CAPÍTULO LVIII Internada

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Dias Atuais

Kate Moraes

Acordei com um barulho semelhante a uma buzina tranquila e baixa que julguei ser alguma máquina que estava ligada a mim e que certamente Jorie saberia o nome. Um lençol azul claro cobria meu corpo até a cintura e meu meu braço doia de estar na mesma posição. Sem querer abrir os dois olhos, busquei o que estava impedindo que minha mão saísse daquela posição.

Taylor. 

Era ele o objeto que com as duas mãos seguravam a minha mão direita. Puxei de leve para não o acordar, mas logo seus olhos se abriram seguido de um bocejo rápido. Bruscamente fechei meu olho, pois não queria ver seu rosto decepcionado, embora tivesse que ouvi-lo mesmo assim. Esperando pacientemente a bronca, sua mão passou por meus cabelos afastando-os do meu rosto.

_Obrigado por acordar. - Disse no meu ouvido com a voz transbordando gratidão e alívio. Senti seus lábios roçar a minha mão e depois cada um de meus dedos e imediatamente soube que não estava chateado comigo, por isso abri os olhos e sorri o mais lindo sorriso que eu conseguia, porém minha tentativa foi embargada pela pontada na cabeça que eu senti.

_Está com dor?

_Só um pouco.

_Sua mãe iria me matar se você não acordasse logo. - Ainda tenho que lidar com ela. Ri para aliviar a pressão antecipada que tomava conta do meu corpo. - É sério! Ela fez uma ameaça e tudo.

_Isso é a cara da Dona Elisangela.

_Sim. Preciso que você feche os olhos agora.

_Mas eu acabei de acordar.

_Só fecha os olhos mocinha. - Depois de uma careta, fiz o que ele me pediu. - Pode abrir.

Na minha frente havia um Atlas de Astronomia novinho e capa dura. Comecei a olhar cada parte e o alisar como se fosse um caro e chique vaso de porcelana.

_Ficou triste? Podemos trocar por outra coisa.

_De jeito nenhum. Como você sabia?

_Kaíque me contou, aliás, eu estava errado sobre ele como você falou.

_Mais um ponto para mim.

_Não sabia que estávamos numa competição.

_Se tratando em fazer suas convicções mudarem? - Arqueei minha sobrancelha ao perguntar. - Estamos com certeza. - Sua risada me fez lembrar o quão prazeroso era estar perto dele. Quem diria. O garoto problemático.

_Eu planejei te dar de aniversário, mas você resolveu dormir ao invés de aparecer nele.

Meu aniversário. Amigo da Jor. Clínica.

Não acredito que eu não consegui chegar bem. Agora terei que explicar aos meus pais. Mais não havia o que explicar eu só tenho pistas e ainda nem sei o que elas significam. Tudo me deixava ainda mais preocupada. Sem saber como agir, por causa da mudança de humor que essas lembranças me provocaram fiz uma pergunta já temendo a resposta.

_Tem muito tempo que eu estou dormindo?

_Exatamente quatro dias e três horas. - Ele disse olhando a tela do celular. - O que você pensava que estava fazendo?

_Testando para ver se eu aprendi a pilotar. - Menti.

_Sem sombra de dúvidas a essa afirmação você já está vendo uma resposta negativa. - Ah se ele soubesse que não foi por causa disso que eu caí. - Como resultado temos uma cirurgia às pressas no cérebro e arranhões pelo braço. - Vendo meu olhar ele respondeu antes que eu perguntasse: - Sua cabeça teve um corte superficial, eles tiveram que raspar uma parte para poder fazer a cirurgia e retirar alguns estilhaços que entraram. Por algum milagre eles não lhe causaram nenhum mal e você está viva. - Não isso não é um milagre. É um castigo. Eu preferia ter morrido, pelo menos Jorie me diria o que ela queria dizer com o código. Seu olhar se intensificou e ele me beijou de forma suave.

_Nunca mais faz isso! - pediu e passou um braço em volta da minha cintura e outro da minha coluna. Apoiei a cabeça no seu peitoral e respirei fundo pensando que eu não podia parar agora.

_Bem, é caindo que se aprende.

_Então eu não quero mais que você aprenda. Não se for sair e andar sozinha.

Antes que eu respondesse minha mãe entrou no quarto iniciando o que realmente seria a minha primeira bronca do dia. 

 

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As estrelas podem ser perigosas [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora