JACKSON
O dia não estava sendo produtivo, por mais que procurássemos nunca achávamos pistas. Não havia nada, nem imagens de câmeras, nem rastros, nem mesmo um pingo de sangue, digitais, marcas de luta. Nada.
Estamos na estaca zero há 250 dias.
Normalmente seriais killers deixam sua marca no local do crime, como uma assinatura para se gabar de que fizeram o serviço bem feito.
São inteligentes, se escondem a plena vista, todos o veem, mas ninguém desconfia o que ele é.
Alguns não possuem nenhum traço psicopatológico que os liguem a qualquer tipo de crime, e alguns são completamente pirados, irracionais e até mesmo ambiciosos. Estes, por sua maioria são mais fáceis de achar, já que são descuidados, não se preocupam com vestígios ou até mesmo se deixarão suas impressões digitais em algum lugar.
Meu chefe não acredita que estejamos de fato lidando com um assassino em serie, já que os intervalos de desaparecimentos de mulheres chegam a ser mais de um ano.
Ele acredita que não seja a mesma pessoa. Eu penso o contrário, há um padrão, sempre há.
Estou lidando com um criminoso extremamente meticuloso, inteligente.
Ele está misturado, em algum lugar onde todos gostem dele. Um lugar publico, seguro. Cheio de pessoas.
Está logo abaixo do meu nariz, mas não consigo vê-lo, pois o desgraçado não teve um único deslize sequer.
— Agente Chadwick. — a voz de meu chefe tira meus olhos e atenção do computador.
— Passou a noite toda aqui? Está com olheiras.
Esfrego os olhos com as mãos e seguro um bocejo.
— É, passei sim.
— Você sabe que este caso está per...
— Irei encontra-lo. — o interrompo antes que ele prossiga. Eu não aceitaria que um filho da puta desse permanecesse livre.
— Jackson... a garota provavelmente está morta, tem que aceitar isso e encerrar o caso.
Só pode ser brincadeira.
Reviro os olhos levemente e deixo que um longo suspiro escape de meus lábios. O cheiro do café nas mãos dele invade minhas narinas e me lembra de que estou com fome.
— Se não há um corpo, não há um morto. Você mesmo me ensinou isso.
— É, mas quando temos provas em algum lugar. Que tipo de serial killer permaneceria tanto tempo com uma vitima? Você não tem nenhuma prova Jack, uma única prova. É um caso perdido rapaz! — Ele diz colocando o copo de café em cima de minha mesa. — Beba, e vá para casa descansar, depois volte e encerre o caso. É uma ordem.
— Mas senhor ainda há temp...
— Jackson, apenas faça o que eu mandar. Um assassino em serie não mantem as vitimas reféns por muito tempo. Todas as garotas que foram sequestradas nesta cidade apareceram mortas, e nunca achamos uma única pista.
— É exatamente por isso que tenho quase certeza que é o mesmo cara, o mesmo filho da puta que sequestrou essa tal de Julie também sequestrou as outras. Elas ficavam quase um ano encarceradas e então simplesmente apareciam mortas em lugares diferentes. Ele tem um padrão, ele não gosta de matar de forma rápida, ele gosta de tortura-las. — Eu sabia que minha intuição estava certa, só precisava que meu chefe acreditasse em mim. — As outras tinham as mesmas marcas, ele não é apenas um assassino, é um estuprador. Como vamos deixar um cara desses solto, senhor? E as famílias das vitimas, estarão sempre esperando por um tipo de justiça que nunca chegará por que o senhor que me obrigar a fechar o caso. Eu não vou desistir desse caso. Irei achar a garota, e achar o assassino, e o senhor vai ver que minha intuição raramente falha.
Todos que estavam chegando pararam para ouvir a conversa, mas eu não me importava. Eu não queria os olhares ou a atenção dos meus colegas de trabalho, queria resolver o caso fazer justiça para as mães que perderam suas filhas. Esse é o meu trabalho. É o motivo de eu levantar da cama todos os dias. Acharei uma pista, acharei esse desgraçado e farei com que ele pegue prisão perpétua.
Meu chefe suspira e balança a cabeça em negativa.
— Você tem 10 dias para encontra uma pista, se não encontrar, irá encerrar o caso. Essa garota não tem uma família para ser avisada, os pais morreram e seus únicos patentes vivos moram no Canadá. Mas você irá até o hospital passar a noticia de que as buscas foram encerradas. Estamos entendidos, agente?
— Sim senhor.(...)
Dois dias perdidos em busca de alguma pista, qualquer coisa que pudesse ser uma chance para a garota. Porém, mais uma vez, não havia nada.
Talvez, eu estivesse procurando no lugar errado.
— Cara, já estamos nessa faz tempo, não tem nada aqui no apartamento dela.
— Talvez não Matthew, mas em algum lugar tem que ter. Vamos começar do zero.
Meu parceiro arregalou os olhos e levantou as mãos em direção ao céu tão rápido quanto as abaixou, fazendo com que suas mãos batessem levemente nas laterais de suas coxas.
Matthew era o tipo de cara que todas as mulheres se jogavam em cima; cabelos pretos, olhos de um azul esverdeado, alguns trações italianos e o corpo definido, além de uma personalidade forte e engraçada.
Mas o conheço bem demais, sei que quando é preciso, Matthew McCreary se tornava uma maquina de matar. Era disciplinado e observador, por isso eu o havia escolhido como parceiro assim que ele entrou, dois anos atrás. Hoje, somos melhores amigos.
— Não pode estar falando serio. — retrucou ele e cruzou os braços.
Apenas o encarei por alguns segundos. Ele riu, insatisfeito.
— É, você esta.
— Vamos então?
— Se eu perder meu emprego por sua culpa, com essa sua mania de desobediência ao chefe, eu te mato.
Rimos e entramos no carro, dou partida e logo pegamos a avenida principal.
Começaríamos do zero, voltaríamos a todas as opções passadas e veríamos se deixamos algo passar.
Então, seguimos caminho até o hospital.
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Fragmentada (PAUSADA)
RandomHá exatos 257 dias, Julie Andrews, de 19 anos, não vê a luz do sol. Confinada em um quarto sem janelas, a enfermeira mantém a mente ocupada, buscando uma forma de não enlouquecer. Ou coisa pior. Sem qualquer contato com o mundo fora daquele quarto...