11﹆๋ De volta aos trilhos

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⠀No dia seguinte eu não tive coragem alguma pra levantar da cama e enfrentar as pessoas lá fora. Eu só queria ter a habilidade de dormir por mais de doze horas, ou melhor, hibernar até a próxima estação.

⠀Embora eu tenha tentado dormir mais e esquecer tudo, aceitei a realidade de que eu não podia simplesmente entrar no meu livro favorito e viver a vida perfeita do personagem. Mesmo assim, parecia que as coisas não paravam de dar errado. Eu me atrasei pra pegar o ônibus e acabei entrando no errado. A parada mais próxima ainda era longe da universidade, e a imbecil aqui perdeu boa parte da aula.

⠀Yebin e Siyeon decidiram que iríamos faltar todas juntas, isso, por meio de mensagens que eu nem pensei em ler depois da noite passada. Depois de saber que eu passaria o resto das aulas sozinha, quase desisti de ficar em outro lugar que não fosse minha cama, porém eu ainda era Lim Nayoung, essa que não gosta de perder aula.

⠀Pra melhorar o meu humor, o céu cinzento, que eu não tinha notado pela correria de mais cedo, começava a mostrar nuvens escuras. Uma garoa se iniciou e foi ficando pior conforme as horas passavam.

⠀Eu havia decidido ficar nas aulas, mas eu sequer conseguia prestar atenção na pessoa que falava sobre um assunto relacionado ao meu curso. Minha mente só conseguia focar no meu cansaço e em uma certa dúvida que eu tinha criado na noite anterior.

⠀Quando a aula chegou ao fim eu me lembrei que não tinha guarda-chuva algum. Respirei fundo, me arrependendo amargamente de ter levantado da porcaria da cama.

⠀Achei que seria uma boa idéia imitar as pessoas que corriam pela densa chuva com mochilas ou cadernos acima de suas cabeças, mas acabei exatamente como elas: debaixo de uma árvore, decidindo se era melhor voltar para o prédio da universidade ou arriscar me molhar mais ainda tentando chegar ao ponto de ônibus mais próximo.

⠀Eu olhava para o caminho que eu teria que fazer, traçando a melhor rota, mas notei uma segunda pessoa perto de mim quando ouvi o barulho das gotas de água caindo contra um guarda-chuva. Encarei a pessoa que estava parada à minha frente e não pude evitar me surpreender um pouco.

⠀Felix apontou com a cabeça para o espaço vago ao seu lado debaixo do seu guarda chuva preto. Eu acabei me distraindo quando olhei para os curativos em seu rosto.

⠀— Será que a madame Lim poderia acompanhar este cavalheiro em sua jornada até o estabelecimento comercial mais próximo? — Abri um pequeno sorriso e levantei uma das sobrancelhas pelo garoto usar termos tão formais e antigos — Tem uma loja de conveniência do outro lado da rua. Cabem dois aqui, poxa. — ele disse se referindo ao lugar debaixo do guarda-chuva.

⠀Ri soprado mas aceitei sua proposta.

⠀Em pouco tempo nós chegamos na loja de conveniência citada anteriormente.

⠀Eu já esperava que Felix tivesse me chamado pra conversar, afinal, muitas coisas que foram deixadas de lado acabaram se tornando uma grande bagunça. Esperei pelo garoto em uma das mesas perto da vitrine, ele estava procurando por algo que pudesse conter sua fome por algum tempo.

⠀Ele se aproximou e se sentou na cadeira ao meu lado. O vi colocar um lamén na minha frente e outro a sua. Eu o olhei confusa, já que não havia pedido por nada.

⠀— Você não comeu, não é? — Ele perguntou, quase que certo de sua resposta.

⠀— Claro que comi. — Menti.

⠀— Sério? Porque eu não te vi comer o dia todo. — Ele argumentou.

⠀— Você ficou me observando o dia todo, Lee Felix?

⠀— Esse não é o ponto, Lim Nayoung.

⠀Suspirei e admiti que realmente não havia ingerido nada além de água naquele dia. Aceitei o lamén e nós dois começamos a comer com apenas o barulho da chuva cada vez mais agressiva.

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