Enquanto Charlie toma banho reviro meus armários procurando algo para comer, e que eu possa servir para ele, na geladeira tem metade de uma garrafa de suco, coloco na mesa, olho no armário dois pães, penso por um segundo, se eu como pão francês velho quase todo dia, ele pode fazer isso só hoje que está na minha casa, pego margarina e mortadela, coloco sobre a mesa junto ao suco e torço para que Charlie não se importe em comer isso, na verdade, por que eu estou me importando com o que ele vai pensar?
—Peguei a toalha que estava no banheiro, espero que não se importe. - ele sai do banheiro com a toalha enrolada na cintura e o cabelo molhado, paraliso por um segundo e então percebo que ele está esperando a roupa.
—Vem aqui no quarto vou te dar uma roupa. - entro no antigo quarto do meu irmão, nunca mexo em nada aqui, só tiro o pó vez ou outra e tirei a cama daqui quando ela molho com a enchente, no fundo ainda espero que ele volte. Pego uma calça de molem preta e jogo pra ele, então começo a procurar por uma blusa.
—Seu irmão vestia o mesmo tamanho que eu, quantos anos ele tinha quando "sumiu no mundo"?
—Ele tinha 22. - Respondo meio áspera, não gosto de falar do meu irmão.
—E eu com 19 uso o mesmo tamanho que ele usava - Charlie ri.
—Você tem 19? - pergunto meio intrigada.
—Sim, reprovei uns aninhos ai... - ele diz colocando a regata branca que joguei pra ele. - e você, quantos anos tem? - ele pergunta agora pegando o seu moletom para colocar.
—Eu tenho 16. - digo meio tímida, não sabia que ele era tão mais velho, 3 anos de diferença.
—Meu Deus, morando sozinha e trabalhando tanto, achei que você já tinha pelo menos 18! Faz muito tempo que seu irmão te deixou sozinha?
—Faz uns 2 ou 3 anos só, mas isso não importa, está com fome?
—MUITA! - droga.
—Ok, olha isso é o que eu tenho, desculpa. - digo mostrando o que tem na mesa.
—Tudo bem, não se preocupa com isso. - ele falou de forma tão doce que realmente fiquei mais calma e despreocupada.
Nós comemos e conversamos, e ele não parece nem um pouco o cara psicopata que me atacou outro dia, isso me deixa confusa, mas fico feliz por ele não ter mais demonstrado ser daquela forma.
—Já são 21:00 e a chuva não da nem sinal de baixar, seu bairro é perigoso, não vou sair daqui muito tarde.
—Se ficar aqui vai dormir na sala, o quarto do meu irmão como você viu não tem cama.
—Não sei se é uma boa ideia eu dormir aqui também na verdade. - ele diz de forma meio preocupada.
—Não vou nem perguntar o "porquê"
—Acho melhor mesmo.
—Você não me respondeu aquela hora se tem irmãos. - digo após uns minutos constrangedores de silencio.
—Eu... Ok, talvez não faça tão mal assim te contar, você me contou umas coisas bem pesadas também e...
—Desembucha garoto - digo rindo
—Tá - ele fala rindo. - eu tinha um irmão, ele era mais velho que eu, 5 anos mais velho pra ser mais exato, mas ele não queria ser meu irmão... Ele queria ser minha irmã. E eu nunca vi mal algum nisso, adorava minha irmã, mas meu pai dizia que não havia criado "aquilo"... - ele abaixa a cabeça por um instante, e eu vejo ele ficando como naquele dia novamente.
—Charlie?
—TICK! - apenas a menção ao nome faz meu corpo arrepiar, e o folego foge dos meus pulmões.
—Por favor, eu não fiz nada dessa vez! Não me machuca de novo...
—Eu não consegui terminar o que queria, e não pense que conquistando o coração de manteiga do Charlie você vai fazer com que eu não te machuque, seu irmão foi embora é? O meu foi morto na minha frente! - ele avança na minha direção e eu jogo a cadeira no chão correndo para o meu quarto.
Eu tento fechar a porta a todo custo, mas Tick é mais forte e faz força para abri-lá, quando ele entra no quarto eu ando para trás e tropeço em um calçado qualquer no chão, mas não caio, continuo andando para trás até chegar a parede e ele continua se aproximando, lentamente e de forma insana.
—Qual o seu problema, por que quer tanto me ferir?
—Por quê? Queridinha acha mesmo que eu preciso de um motivo? Eu apenas quero.
—O que acontece? Por que você é um doce em um segundo e no seguinte você é tão insano e agressivo?
—Nós não somos a mesma pessoa, apenas dividimos o mesmo corpo, e por ironia do destino eu imagino, somos o oposto um do outro. - Ele se aproxima de forma a me prensar contra a parede.
—Me dá uma chance de viver, prometo não ser totalmente irritante. - digo, e mesmo com medo aproximo minha mão da dele e a seguro. Ele parece espantado com o gesto.
—Não vou te dar uma chance de viver, mas vou ME dar uma escravinha - ele diz após um breve momento angustiante. - E eu quem vou dormir no quarto, não sou banana feito o Charlie de ficar com o sofá e nem sequer reclamar.
—Certo... - digo já pensando nas dores que vão se apoderar de mim por conta da noite mal dormida no sofá.
Arrumo a cama para ele e ele parece estranhar cada movimento meu como se nunca tivesse visto, depois pego um lençol fino, que é o que sobra já que ele ficou com o cobertor, então me dirijo ao sofá e me deito com a minha unica almofada embaixo da cabeça. Após nem meio segundo de olhos fechados sinto alguém me observando, abro os olhos lentamente e vejo Tick parado, bem na minha frente, de forma que tapava minha visão toda com seu corpo alto.
—Mudei de ideia queridinha.
NÃO ME IGNORA, PLEASE!!!
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Hi, obrigada por ler, sou nova nesse estilo de livro, mas estou tentando gente, deixe seu comentário, seja ele uma critica, uma dica, uma observação, ou um apoio, sério, preciso muito de apoio se for realmente continuar essa historia... E gostaria que bastante gente visse, então deixe seu voto, e compartilha com alguém que você sabe que iria gostar, vou ficar muito feliz, até o próximo capítulo docinho, espero que esteja gostando.
--Cherry, cerejinha do bolo.
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Para além do olhar
De TodoSindy Hernández era uma garota peculiar, com suas roupas distintas e seu estilo desinteressado ela com toda certeza sempre era notada em todo lugar que passava, mas ignorada de forma gritante no colégio San Hills, era legítima, não falava com muitas...