Little Thief

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Povs Lauren

O que era para ser só mais uma noite se sono tranquila, começou a se transformar em noite de filmes de terror.

Vamos começar do início.

Já era umas duas e quinze da manhã quando eu cheguei do trabalho, tomei um banho demorado e me deitei com o intuito de dormir.

Teria conseguido, se o barulho de coisas caindo no andar de baixo não tivesse chamado minha atenção.

Normalmente eu teria deixado passar, pensando ter sido o vento e assim que o dia clareasse, eu iria arrumar. Mas os sons se repetiram mais três vezes e aquilo já estava me dando nos nervos, então me levantei e fui em direção a cozinha.

A princípio estava tudo normal, mas a bagunça no chão, armários e geladeira abertos, mostrava que tinha algo de errado.

Pequei um bastão de baseball, por ser a única coisa perto o bastante e capaz de me defender e contornei a bancada.

A figura de uma pessoa baixinha estava revirando meus armários e geladeira. Até pensei em bater na pessoa, mas parei no exato momento em que a mesma me olhou.

Acendi a luz, fazendo a garota loira tampar os olhos, seus dentes tremiam e seu corpo estava molhado, com alguns arranhões e manchas de sangue em sua roupa branca.

A preocupação falou mais alto que o medo que estava sentindo, então me aproximei da menina, que tremia e estava com um olhar assustado.

- Hey! - Chamei sua atenção, tentando me aproximar da menina, que recuou no mesmo instante. - Está tudo bem, eu não vou te machucar. Você está com fome? - Ela não me respondeu, então apenas abri um dos armários superiores, tirando um pacote de Doritos e entregando a mesma. - Você pode comer isso aqui por enquanto, eu vou fazer algo que te alimente de verdade.

Ela acenou levemente com a cabeça, e ainda sentada no chão, abriu o pacote do salgadinho e passou a comé-lo depressa.

Fiz algo rápido e prático, coloquei em um prato e pus o mesmo na frente da menina, que olhou para o alimento de forma desconfiada.

- O-o que é i-isso..? - Sorri ao ouvir sua voz baixa, porém melodiosa.

- Pode comer, é pizza. - Peguei uma fatia e levei até minha boca, para que a menina se sentisse motivada a comer e foi o que ela fez.

Com cuidado, a baixinha levou o lanche a boca, abrindo um sorriso de satisfação.

- Gostoso.

- Sim. - Meus olhos lhe estudaram por completo. - Quando você terminar, o que acha de tomar um banho e me explicar o que aconteceu? - Ela concordou com a cabeça.

Assim que terminamos de comer, levei a menina para o andar de cima, lhe mostrei o banheiro e deixei umas roupas minhas em cima da cama.

Fui para o meu quarto, me deitando debaixo das cobertas, afinal estava um frio maravilhoso para se estar quentinha na sua cama.

Ouvi uma leve batida na porta, o rosto da loira apareceu em meu campo de visão e ela me olhou por poucos segundos.

- P-posso entrar?

A chamei com um aceno de mão, logo a menina estava sentada ao meu lado, meu olhar já dava a entender que eu estava curiosa em relação a sua história, então ela suspirou e passou a me contar o que havia acontecido.

[...]

- Ally, isso é horrível, ninguém merece passar por tudo o que você passou.

- Nem todos pensam assim, Lauren. Algumas pessoas acham que eu sou um objeto e que podem fazer o que bem interessa comigo.

- Juro que se um dia eu encontrar esse tal Simon, eu vou socar a cara dele até sair sangue. Onde já se viu? Roubar uma criança, realizar experimentos e ainda por cima privar alguém te conhecer as coisas do mundo?

- Ele dizia que não era bom para os testes.

- Que se foda ele e os testes! - Ela me encarou assustada. - Me desculpe, eu não quis gritar. - Ela deu de ombros.

- Você foi a primeira pessoa que me encontrou e não me levou de volta para ele, obrigada por isso. - Sorri para ela, seus dentes voltaram a bater uns nos outros.

A chamei com a mão outra vez, para que ela pudesse se deitar ao meu lado e assim ela fez. Alinhou seu corpo ao meu, enquanto um dos meus braços passaram por trás de seu pescoço e a outra mão puxou um pouco do meu cobertor para cima de seu corpo.

Deixei um rápido beijinho em seus cabelos, lhe fazendo um carinho e ouvindo ela suspirar baixinho.

- Agora quem vai te proteger sou eu, pequena. - Ela sorriu e me roubou um selinho, o que me deixou surpresa, porém com um sorriso besta no rosto.

[...]

Ouvi a campainha tocar, pude ver que Ally se encolheu no sofá, ela odiava campainhas ou pessoas desconhecidas.

Abri a porta e me arrependi no mesmo instante. Um homem alto estava ali, ele não aparentava ser tão novo, porém também não era muito velho. Ele estava de terno, óculos escuros e dois homens, que mais pareciam armários, estavam lhe acompanhando.

- Pois não? - Perguntei o encarando.

- Acredito que você tem algo que me pertence.

- Como assim?

- Allyson Brooke. - Disse simples e só então eu reparei na peça de metal que estava presa a seu terno e nela estava escrito Simon Cowell. - Eu a quero de volta.

- Como tem tanta certeza que essa moça está comigo? - Perguntei com uma sobrancelha arqueada.

- Eu já vi você andando pelas ruas com ela e eu quero minha cobaia de volta, vou pegá-la de qualquer jeito.

Ele avançou seu corpo, com o intuito de entrar na minha casa, mas meu braço na porta o impediu de realizar tal ato.

- Eu não lhe convidei para entrar, que eu saiba, isso é invasão de propriedade, só não seria se o senhor tivesse um mandato.

- Pois eu irei conseguir um! - Disse bravo.

- Mesmo que consiga, você não é da polícia para entrar na casa das pessoas com um mandato!

- Eu irei ter a minha cobaia de volta, menina insolente. - Revirei os olhos.

- Quanto você cobra para deixá-la comigo para sempre e parar de nos importunar?

- De verdade? - Ele piscou os olhos surpreso.

- Anda logo que eu não tenho o dia inteiro.

- Trezentos mil!

Abri a pequena cômoda que havia ali, retirei trezentos mil contados na hora e entreguei ao velho irritante.

- Toma, agora some!

- Foi um prazer fazer negócios com você.

- Pena que eu não posso dizer o mesmo. - Dei um sorriso sarcástico, bati a porta em sua cara e tranquei a mesma.

Ally veio correndo em minha direção e pulou no meu colo, se agarrando a mim com força.

- Obrigada por não me entregar para ele. - Pediu com a voz abafada, por estar com o rosto em meu pescoço.

- Eu nunca faria isso, little princess. De agora eu diante será eu e você, minha pequena ladra.

Ela riu e uniu seus lábios aos meus, em um beijo calmo, repleto de gratidão.

É, com certeza a gente iria dar certo juntas.

One Shots [Alren]Onde histórias criam vida. Descubra agora