—Jurava que seu nome era Charlie.
—Já disse que meu nome é TICK - ele se vira em minha direção.
—Eita porra, olha, seu nome seja, Charlie, Tick, Claudio, Papa... Pra mim pouco importa, só vira a droga dessa faca pra outro lado!
—Você viu o que não deveria! Não posso permitir que conte.
—Todo esse drama pela porra de um espelho que VOCÊ quebrou!? Se eu não tivesse entrado naquele banheiro você teria se ferrado de qualquer forma.
—Você ME viu, Charlie não gostou disso, mas ele é frouxo, então quem vai resolver isso sou eu mesmo. - ele avança em minha direção com a faca, me sinto uma garota burra de um filme de terror me perguntando porque não sai correndo antes?
Corro o mais rapido que posso, vou parar no meio das árvores onde os maconheiros costumam gaziar aula para fumar, continuo correndo e percebo o quão sedentaria eu sou, mal aguento manter meu proprio corpo em pé quando recebo um golpe muito forte, me pergunto se não quebrei uma costela com o golpe da faca, é possivel? Não tenho tempo para descobrir agora, me forço a correr mais, paro por um momento, não vejo ele por perto, e não consigo mais correr, minha respiração é pesada e eu sinto que minhas pernas vão ceder a qualquer momento, recebo uma pancada nas costas, me forço a correr mais, não sei se aguento muito mais tempo, e me pergunto onde estão os fumantes e drogados da escola que costumam vir aqui saciar seus vícios.
Eu caio de joelhos e penso que deve ser o meu fim, vejo Charlie, ou Tick... Se aproximar, bato com a cabeça no chão, ele me olha com a cabeça meio de lado, vejo um sorriso insano no seu rosto sinto tudo girar e apago de vez.
x X x
Acordo no hospital, tem algo preso ao meu dedo indicador, estou recebendo soro na veia, tento me mover, mas sinto uma dor imensa, quase solto um grito, mas estou viva, não achei que sobreviveria, tudo parece um borrão na minha memória, aquele desgraçado tentou me matar por causa da porra de um espelho?
—Olha só quem acordou, você precisa arrumar suas coisas pra ir para casa. - A enfermeira chega dizendo, curta e grossa.
—Já ganhei alta?
—Estamos com poucos leitos, você não tem plano de saúde, e duvido que tenha dinheiro pra pagar o leito, já acordou, está apta a ir para casa.
—Eu mal consigo me mexer!
—Sinto muito, não sou eu que faço as regras, se apresse. - Ela diz saindo
—Vaca!
Mal conseguindo andar, saio com uma blusa e uma mini saia cheias de sangue seco, é quase noite e está muito frio, abraço minha mochila e me sinto destruída, tudo dói e não sei como ainda estou de pé, por onde passo sinto todos me olhando, me pergunto o que não deve passar pelas cabeças das pessoas vendo uma garota ensanguentada andando sozinha na rua, mas ao mesmo tempo, pensem o que quiserem, só quero chegar em casa rápido, poder tomar um banho, colocar uma roupa quente e dormir, aproveitar esse três dias em casa que ganhei.
Conforme vou chegando nas ruas mais perigosas perto da minha casa percebo como as casa vão mudando e a iluminação vai diminuído, tem garotos jogando bola descalços, homens conversando ou traficando (ou ambos) nos cantos da rua, alguns chegando cansados do serviço honesto, sinto cheiro da comida pronta, vejo mulheres com bebês nas portas das casas... Der repente sinto muita náusea, sinto o mundo começando a girar, e alguém me segura pelo braço.
—ME SOLTA! - chamo pouca atenção com meu grito, as pessoas aqui já não se importam tanto quando algo assim acontece, já não é algo incomum.
—Não vou te machucar, me deixa te levar pra casa. - Tick diz
—Acha que vou confiar em você? Já mandei me soltar!
—Mal consegue andar sozinha, eu estou te seguindo desde o hospital, se eu quisesse te machucar já teria machucado. - Ele puxa meu braço tentando me fazer subir na bicicleta dele.
—Não confio em você! ME SOLTA!
—Não vou deixar você desmaiar pelo caminho.
—Você nem sequer sabe onde eu moro.
—Peguei seu endereço no prontuario médico. - ele me coloca na garupa e segura meus braços de forma que me faz abraçar sua cintura. - Vou te levar pra casa.
Sem forças para discordar dele apenas deixo que me leve, afinal, pior do que estou não sei se fico, e se ele me matar, pelo que dizem, pelo menos não vou mais sentir dor.
Em algum momento no caminho até minha casa meu cérebro perdeu qualquer noção do que é sensato na vida e eu simplesmente dormi encostada nele, ele me acordou quando chegamos, perguntou se eu precisaria de ajuda para subir e eu disse que não.
—Por favor não conta pros seus pais o que aconteceu, diz qualquer coisa, só não conta...
—Eu não tenho pais Tick. - Solto uma risadinha sem graça.
—Charlie, eu não sou o Tick, e me desculpa.
—Me disse que seu nome era Tick, ta querendo que de tela azul no meu cérebro?
—É uma longa história, mas EU, Charlie, juro que sou bom, mas o Tick não... Nunca se aproxime do Tick!
—O-ok...
—Me perdoa pelo que aconteceu.
—Não sou de perdoar Charlie, e o que você fez comigo foi horrível, você tentou me matar!
—Aquilo não era eu!
—Fala isso pra minha memória, pra dor que eu to sentindo, pra minhas prováveis futuras cicatrizes, pro meu psicológico fudido, pras minhas roupas manchadas e pra minha conta no hospital. - vejo os olhos dele marejarem.
—Pode ter certeza que eu não queria ter feito nada daquilo, e eu vou concertar o que eu fiz, eu vou tentar te recompensar!
—Que fofo, muito obrigada, mas eu vou ficar bem, é só não tentar me matar de novo. - digo de forma sarcástica, abro a porta e entro, batendo a porta atrás de mim.
—Você tá com o meu moletom. - ouço meio abafado do lado de fora, e só então entendo porque estou tão aquecida, me sinto tentada a dizer que devolvo outra hora, mas me obrigo a tira-lo.
—Toma! - entrego e fecho a porta novamente logo em seguida.
—Te vejo amanhã! - ele grita do lado de fora.
—Se eu ainda estiver viva! - respondo no mesmo tom, nem sequer vou pra escola amanhã, estou suspensa, ele com certeza não vai me ver.
NÃO ME IGNORA, PLEASE!!!
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Hi, obrigada por ler, sou nova nesse estilo de livro, mas estou tentando gente, deixe seu comentário, seja ele uma critica, uma dica, uma observação, ou um apoio, sério, preciso muito de apoio se for realmente continuar essa historia... E gostaria que bastante gente visse, então deixe seu voto, vou ficar muito feliz, até o próximo capítulo docinho, espero que esteja gostando.
--Cherry, cerejinha do bolo.
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Para além do olhar
AléatoireSindy Hernández era uma garota peculiar, com suas roupas distintas e seu estilo desinteressado ela com toda certeza sempre era notada em todo lugar que passava, mas ignorada de forma gritante no colégio San Hills, era legítima, não falava com muitas...