3﹆๋ Estarei aqui

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⠀Nós entramos dentro de casa e Felix foi primeiro. Assim que eu fechei a porta comecei a falar.

⠀— Achei que chegaria mais cedo. — disse sorrindo para Felix assim que fechei a porta — Eu só ia ver o Minho, mas aí nós começamos a andar e... — parei de falar quando fui interrompida.

⠀— Eu não tô nem aí, Nayoung. — ele disse sério, de costas pra mim — Eu não quero saber.

⠀Eu fiquei surpresa, e depois sem graça. Eu só estava tentando conversar com ele, não tinha a intenção de incomoda-lo.

⠀— Ah. Desculpa. — eu disse com a mão na nuca e um sorriso amarelo.

⠀O Lee suspirou pesado e deixou que seus ombros caíssem.

⠀— Me desculpa. Eu não quis ser grosso. — Ele virou apenas o rosto podendo me olhar de canto — Eu só tô meio estressado e cansado agora. Eu vou descansar, e se quiser, pode me contar sobre isso depois. — ele sorriu um pouco.

⠀— Não. Eu não acho que você queira ouvir sobre mim e o Minho. — eu disse ainda sem graça — É melhor você ir descansar, agora. Parecia exausto desde o fim da aula.

⠀Ele assentiu com a cabeça e andou em silêncio até o seu quarto.

⠀Eu odiava como as coisas entre mim e Felix ficavam cada vez mais estranhas. Eu queria ir até seu quarto e perguntar se ele estava realmente bem, mas talvez eu não fosse a melhor pessoa para fazer isso naquele momento.

⠀Me deitei no sofá e me afoguei em pensamentos sobre a minha vida. Alguns minutos depois, minha mãe chegou de seu emprego com algumas compras, eu me levantei e fui ajudá-la a retirar tudo do carro e guardar na cozinha.

⠀Depois que tudo estava em seu devido lugar, ela preparou algo simples para comermos enquanto eu a observava sentada no balcão.

⠀Conversamos sobre nossos dias, e logo a comida estava pronta. Ela pôs um prato na minha frente, mas eu estranhei quando ela pôs um segundo igual àquele.

⠀— Felix já está em casa, certo? Leve a comida pra ele. — ela disse gentil, como sempre.

⠀Eu encarei aquele prato e relembrei de alguns dos nossos encontros durante o dia.

⠀— Mãe, eu acho melhor você levar.

⠀— Ué. Por que? Vocês brigaram? — ela perguntou se sentando na mesa.

⠀— Não exatamente... eu só não acho que ele queira me ver agora. Pareceu estressado mais cedo. Eu só não quero incomodar ele. — digo com um sorriso triste.

⠀Ela me olhou com pena e manteu o silêncio.

⠀— Seja lá o que for... — a mais velha iniciou a frase docemente, mas logo mudou o tom — ... parem de frescura e se resolvam. Ou querem usar aquelas "camisetas da união" que os pais fazem os filhos usarem quando eles brigam?

⠀Eu desisti de tentar explicar a situação pra minha mãe e obedeci. Peguei o prato e fui até o quarto que já era do australiano há alguns meses. Fiquei relutante quando estava perto da porta, mas ignorei tudo, e bati na mesma.

⠀Porém, não obtive resposta.

⠀Eu abri a porta devagar e olhei pelo pequeno espaço entre ela e a parede. Felix estava deitado de barriga pra cima — nem havia tirado os tênis — com um dos braços cobrindo seus olhos. Eu abri mais a porta, tendo o espaço suficiente pra passar, e a fechei, pra ter certeza que ela não iria bater e acordar o garoto. Me aproximei da cômoda ao lado da cama e deixei o prato ali, mas quando me virei para voltar a cozinha, senti a mão do Lee segurar levemente o meu pulso.

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