4﹆๋ De novo

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⠀Por alguns minutos, enquanto Felix se arrumava, confesso ter ficado insegura da minha decisão. Dúvidas surgiram na minha cabeça e eu pensei em sair com Minho, ou até mesmo fazer como naquelas séries sitcom, onde a personagem — completamente fora-da-caixa — tenta estar em dois lugares ao mesmo tempo.

⠀Mas me distraí de todas essas idéias mirabolantes e preocupações quando um cheiro familiar adentrou minhas narinas. Olhei pra trás e vi o Lee descer as escadas com um sobretudo, e um casaco nos braços.

⠀— Caraca! Derrubou o frasco de perfume todinho em cima de sí mesmo, foi? — brinquei já sabendo de onde vinha aquele cheiro maravilhoso.

⠀— Tô cheiroso, né? — Felix disse orgulhoso e eu mostrei a língua não querendo admitir que, sim, estava cheiroso.

⠀Pegamos todo o necessário como, bolsa, chaves e etc. E logo partimos para o nosso destino.

⠀Fomos de ônibus, e demos sorte dele não estar cheio. No tédio, eu desenrolei os fones que estavam no meu bolso, coloquei um deles no meu ouvido, e o outro no de Felix que arrumou o objeto para que não caísse. Liguei o celular, e deixei que uma música aleatória da minha playlist tocasse.

⠀Em um certo momento, eu olhei as pequenas mãos de Felix, e elas se mexiam na mesma batida que a música tocada no fone. Eu ri vendo aquilo, e ele percebeu.

⠀— O que? — ele perguntou sorrindo junto, mesmo sem ter ideia do que se tratava.

⠀— Você dançando com as mãos. — eu disse achando fofo — Não consegue ficar parado. — ele riu envergonhado.

⠀— Não mesmo. Já é automático. As vezes eu tô focado em outra coisa, e quando noto meu pé tá se mexendo pra lá e pra cá. — Felix explicou.

⠀— Não vejo a hora de te ver em alguma apresentação. — eu disse.

⠀— Nem eu. — respondeu com um sorriso — Aliás, por falar em música, eu vi um violão no cantinho do seu quarto esses dias...

⠀— A-ah, isso... — quis parar o assunto por ali, mas o olhos brilhantes do garoto ao meu lado pediam por um esclarecimento. Eu suspirei fundo e decidi contar uma mentira, apenas para não haver outros questionamentos sobre o assunto que mr incomodava — Eu já tentei aprender a tocar, mas eu não tive paciência.

⠀— Ah, entendi. Bom, eu sei tocar piano, sabia? — ele disse.

⠀— Ih, tá querendo se exibir, é? Eu hein, não vou te dar biscoito não, garoto. — debochei e ele me riu e me empurrou de leve com o ombro.

⠀Depois de mais alguns minutinhos, nós já estávamos dentro do shopping procurando pelo cinema.

⠀Depois de algumas voltas naquela imensidão de capitalismo puro, encontramos o cinema.

⠀— Tem alguma coisa específica que queira assistir? — Felix me perguntou.

⠀— Você disse que já tinha um filme que queria ver. Eu só vim porque queria desestressar, e faz tempo que a gente não sai junto.

⠀Eu tinha acabado de me tocar: Minkyung estava certa. Eu mal saio com o Felix.

⠀— Tudo bem, então... — ele apontou para os grandes cartazes — É aquele.

⠀A imagem mostrava alguns personagens em um lugar que não consegui identificar, mas era escuro.

⠀— É de terror? — perguntei.

⠀— Sim. Por que? Tem medo? Se quiser eu compro uma pelúcia pra você abraçar durante o filme, e não ficar com medo. — ele disse zombando.

⠀— Haha, engraçadão você. Eu não tenho medo de filme de terror, mas você eu duvido que não. Se assusta com tudo. — respondi e ele se emburrou. Era verdade, Felix parece um gatinho assustado.

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