nada. Somente após ver Snape se afastando um pouco, mesmo que o olhando intensamente, foi que conseguiu dizer algo.
- Eu...err...queria... – Tentou balbuciar enquanto se afastava aos poucos do homem, mas os olhos negros eram firmes e interrogativos. No fim Harry só conseguiu dizer uma palavra antes de sair correndo para seu quarto. – Desculpe.
Não ficou para ver a reação de Snape, apenas bateu a porta de seu quarto e se enfiou embaixo das cobertas, tentando segurar as lágrimas que tentavam verter de seus olhos.
- Idiota. Burro. Burro. – Xingou-se batendo em sua cabeça, imaginando a ira de Snape.
Alguns segundos depois o barulho da porta se abrindo lentamente foi ouvido e Harry escondeu seu rosto nas mãos. Seja lá o que Snape fizesse com ele, não queria que o visse daquela forma tão vulnerável. Os passos do homem mal foram ouvidos por causa de seus pés descalços. Seus olhos estavam intrigados enquanto olhava para o amontoado de cobertas. O quarto estava tão silencioso que conseguia ouvir a respiração rápida e entrecortada dele, mas o que lhe chamou atenção foi o soluço mal contido. Harry estava chorando. Devagar e cautelosamente, como se não soubesse o que fazer, Snape se aproximou e sentou na beirada da cama afastando a coberta e expondo o corpo encolhido. As pequeninas mãos ainda tapavam seu rosto. Ele tremia.
- Potter. – Chamou Snape.
Harry não respondeu. Snape respirou fundo com impaciência e segurou as mãos do menino afastando-as de seu rosto molhado. Harry estremeceu quando foi puxado sendo obrigado a se sentar. Seus olhos estavam brilhantes pelas lágrimas e tão assustados que chegavam a dar pena.
- Desculpe! – Quase gritou quando viu o homem abrir a boca. – Por favor, me desculpa. Eu não devia ir ao seu quarto, eu sei. Fui um tolo. Não farei mais, mas, por favor, não briga comigo.
- Potter, se acalme.
Snape segurou os pulsos do garoto com uma das mãos e a outra postou no rosto dele fazendo-o olhar atentamente. Harry mordia o lábio enquanto sentia uma dor profunda dentro do peito. Desde quando se sentia tão mal por ficar longe deste homem? Ser desprezado por ele era normal. Poderia sentir raiva, mas não uma mágoa tão profunda. Essas perguntas pulsavam em sua cabeça irritando-o por não ter uma resposta fácil. Os olhos frios ainda o olhavam e a mão fina segurava seu rosto. Era bom sentir aquele toque imóvel, era como se o fogo começasse a consumi-lo aos poucos aquecendo sua alma e mostrando o lugar a qual pertencia.
Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça sentindo os longos dedos enterrarem-se em seus cabelos revoltos. Sem pedir permissão, virou o rosto e encostou os lábios na palma lisa. Havia algumas pequenas cicatrizes de cortes antigos, típicos de um mestre de poções. Provavelmente Snape as odiava por fazê-lo recobrar os momentos, mesmo mínimos, de dor. Harry as amava, pois cicatrizes eram únicas, eram marcas que o distinguia, o diferenciava, além de contarem uma história. Como desejava saber as histórias sobre o surgimento delas, por mais banais que fossem.
Seus pequenos lábios depositaram outro beijo, desta vez mais forte, querendo sentir o gosto amargo da pele. Mas no momento em que sua língua encostou-se a uma das marcas, a mão foi embora. Snape afastou suas mãos e olhou completamente surpreso, em seus olhos se via a dúvida e algo mais. Era algo que se escondia no fundo de suas íris. Algo que fazia Harry queimar por dentro.
Aproveitando que estava livre das garras dele, estendeu os braços em um movimento rápido e o enlaçou, sentando em seu colo e escondendo o rosto na curva de seu pescoço. Os braços fortes não retribuíram seu ato, não o agarraram. Mas tudo bem. O importante era senti-lo, respirar seu perfume, tocar sua pele fria. Precisava saber que ele estava ali. Dentro de si, Harry sentia a dor de tudo que estava lhe acontecendo. Era tudo tão confuso. Ele precisava de uma fortaleza, algo em que se segurar quando todo o peso começasse a enfraquecê-lo.
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A Lenda (Snarry)
RomanceUma lenda milenar se prova verdadeira e agora Harry se vê preso em algo pior que a profecia. M-preg, Snarry N/A - Essa fic já foi postada aqui, pois tinha sido plagiada por uma moça que informava que era uma tradução, mas na verdade a história foi e...