Capítulo XXII:Lagrimas no outono

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" O vento balançava as árvores e arrancava suas flores, as flores brancas me lembravam sua pureza quando a conheci, as amarelas me lembravam o brilho que tinha em seus olhos e as rosas me lembravam seus lábios e suas bochechas, que ficavam rosadas todas as vezes que eu lhe elogiava."

Foi na madrugada fria, com apenas uma vela iluminando o papel, que Jung Hoseok escreveu, entre lágrimas, as lembranças que ainda tinha sobre sua esposa.

Ele lembra do fatídico dia que recebeu a pior notícia de sua vida. O outono já estava indo embora, as folhas das árvores já tinha caído por completo, aquela tarde era dominada por bebidas quentes e grossos casacos, Hoseok estava no jardim cuidando das plantas que ainda tinham sobrevivido aos fortes ventos da madrugada quando o jovem René, um dos criados, veio correndo até o jardim carregando em suas mãos uma carta.

- Calma, René! Pode acabar pisando nas plantas.

- Desculpe, senhor Jung- René tentou falar enquanto recuperava o fôlego- Isso chegou para o senhor- o garoto entregou uma carta para o burguês.

Hoseok limpou suas mãos antes de pegar na carta, tirando quase todo o barro que tinha em suas palmas, quando ele viu o sinete que fechava a carta ele abriu um enorme sorriso.

- É uma carta dos Müller! Deve ser Teresa... Será que criança nasceu?!- perguntou animadamente para René, que deu de ombros.

A primeira parte da carta fez com que ele pulasse de alegria ao saber que sua mulher tinha dado a luz, era uma menina, uma garotinha que tinha como destaque os seus olhinhos apertados, contudo a última parte da carta fez com que o jovem pai, literalmente, caísse no chão sujo de terra.

Teresa Müller era tão jovem tão cheia de vida, mas sua criança no lugar de trazer benção trouxe uma maldição para si. Os gritos não eram suficientes para expressar sua dor, as parteiras lhe deram um pano para que ela mordesse e para que pudesse tentar transferir a dor, porém não adiantava. Foram horas de gritos ensudecedores e horas de dores contínuas, Teresa já não tinha mais sangue, estava branca como papel, mas finalmente a criança nasceu, era uma linda menininha de olhos apertadinhos, como o pai.

Os gritos de Teresa não pararam, na hora de amamentar foram mais gritos de dor, ela não tinha leite, a criança sugava seu peito mas nada saia, a criança chorava com fome e Teresa chorava de dor, ela só queria que seu marido estivesse ali para tentar acalma-la, tentar conter suas lágrimas com palavras de apoio, mas Paris era muito longe da mansão dos Jung. Era mais de meia noite quando uma das servas começou a gritar desesperada: " ela não está respirando, ela não está respirando!!", Todas as pessoas da casa acordaram desesperadas para saber o que estava acontecendo, ela não respirava mais... Teresa Müller não respirava mais, o parto foi algo muito difícil para ela, o nascimento de sua filha levou todas as suas forças, levou todo o sangue que a jovem ainda tinha, Teresa não aguentou...

~🌺~

Quando Hoseok recebeu a notícia todos da aldeia conseguiam escutar os seus gritos, gritos de angústia, dor, tristeza e raiva, lágrimas pesadas eram derramadas por ele, a raiva o consumia de tal jeito que fez com ele destruísse todas as plantas que ele mesmo estava lutando para continuarem vivas, pessoas tentavam o acalmar mas ele só sabia gritar.

- Me soltem!! Eu quero vê-la, eu preciso ver ela e a minha filha!!- Hoseok se debatia tentando sair dos braços dos homens que o seguravam

- Hoseok, calma, eu sei como é, mas você precisa ficar calmo- A senhora Jung não conseguiu conter as lágrimas, ver seu filho naquela estado acabava com ela

- A minha mulher morreu mãe... Ela morreu!!- Cada palavra fazia com que Jung derramasse cada vez mais lágrimas- O que eu vou fazer agora?!! O que vai ser de mim?!!

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⏰ Última atualização: Mar 01, 2020 ⏰

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