CAPÍTULO XIII Traços

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Dias Atuais

Kate Moraes

O dia passou rápido. Aproveitei o tempo restante para organizar o meu quarto. Já é quase 00h e percebo que ao me olhar no espelho ainda vejo traços de quem eu fora: o nariz arrebitado (quase como se eu já nascesse fungando as coisas a todo momento e devido ao excesso, ficado dessa forma para sempre), o mesmo rosto fino, os mesmos olhos rápidos, fofoqueiros e observadores. Que não foram observadores o suficiente para ver a Maria fumaça se aproximando!

_Laurensmile kate, para de se culpar, você já estava seguindo um longo caminho, no seu processo de cura. Não pode ter sido somente culpa sua! - Repito para mim mesma vezes o suficiente para que eu acredite e por fim, se torne uma verdade gravada no meu telencéfalo.

Quando falávamos sobre a beleza, a Jorie sempre mudava de assunto. Mas eu sempre puxava o mesmo assunto nos outros dias, até que ela percebesse que podia confiar em mim para falar sobre aquele e todos os outros assuntos. Até que um dia ela falou que não se sentia bonita, porque as pessoas nunca olhavam para pessoas com o tom de pele dela e chamavam de linda, então talvez ela de fato não fosse. Minha alma foi dilacerada quando ela confessou isso, porque a minha inspiração de beleza era ELA, se eu pudesse daria meus olhos a ELA, pois eu só queria que ela se visse como eu a via. Ela era linda demais para não ser notada. Caso as pessoas não comentavam sobre isso para ela é porque eles tinham inveja. E eu a lembraria todos os dias de sua beleza. Nesse mesmo dia cantei Fireworks para ela até cansar e pegarmos no sono.

Ao abrir os olhos, pisquei inúmeras vezes na tentativa de afastar as lágrimas que já pronunciavam sua presença, e os mesmos são atraídos por uma caixa enorme em cima do guarda roupa.

Doação.

Provavelmente minha mãe estava escolhendo por mim quais coisas eu queria doar. Como uma raposa curiosa, decidi pegar a caixa, mas realmente minha mãe me conhecia, porque não havia nada demais: Roupas que não uso a muito tempo, livros que ganhei e não gostei, lençóis que nem me lembrava que existia e lá no fundo como se tentasse se esconder, minha mochila daquele ano letivo.

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As estrelas podem ser perigosas [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora