Passarinho azul

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    O jeito com que as coisas estavam indo me irritavam. A estratégia dele era quase perfeita e ao contrário do que eu esperava, ele veio com tudo o que tinha, ou que restava dele.

    Seus movimentos ordenados, seus pensamentos rápidos e próprios de um verdadeiro lutador se mostravam presentes.

    Eu não conseguia me aproximar dele, suas explosões estavam mais concentradas, isso me fazia voar pra trás toda vez que tentava algo direto. Nós dois somos lutadores de ataques diretos, ou seja nossas individualidades tem que literalmente, bater de frente e ver quem ganha em função de força física. Pensei que minha agilidade ajudaria, mas ele está cauteloso de mais pra deixar qualquer abertura.

    Na verdade é o contrário. Eu não vim preparado para essa luta. Eu acho que, lá no fundo eu já esperava vencer, eu não me preparei contra ele, não estudei e olha que eu sou a pessoa que mais o conhece.

    Em resumo. Eu subestimei Katsuki Bakugou. Isso é uma coisa completamente burra de se fazer, eu deveria ter armado alguma coisa, que nem fiz com Denki e Kirishima, porém agora eu só tenho que aguentar essas explosões até que ele não aguente mais.

    Sua individualidade tem um tempo limite, ele não pode ficar explodindo pra sempre, isso iria transformar sua pele e músculos em uma massa derretida e queimada. Porém, parece que agora, elas estão mais fortes, é como se ele tivesse a intenção de me machucar.

    Intenção de me ferir...

    Ele saiu da ofensiva. Agora ao invés de se defender ele me ataca. Eu não estou em boas condições, levei muito golpes e não consigo me acostumar com a dor, não consigo pensar, não consigo sair do lugar.

    Eu entrei em pânico. Eu estou tremendo de medo.

    Ele vai em direção ao meu braço direito. Uma série de lembranças se passa em minha mente, me trazendo o medo que eu senti quando entrei em sua frente para proteger Chisaki, o olhar de ódio dele, como ele me feriu e depois me deixou pra morrer e o jeito como ele simplesmente me excluiu da vida dele como se eu não fosse nada.

    Isso não me dá raiva. Isso machuca, isso arde, isso queima. A pessoa que eu mais me importe, meu único irmão e pessoa que eu pensei que estaria ao meu lado, não sente nada após te ver morrer, nem na mídia ela aparece pra contar o que houve, só se acovarda com medo do julgamento.

    Uma explosão atinge minha prótese. Ela é arrancada e jogada pra longe em um piscar de olhos. Revivo completamente a cena do dia da minha "morte". O pânico não me permite nem levantar e sem meu braço eu não consigo atacar. A luta acabou.

    Essa luta acabou e eu não pude fazer absolutamente nada, só servir como saco de pancada.

    Quando a sirene tocou anunciando o fim daquela luta, ele veio em minha direção e estendeu a mão.

    -Você está bem consegue ficar de pé?

     Eu realmente não conseguia me levantar, mas não era por causa da luta e sim pelo medo que me anestesiava. Eu tinha medo dele, eu desenvolvi um trauma. Minhas pernas estavam dormentes e eu comecei a chorar pela frustração. Que ódio!! Eu me odeio!! Por que?! Por que ele consegue ter tanta influência sobre mim?! Por que?!!

    Ele percebe que eu estou chorando.  Que merda, não queria que ele me visse assim.

    -Vem eu posso te ajudar, você lutou bem e sinto muito por sua prótese.

     Espera. Como ele sabe que aquilo é uma prótese? Não acho que seria meu primeiro palpite, no mínimo eu pensaria que aquilo fazia parte da individualidade de alguém. E posso dizer, não é a primeira coisa que ele pensaria.

≈𝙼𝚒𝚛𝚛𝚘𝚛𝚎𝚍  𝚆𝚘𝚛𝚕𝚍≈Onde histórias criam vida. Descubra agora