CAPÍTULO XLIII Monstro da Areia

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Dias Atuais

Kate Moraes

Dois anos de amizade e eu nunca tinha percebido isso.

Que tipo de amiga eu sou? Será que ele permaneceu a amizade para ver até onde iria dar? Será que em algum momento demonstrei algo mais sem que eu perceba? Será que eu também sinto algo? Era a única coisa que eu conseguira fazer toda a tarde.

PENSAR.

E não consigo chegar à conclusão nenhuma.

Todas as dúvidas estavam rodando em minha mente.

Isso não vai resolver metade dos problemas que já tenho, então por que passar muito tempo nisso? Tenho que fazer algo que adiante a minha vida, que me ajude a entender Natt22 e não que atrase ainda mais! Correr era sempre a melhor opção se tratando de enigmas.

***

Meu joelho doía e eu estava esparramada no chão. DA PRAIA. Tinha areia em qualquer lugar imaginável (isso aí lugar mesmo), sem contar que e eu ainda estava suada.

Que sorte a minha.

_Smile? Smile?- ouvi a voz de Caíque bem no fundo.- fala comigo. Consegue me ouvir?

Eu caí?! Ah não vai me dizer que eu caí?! Que mico. Parece que sou uma daquelas meninas patetas que sofre de amor platónico.

_Acabei de concluir que entrou areia em meu ouvido.

Olhei para ele e vi se formando uma covinha. Ele estava rindo. Eu caí e ele estava rindo? Que ótimo. Joguei areia em seus olhos.

_ Como isso aconteceu? - Perguntei tentando me limpar.

_Foi a mesma pergunta que fiz por cinco minutos atrás. - Ele retirava areia de meus ombros. – Vi quando você tropeçou com o pé direito, e por estar na beirada da calçada caiu e bateu com a cabeça naqueles cocos que ficam ali embaixo e veio rolando até aqui. – Fiquei boquiaberta.

Ele realmente reparou todos os detalhes.

_Da para você parar de rir?

_Não! Aliás quem tropeça no próprio pé?! - Vi pelos seus olhos que ele realmente estava entusiasmada e não pude tirar a razão dele.

_ Só eu com certeza. - E acabei caindo na gargalhada também. Eu estava me coçando toda. Céus. Essa areia nojenta. Comecei a tirar o tênis e a bermuda e preguei ele olhando para mim incrédulo. Arqueei as sobrancelhas e sorri desta vez provocando-o. 

Smile esse é um jogo perigoso demais. - Adverti a mim mesma. 

_O que está fazendo?

_Tirando a bermuda.

_Isso eu sei. Não era exatamente essa a pergunta. - Disse, parecendo estar com vergonha do que queria realmente perguntar. Senti seu olhar me encarar da mesma forma de antes, como se não estivesse consciente do que estava falando. Eu posso responder sim a isso, mas eu preciso que ele me pergunte com todas as palavras, se não acharei que é coisa da minha cabeça. Mesmo tendo mil afirmações, não creio que outra Estrela massiva se interessaria tanto por mim quanto Jorie... Não mereço tanto.

_ Não acha que sou idiota suficiente para ir até em casa parecendo o monstro da areia, né?! - Ele distanciou o olhar e focou no horizonte. - Olha o suor fez tudo grudar em mim têm até chiclete no meu cabelo.

_Por um momento pensei que você ia se jogar em cima de mim. - Confessou. Eu não sabia como lidar com essa informação. Se ele achou isso será que é porque esperava que isso acontecesse ou foi só uma afirmação já que disse com tanta naturalidade? Seria uma deixa?

_Haha. - Meu deboche foi tão sem graça que juro que ele notou algo. - Desculpe se não cumpri com suas expectativas. - Completei com um tom mais sarcástico, buscando amenizar a situação. Quando vi ele já estava sem blusa e tirando o tênis.

_Então vamos lá monstro da areia. - Disse pegando minha mão e corremos em direção ao mar onde mergulhei até ficar com o corpo submerso.

_Ainda têm chiclete no meu cabelo.

No momento em que ele tocou meus ombros senti um afeto diferente. É como se ele sempre esteve presente para me ajudar. A vontade de abraça-lo por me fazer sentir isso foi tão grande que percebi um nó descendo pela garganta. Foi uma sensação que não sentia desde quando minha Jorie se fora. Notei lágrimas brotando dos olhos e tive que piscar para que ele não me visse chorando.

_Tudo bem boneca da areia? - Perguntou olhando no fundo dos meus olhos e as lágrimas retornaram aos meus olhos. Ele sabia como tirar a verdade de mim. Eu não posso chorar sem ter mais coisas para conta-lo.

_Monstro! - Corrigi-o.

_Boneca combina melhor com você até porque se fosse monstro não iria tropeçar daquela forma. - Disse ele rindo.

Rimos mais um pouco, até ouvirmos a sirene policial. O homem caminhou até a areia e começou a gritar:

_Saiam da água agora!

Eu e Kaíque trocamos um olhar de: _am???

_Saiam da água. - Repetia com o tom mais grave. 

_A água está contaminada, têm código florestal ou algo assim?

_Acho que não! Veja as pessoas que estavam aqui desde que chegamos continua na água, se tivesse algo do tipo eles já teriam vazado. O problema é com a gente.

_Pode me falar o que você fez - Dei um soco no braço dele- Robou alguma coisa?

_Para que eu iria roubar alguma coisa? E se eu tivesse roubado cadê? -No momento em que ele terminou a frase lembrei do que tinha feito.

_Ah meu Deus não acredito.

_O que? Fala logo você está ficando pálida. - Kaíque estava começando  a ficar estressado.

_Não estou de biquini. - Revelei.

_Isso eu sei. Que diferença faz? Não é a mesma coisa que calcinha e Sutiã? - Sim Kaíque, mas isso não muda a nossa situação.

_Atentado ao pudor seu burro!

_Acho isso tudo uma grande idiotice. 

_Deu para perceber!- Exclamei e ele olhou de uma forma que me fez parar de comentar a mesma coisa.

_O que vamos fazer? Não podemos ficar de baixo d'agua até o turno deles acabar temos que ir até lá e fingir que nada está acontecendo. Até porque não está acontecendo mesmo. Fique atrás de mim! - Intimou.

_Para que eu vou ficar atrás de você? A era do sexismo já acabou.

_Só faça o que eu falei- Disse entre os dentes- Algum problema senhor policial?

_Quem faz as perguntas aqui sou eu. Vocês estão detidos.

_Am?- Sem mais nem menos como sinal de quem perdeu a paciência o policial puxou-me para viatura sem dar tempo para que eu pegasse minha bermuda e meu tênis. 

 

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As estrelas podem ser perigosas [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora