Capítulo XVI

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  Não tenho certeza de que é realmente Charlie que está comigo, e tenho medo de solta-lo e ainda ser Tick, isso é uma possibilidade, e tentar a sorte pode me matar.

—Por favor Sindy, sou eu, olha nos meus olhos, sou eu. - ele diz com lagrimas nos olhos, não tenta mais me atacar ou se soltar, apenas pede...

—Certo... Vou te soltar. - digo me aproximando receosa.

  Precisaria ficar praticamente em cima dele para soltar as correntes, seus braços estão presos sobre a cabeça, ele está sentado com as pernas esticadas e abertas, me aproximo de vagar e me sinto estranha ao ficar praticamente ficar em cima dele, quando o solto mais do que instantaneamente ele me puxa me entrelaçando com as pernas, um calafrio percorre meu corpo e ele me aperta com força contra o peito, quando percebo que ele não vai me ferir e meu corpo deixa de se enrijecer deito no peito dele, me esquecendo completamente de qualquer motivo que tenha nos feito ficar afastados.

—Me perdoa. Eu não queria ter te machucado Sindy, eu juro que eu não queria.

—Eu sei. - digo apertando mais o abraço.

—Sindy... - ele diz após alguns segundos.

—O que foi? - pergunto me afastando para olha-lo.

—Acho que Tick quebrou meu pulso - ele diz tentando rir da situação, mas eu sei bem o quanto isso dói. 

—"Tick" quebrou seu pulso? Boa escolha de palavras, mas fui eu que quebrei seu pulso. - afirmo, sentida.

—Não se culpe, e mesmo que o faça, lembre-se de que já te fizemos muito mais mal.

—Vou te levar ao hospital.

—Não tenho plano de saúde...

—Eu dou um jeitinho nisso. - digo me levantando e ajudando ele.

  Eu não faço ideia de como ele me levou até um galpão velho e fedido no meio do nada, ou como ele sabia da existência do mesmo, de quem era, e como entrou comigo ali, mas não ousei perguntar, liguei para Bryan nos buscar e mandei a localização (meu celular estava com Charlie) pedi a ele uma blusa, com a desculpa de que estava com frio, mas na realidade, se meu irmão visse os machucados nos meus pulsos seria capaz de matar Charlie.

  Quando Bryan chegou eu já havia feito tudo o possível para parecer que estava bem, tirei a meia arrastão rasgada, fiz o possível para esconder o sangue das minhas roupas e arrumei meu cabelo, minha touca? Não faço ideia de onde foi parar, combinei com Charlie de que nossa desculpa para estar ali seria o Uber ter errado completamente o endereço.

—No que se meteram hein? - Bryan diz rindo. - então, meio que só consegui essa moto maninha, então...

—Você leva o Charlie no hospital e eu vejo o que faço. - digo me adiantando.

—Não vou te deixar sozinha no meio do nada. - Bryan diz serio.

—Concordo com ele, você não vai ficar aqui.

—Deixem de ser teimosos, ele ta com o braço quebrado Bryan, se você não se importou em me deixar sozinha por 2 anos, não acho que é agora que deve se importar com isso. - nos últimos dias aprendi que falar disso causa um choque no Bryan, e ele costuma concordar com o que digo depois disso, mas procuro não usar esse argumento com frequência.

—Certo... Sobe garoto. - Bryan estende um capacete, desgostoso de ser obrigado a me deixar ali.

—Não vou. Sindy, você não vai ficar aqui sozinha.

—Charlie eu vou ficar bem, você está com o pulso provavelmente quebrado, precisa ir ao médico. Não adianta tentar me contrariar, faz o que eu to pedindo, por favor Charlie. Faz pelo menos isso da forma que quero. - digo tentando fazer com que ele veja isso como uma forma de se desculpar comigo, não é, mas talvez pensar assim o convença.

—Certo... Mas quero que vá ao hospital depois... Me ver. - ele completa ao perceber que não poderia falar de meus ferimentos perto de Bryan.

—Eu vou. Bryan, pegou o que eu te pedi em casa?

—Contra minha vontade, mas peguei. - eu havia pedido para ele mexer nas minhas economias e tirar um dinheiro para pagar uma consulta particular para Charlie.

—Se cuidem na estrada. - digo dando um sorriso fraco e eles saem.

  Assim que eles saem eu abro meu celular e coloco o endereço do hospital no GPS, não tenho forças pra andar muito,  mas não sei se Bryan vai conseguir voltar para me buscar, afinal, a moto não é dele, e o amigo pode não concordar em deixar ele voltar para o meio do nada. Chega um ponto do caminho que eu já não aguento mais andar, praticamente desabo no chão, mas avisto não muito longe do outro lado da rua um ponto de ônibus, pesquiso no Google e não falta muito para ele chegar, e passa uma rua atras do hospital, vou quase que me arrastando até o ponto e me sento esperando pelo ônibus.

x X x 

  Ao finalmente chegar no hospital pergunto por Charlie e a mulher da recepção me diz que ele está em observação, aparentemente por ele não saber dizer como quebrou o braço vai passar a noite no hospital para descartar lesão neurológica, mesmo os exames não mostrando nada, incrível pensar que nunca fui atendida assim, simplesmente por não pagar pelas minhas consultas... Mas eu devia isso a Charlie de certa forma.

  Quando entro no quarto o rosto dele parece se iluminar e ele me lança um enorme sorriso.

—Oi docinho.

—Docinho? - questiono.

—Eu tinha uma vontade de te chamar assim... Talvez ficar dopado de remédios tenha me dado essa coragem.

—Tá explicado. - digo rindo baixo.

—Bom... Não que eu esteja lá muito bem para falar a respeito, mas eu gostaria de ter uma conversa mais séria com você, sobre nosso afastamento, sobre seu provável namoro, sobre como eu estava perdidamente apaixonado por você...


NÃO ME IGNORA, PLEASE!!!

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Eai docinho, tudo bem? Tá curtindo? Deixa o voto ai, comenta, compartilha com o coleguinha que você sabe que vai gostar. O que acham que vai acontecer agora? Sindy vai aceitar falar com Charlie? Eles vão se resolver? Como fica Arthur nessa história toda? Por que ele não procurou por Sindy? Até o próximo capítulo minhas keridas.

--Cherry, cerejinha do bolo. 

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