Capítulo 13 - Momentos de comensal

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Capítulo 13 – Momentos de comensal.

Ao desaparatar em frente àquela mansão, Snape só pôde pensar no desagrado em estar naquele lugar. Estava prestes a encontrar pessoas detestáveis... não, eles não eram pessoas, eram apenas elementos sem denominação, seres sem almas merecedores da pior cólera de Lúcifer. Homens e mulheres desprovidos de sentimento e misericórdia. Odiava a todos e cada um. Toda vez que precisava estar com eles no mesmo ambiente ou pior, cumprir uma missão juntamente à esses ratos, sentia uma forte vertigem que lhe tirava o ar. Mas precisava ficar, era seu dever e maldição.

Sabendo que não adiantava querer fugir, apenas fechou os olhos e empurrou para o fundo as imagens que ainda estavam nítidas em sua mente.

Potter em seu quarto. O menino chorando, com medo. O beijo e o desejo.

Tudo isso precisava ficar devidamente guardado em um lugar protegido por sua oclumência. Na superfície dançavam apenas as imagens que precisavam permanecer ali para serem vistas.

Snape abriu os olhos e enxugou uma gota de suor que aparecera em sua têmpora. Organizar sua mente era extremamente desgastante. Ainda assim o fazia sempre que necessário.

Ao olhar para a mansão novamente, sentiu um forte desejo de apenas permanecer ali. Seria bem melhor apenas ficar parado sem se mexer. Mas Voldemort não permitiria que se atrasasse tanto, ele já o chamava.

Sentindo a dor em seu braço por causa da tatuagem que lhe queimava, respirou fundo e trouxe à superfície o nada, o frio e o vazio. Em seus olhos negros só se captava raiva e ódio. Sentimentos tão cruéis que oscilavam como sua capa em uma noite de ventos fortes. A aura do comensal era sentida no ar como poeira que impregna a pele sem que percebamos.

O primeiro passo foi dado e depois do primeiro não havia como pará-lo. O comensal estava em movimento, se aproximando de seu mestre. O portão negro e alto não se mexeu ao chegar perto, nem mesmo o brindou com um rangido de suas dobradiças antigas, apenas o assistiu se aproximar e passar por si como se fosse fumaça. A marca parara de arder. O mestre já sabia de sua presença. Com um rápido movimento a máscara marcada fora colocada em seu rosto, escondendo sua expressão rancorosa e sombria. Agora o comensal estava completo. Por suas fendas se via dois olhos tão negros quanto o fim de tudo e tão malignos quanto o espírito mais agourento. Ele era nada e simplesmente tudo.

A porta de carvalho abriu com sua aproximação. Snape entrou com o corpo ereto e a cabeça erguida, mostrando superioridade perante os indignos que estavam jogados nos sofás e poltronas da sala. Havia olhares direcionados a si, olhares furtivos cheios de raiva, inveja e alguns com adoração. Esses últimos eram possíveis de se aturar, mas os outros eram descartáveis. Sem dizer uma única palavra, subiu a escada de mármore até a sala de jantar. Parou no último degrau e olhou para a extensão de uma enorme mesa de carvalho esculpida. No fim da mesa, sentado com os braços descansados no encosto da cadeira e a cabeça baixa, estava Voldemort.

Snape não se mexeu, apenas fitou o homem, ou melhor, o ser reptileno que ali estava sentado. Houve um mínimo movimento da face pálida e uma voz grossa e letal reverberou no ar como um veneno dissolvido no oxigênio. O som atingiu o corpo do professor causando lhe um leve tremor que foi controlado rapidamente antes dos olhos vermelhos se erguerem e cravarem nos seus. O peso do olhar de Voldemort era cruel e doloroso. Sua mente lhe dizia para se afastar, aquele olhar era estratégico e ardiloso. O perigo estava estampado nas íris finas e negras que rasgavam o rubro olhar. Era um olhar que podia matar. No entanto, Snape ainda estava ali.Ainda estava parado no mesmo lugar de antes, com as mãos postadas em suas costas olhando diretamente para dentro de seu mestre, sentindo o ardor de suas palavras ainda recente em sua mente.

A Lenda (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora