...Charlie abre uma fresta da porta de vagar e eu o vejo arregalar os olhos para a cena, ele fecha a porta e por um instante penso que ele não iria me ajudar, mas ele começa a bater na porta.
—O que tá acontecendo ai dentro? - ele diz em um tom alto do lado de fora, sem obter resposta. - Se não vai me responder vou chamar o diretor para vir ver o que está acontecendo! - O faxineiro faz sinal para que eu fique quieta e sai sozinho, fechando a porta atras de si.
—Posso saber o motivo do seu escândalo? - consigo ouvir meio abafado.
—Ouvi barulhos, achei que algum aluno estivesse ai dentro.
—Não, apenas derrubei algumas coisas. Se me da licença.
—Na verdade, vomitaram no banheiro, vim pedir pro senhor ir limpar.
—Certo, vou em um instante.
—Aquilo está nojento, alguém pode vomitar por cima e...
—Ok, ok, espere. - ele abre a porta puxa seu carrinho, me encara com um olhar fuzilante e sai.
Ouço Charlie dizendo algo sobre como o vomito está nojento e sua voz vai ficando distante, espero um tempo para ter certeza de que não estão mais ali mesmo, me recomponho (na medida do possível) e saio. Os corredores já estão ficando vazios porque o curto intervalo de 15 minutos já havia acabado, mesmo sem muito estrutura para isso me dirijo para a sala, pois já sei que o faxineiro deve estar pelos banheiros.
Entro e me dirijo para o fundo me sentando e abaixando a cabeça, ouço a voz de Charlie pedindo licença ao entrar na sala um tempo depois, mas não tenho força para levantar a cabeça para olha-lo
Não tenho forças para mais nada até o fim da aula, isso acontece toda vez que me "encontro" com Valmir, eu só quero que isso acabe, para que eu vá para casa chorar, mas depois da escola ainda tenho que trabalhar, as lagrimas escorrem pelo meu rosto e eu torço para que ninguém veja, ouço a troca de aulas, não me dou ao trabalho de responder a chamada, não me dou ao trabalho nem de ver que professor está na sala, só quero desligar minha mente.
Ao terminar a aula espero até não ouvir mais vozes na sala para levantar a cabeça, mas ainda assim, ali estava Charlie, com um olhar tenso.
—Me perdoa. - ele diz com a voz embargada e sinto que ele vai começar a chorar a qualquer momento.
—Por que não estava lá? - eu pergunto com um nó na garganta, não vou chorar.
—Vai ficar brava comigo. - eu ergo uma sobrancelha, incentivando-o a falar. - Taylor disse que tinha algo para me dizer, eu fiquei curioso e seria rapidinho...
—O seu rapidinho demorou um pouco, espero que tenha sido algo realmente importante. - deixo uma lagrima escapar, mas logo a seco.
—Ela achou que você tinha me pedido pra ficar comigo... Queria dizer que se eu fizesse isso ela nunca mais olhava na minha cara.
—Ok... - digo sem saber que reação ter, pego minha mochila e vou saindo, ele me segue.
—Qual é Sindy, não fica brava comigo, a culpa não é minha, eu não sabia.
—Eu preciso trabalhar Charlie, nos falamos outra hora. - eu digo e saio o mais rápido que minhas dores permitem.
x X x
Mal suporto o dia de serviço, chego em casa me sentindo derrotada, Charlie se encontra na frente da minha casa sentado com uma mochila ao seu lado.
—Antes de qualquer coisa eu vim pedir desculpa, a gente não precisa falar sobre o que aconteceu agora, eu trouxe chocolate e sorvete, espero que goste de flocos. - ele diz rápido e apesar de tudo, não estou com raiva dele, ele realmente não teve culpa.
—Não conta pra ninguém, e da próxima vez que eu disser que é importante, acredite, é importante!
—Certo, me desculpa. - ele abre os braços e eu o abraço
—Ok, desculpado. - de alguma forma isso traz um certo alivio para mim também, acho que ficar de mal com ele não me faria bem algum.
—Agora... - ele diz ao nos separarmos. - posso entrar? Você demorou, e o sorvete vai derreter.
—Ok. - digo soltando um pequeno sorriso e abrindo a porta.
—Sei que é idiota perguntar, mas como você se sente..?
—Como a última bolacha do pacote. - responde e vejo uma interrogação no rosto dele. - Toda quebrada. - brinco para tentar animar a mim mesma, não funciona.
Charlie vai procurar um filme enquanto eu tomo banho, acabo demorando mais do que o normal, pois me perco em pensamentos, olho para uma lamina de gilete no armário do banheiro "não" penso, "o Charlie está aqui", agradeço mentalmente por isso, me seco e visto uma calça preta e um moletom, faço um coque mal feito e saio do banheiro, Charlie está parado bem na porta.
—Estava quase batendo na porta...
—Por quê?
—Você estava demorando muito... Eu já vi as marcas no seu pulso e com o que aconteceu hoje... Desculpa. - ele diz sem jeito e eu me sinto envergonhada.
—Pare de se desculpar, a culpa de nada disso é sua. Que filme você escolheu?
—Na verdade eu sou péssimo em escolher filmes, então deixei para você fazer isso, trouxe meu notebook para ficar melhor de assistirmos inclusive.
—Certo. - digo indo para o quarto, paraliso em frente a cama.
—Não precisamos deitar juntos, se quiser eu sento no chão e assisto o filme dali.
—Charlie, eu não vou ter medo de você por conta do que outro "homem" fez, sei que vocês não são da mesma especie. E na verdade... Eu gostaria de um pouquinho de contato humano... Não recebo muito carinho, e sendo sincera estou com MUITA vontade de começar a chorar. - ele mal espera eu terminar de falar e me abraça.
Ele tira o notebook da cama e me puxa com delicadeza e me deita no seu peito, não consigo conter as lagrimas e começo a chorar, ele caricia meu cabelo com calma e ouço ele fungar, olha para ele, que tenta esconder as lagrimas, isso parte meu coração, não queria vê-lo chorando, tento secar suas lagrimas, ele segura minha mão e der repente estamos cara a cara, MUITO próximos...
NÃO ME IGNORA, PLEASE!!!
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Hi, obrigada por ler, sou nova nesse estilo de livro, mas estou tentando gente, deixe seu comentário, seja ele uma critica, uma dica, uma observação, ou um apoio, sério, preciso muito de apoio se for realmente continuar essa historia... E gostaria que bastante gente visse, então deixe seu voto, e compartilha com alguém que você sabe que iria gostar, vou ficar muito feliz, até o próximo capítulo docinho, espero que esteja gostando.
--Cherry, cerejinha do bolo.
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Para além do olhar
RandomSindy Hernández era uma garota peculiar, com suas roupas distintas e seu estilo desinteressado ela com toda certeza sempre era notada em todo lugar que passava, mas ignorada de forma gritante no colégio San Hills, era legítima, não falava com muitas...