TERRITÓRIO DO MAINE, 1809 (parte três)

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Esse é o último capitulo com esse título kkkkk, decidi fazer a anotação aqui no começo do capitulo hoje para avisar que eu sei que não estou postando muito, mas prometo que vou tentar ser mais ativa. Estou em semana de provas na escola então é meio complicado. É isso bjs

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Cresceu uma grande amizade entre nós, Jonathan e eu, durante a infância. Nós nos encontrávamos depois das cerimônias aos domingos e em eventos sociais, como casamentos ou até funerais, ou quebrávamos as regras e caminhávamos para dentro da floresta para podermos concentrar nossa atenção um no outro. Cabeças balançavam em sinal de desaprovação e, sem dúvida, muitas línguas se rendiam às fofocas, mas nossas famílias nada fizeram para impedir nossa amizade ou, pelo menos, não fui informada disso.

Foi nessa época que percebi o quanto Jonathan era mais solitário do que eu imaginava. Os outros meninos procuravam a companhia dele muito menos do que eu pensava e, da parte de Jonathan, quando um grupo chegava perto de nós nos eventos sociais, ele os debandava. Lembro-me de em uma ocasião, numa reunião da igreja durante a primavera, que Jonathan se desviou quando viu um grupo de garotos vindo em nossa direção. Não tinha ideia do que aquilo significava e, após algun minutos de ansiosa contemplação, resolvi perguntar.

Por que preferiu caminhar por aqui? — perguntei. — É porque tem vergonha de ser visto comigo?

Emitiu um som, zombando de mim.

Não seja estúpida, Jojo! Posso ser visto com você agora. Qualquer um pode nos ver caminhando juntos.

Isso era mesmo verdade, e um alívio. Mas não podia deixar de saber a razão.

Então é por que você não gosta deles, daqueles garotos?

Não é que não goste deles — ele respondeu irritado.

Então é por que...

Ele me cortou.

Por que está me questionando? Acredite no que estou dizando. É diferente para os meninos, Jojo, e isso é tudo.

Ele começou a andar mais rápido e eu tive que erguer um pouco as saias para alcançar o passo dele. Ele não havia me explicado a que maldito "diferente" se referia: o que era diferente para o garotos? Tentei imaginar. Quase tudo, até onde conseguia enxergar. Os meninos podiam ir para a escola, se a família tivesse condições de pagar as taxas de seus tutores, enquanto a escolaridade das meninas não passava daquilo que as mães conseguiam lhe ensinar: as artes domésticas da costura, limpeza e cozinha, talvez um pouco da leitura da Bíblia. Os meninos podiam lutar entre eles só para se divertir, correr e brincar de pega-pega sem o desconforto das saias compridas, andar a cavalo. É verdade que eles tinham tarefas mais difíceis e que precisavam aprender todo tipo de coisa; uma vez, Jonathan me contou que seu pai o fez consertar a base do depósito de gelo, pedra e argamassa, só que para que soubesse um pouco sobre mercenária, mas, a meu ver, a vida de um garoto era muito mais lire. E aqui estava Jonathan reclamando disso.

Queria ser um menino — murmurei, quase sem fôlego, tentando manter o ritmo dele.

Não queria nada — respondeu sobre os ombros.

Não vejo o que...

Ele se virou para mim.

E seu irmão, Nevin? Ele não gosta muito de mim, gosta? — Eu parei, atônita. Não até onde me lembrava, Nevin não gostava, nem nunca gostou de Jonathan. Lembro-me da briga com Jonathan, de como Nevin voltou para casa manchado com uma casca de sangue seco em seu rosto, e do orgulho silencioso de meu pai.

Ladrão de Almas [Joaley adaptation]Onde histórias criam vida. Descubra agora