Imensidão azul

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Acordo cansado como sempre venho acordando.

Depressão é a palavra eu acho.

Não sabia que perder alguém seria um impacto tão brutal pra mim. Será que é pelo sentimento de culpa? Lembro-me que na época do torneio eu a incentivei a participar... se eu não tivesse insistido, será que ela estaria viva? Se eu não tivesse medo naquele instante, será que ela ainda estaria aqui? Se eu tivesse percebido algo de errado com Denki antes, ela ainda estaria aqui?

Junto cada pedaço de mim e levanto, fazendo realmente um esforço para não afundar na cama de novo.

Duas mortes... duas mortes em tão pouco tempo, primeiro Midoriya, depois a Mina... por que? Por que estou perdendo meus amigos? Será que mais alguém ligado a mim vai morrer? Sério ficar pensando nisso é desgastante.

Vou pro banheiro, rapidamente me encaro no espelho. Não estou com saco pra arrumar meu cabelo hoje, vou com ele assim mesmo.

Me visto com o uniforme da U.A, passo pela sala e vou em direção a porta.

-Tenha um bom dia filho!- Diz minha mãe.

Com uma dor enorme, me viro pra ela com o melhor sorriso que consegui formar na minha cara, aceno e saio de casa.

Os dias tem sido cada vez mais insuportáveis por aqui. Não tenho falado muito com as pessoas, Denki está fora de questão, Mina e Midoriya não estão mais aqui e Bakugou anda muito ocupado agora, vive fora das aulas pois está recebendo um "treinamento intensivo diferente" do resto dos alunos, já que ele venceu o torneio, assim não estamos nos falando mais.

A morte de momo também abalou a todos na escola, a notícia veio como um choque, uma gota d'água na reputação da U.A, todos estão em cima da escola agora, a acusando de não proporcionar devida proteção aos alunos, a família da Momo está processando eles... lá está um verdadeiro inferno. Sem falar que todos nós fomos tratados como suspeitos, já que os primeiros acusados foram conhecidos dela.

Estou em um caminho diferente agora, não quero ir pra escola... não hoje.

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Passeio devagar sobre a beira da Rainbow Bridge, metade dela está destruída e abandonada, Tokyo está realmente se tornando uma cidade fantasma, não sei por que as pessoas ainda querem morar aqui.

Devagar me sento em uma das barras de proteção e fico encarando a água que está a metros de distância.

Hoje não faz sol, mas também não está tão nublado, o céu está meio castanho por causa da poluição e as nuvens são bem ralas, só uma pequena fumacinha pode ser notada.

Começo a me lembrar dos bons momentos que passei em diferentes partes da vida, os sorrisos, as poucas felicidades, minhas conquistas e também pelas coisas que sou grato de ter até o momento.

Me escoro na beirada da ponte.

Observo a água se movendo devagar pelas poucas brisas que afetavam sua superfície. O movimento de suas ondas era tão magnífico, a sua cor era tão bela e sua imensidão só me seduzia a seguir com o que eu queria fazer. Eu queria me afogar nesse azul até minha dor parar, até meus olhos não puderem mais abrir, até minha alma puder descansar.

Me curvo, segurando com apenas a mão esquerda na barra. Só soltar. Só soltar e tudo vai...

-Kirishima?

Uma voz familiar.... não pode ser...

-Mina?!

Olho pra trás e me deparo com uma garota de cabelos verdes, vestia um moletom azul, com uma calça jeans preta e um vans. Yumi Tasha. O que ela está fazendo aqui?

≈𝙼𝚒𝚛𝚛𝚘𝚛𝚎𝚍  𝚆𝚘𝚛𝚕𝚍≈Onde histórias criam vida. Descubra agora