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Filipa Pessoa

04:06

João e eu tínhamos vindo ver um filme e acabamos dormindo, eu tive meus pesadelos diários, mas esse foi menos pesado. É incrível como João consegue me tirar todo esse sufoco.
Estamos abraçados, passo os dedos por seus cachos e ele está quase dormindo e antes que isso aconteça, digo: — João, você é meu abrigo.

— Você é incrível bichinha. — Ele me da um beijinho na testa e se aconchega em meu ombro, o mesmo custou a dormir antes por estar nervoso com o teste de DNA, que sairá essa manhã.

Dormimos mais algumas horas e acordamos para ir saber o resultado, no caminho João ficou quieto e não tocou uma palavra com ninguém.

Quando chegamos no laboratório, estávamos todos de pé, apreensivos com o resultado. João cochichava para si mesmo: Por favor negativo.
Ele não parou de segurar minha mão por um segundo e estáva quase há arrancando.

Quando o médico chegou com a papelada foi que todos ficaram em silêncio, João quase parou a circulação de minha mão e então o médico diz as seguintes palavras.

— João, positivo! Parabéns. — Ele disse achando como se fosse bom, mas João saiu correndo para fora do laboratório e eu claro fui atrás.

As últimas coisas que ouvi foram Bento resmungando e Ruth chorando de emoção, Marcelo não esboçava nenhuma emoção, mas ficou preocupado com João.

Depois de ver cada canto daquele laboratório, achei ele em um escritório, ele estava sentado no chão da varanda, com o rosto entre os joelhos. Tranquei a porta para que ninguém o deixasse mais assustado.
Me sento ao lado do cacheado e encosto a cabeça em seu ombro.

Eu lembro de ver em um filme que mesmo que seu coração esteja quebrado e você esteja com vontade de chorar, deve ficar forte e tentar dar apoio a alguém que está pior. E no caso, João era quem estáva pior e eu deveria ajudá-lo.

— Ei, olha pra mim. — Ergo seu rosto com cuidado, o mesmo está com lágrimas nos olhos e o rosto molhado por outras que já haviam caído. — Me conta o que ta passando na sua cabeça.

— Minha mãe me enganou a vida toda e agora eu descubro que minha outra mãe morreu também, que eu tenho uma tia que praticamente não ia com a minha cara até ontem. E, depois que  me acostumei com a ideia de Marcelo ser minha família, de acordar as quatro da manhã para te ajudar a dormir, de cuidar do feijão, eu perdi tudo.. Eu perdi até meu nome!

— João, a gente vai dar um jeito, okay? E, vai ver sem querer te trocaram na maternidade e ela nunca soube, não há culpe agora. Ela fez o melhor por você e se não fosse ela, você poderia estar ainda na roça trabalhando com seu pai! Mesmo não sendo sua mãe de sangue, ela sempre será sua mãe.. — seguro sua mão e faço carinho, sei que ele está desolado e me sinto culpada por não poder ajudá-lo.

— Você tem razão, ela sempre será minha mãe. Mas agora vou ter que aceitar que sou sobrinho da Ruth.. — Ele abaixa a cabeça e vejo lágrimas ainda sendo derrubadas. — Como vou cuidar de você? — Eu sem querer solto um sorriso bobo, mas percebo que ele realmente está chateado com a situação.

— Eu vou ficar bem, eu prometo.

— Não quero ir morar com ela.. — Ele me abraça e sinto meu coração ser quebrado mais e mais vezes.

— Também não quero que você vá, mas é o certo..

Notas❤

🤷‍♀️ não me matem, bjs

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Não me mate

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