Kronos I

Capítulo II - Edward Moore

Acordei bem cedo hoje. Reparei nas cortinas sujas do meu quarto, que precisam de uma limpeza urgente já fazem alguns meses... Mas, fazer o que, como um cronauta em treinamento, não me sobra nenhum tempo para cuidar da limpeza da quarto. Estou precisando de créditos urgentemente. Ah, para os leitores do passado, permitam-me explicar como funciona o nosso sistema monetário: todos possuímos chips implantados na epiderme, que nos permitem fazer compras, abrir as portas de casa, receber pagamentos, identificação etc. Não sei como esse tipo de atividade funcionava pra vocês, mas imagino que não era muito prático não é mesmo? Bom, mas onde eu estava? Ah! Sim! Estou precisando de créditos com urgência, sem um robocleaner aqui, meu quarto fica essa bagunça.

Depois de reparar na bagunça da quarto, fui fazer a limpeza corporal diária, vestir meu traje de cadete e encontrar o Capitão Moore. Entrei no meu carro e pedi ao piloto (automático) para que me levasse até a sede da Agência de Viagens temporais. Ao chegar lá, um homem de óculos, boina e cabelo azul me recepcionou e me direcionou à sala 34. Fomos caminhando e conversando até a sala do capitão.

—Você deve estar muito ansioso para conhecer o Capitão. É uma honra que poucos conseguem.

—Fico feliz que todo o meu esforço e trabalho duro durante todos esses anos valeram a pena.

—Sim! Espero que você seja recompensado com sucesso em sua missão! Veja! chegamos à sala 34.

Entramos e logo na entrada havia um homem de barba grande, olhar sereno, óculos redondo, e cara de estudioso.

—Ora lá! você deve ser Robert Kairós, nosso melhor cronauta em treinamento! ouvi falar muito de você! - Essas palavras proferidas pelo próprio Edward Moore, um exemplo para mim, foram como uma orquestra lírica inteira para meus ouvidos. o moço de cabelo azul saiu discretamente da sala onde estávamos.

— Você não tem noção do quanto me sinto honrado por ouvir isso de você! sou um grande fã do seu trabalho científico. A propósito, como vai o processo de montagem da nave?

— Que bom que você tocou no assunto. Me poupou do trabalho de ter que encontrar algum contexto para te contar -Enquanto falava, fazia movimentos em círculo com sua barba, formando cachos pequenos e temporários, pois assim que os largava, voltavam ao seu formato original .— Tivemos alguns problemas com uma incógnita, os cálculos deram certo, mas teoria e prática são duas coisas diferentes... não se deve confiar completamente em uma teoria sem tê-la comprovado. E é por isso que temos esse projeto, para comprovar nossa teoria sobre viagens temporais. Se der errado... bom, só estaríamos antecipando a sua sentença...—Ao dizer isso, o capitão Moore ficou super sem graça, como se tivesse se arrependido de ter dito aquilo..— Desculpe colocar dessa forma. É que.. bom, quer dizer...

—Tudo bem... Não me incomodo em ouvir isso, é a verdade. Mas eu tenho fé de que vai dar certo, e se der, estarei livre de toda e qualquer sentença de morte. Mas, é como o senhor disse, se der errado, só estarei cumprindo o meu destino, e dessa vez, terei minha morte como uma honra para o avanço científico. - Respondi.

—Certo! Segundo os cálculos feitos por nossos cientistas, você tem tudo para ser o primeiro cronauta da história. Mas antes que você possa entrar naquela nave, eu gostaria que você me contasse um pouco sobre você. Desde a sua infância até agora.

—Olha, eu não acho que eu esteja pronto pra isso...

— Entendo que não queira me contar sobre você mas é necessário. Se te ajudar, eu conto um pouco sobre mim.

Acenei com a cabeça concordando com a ideia, já que eu gosto de falar de mim para quem eu saiba pelo menos um pouco da história de vida.

— Então irei começar.