Acordo pela manhã sem saber ao certo como cheguei a cama, tudo dói, meu corpo parece ter sido atropelado por um caminhão enquanto eu dormia, mas isso já era de se esperar depois de tudo o que aconteceu, olho no relógio e ja são 11:50 COMO EU DORMI TANTO? Levantar num pulo definitivamente não foi minha melhor ideia, desabo no chão, me pergunto se realmente tenho que trabalhar... Meu estômago responde que sim, eu não me dou ao trabalho de tirar o moletom largo com o qual dormi, apenas coloco um short curto que quase some embaixo dele, pego minhas chaves e saio quase correndo para o trabalho, eu entro 12:30 e não é lá muito perto, então preciso me apressar, no caminho sinto as coisas girando e a dor me atormenta de uma forma inexplicável, me pergunto se realmente vou conseguir trabalhar hoje.
Chegando perto da verdureira onde trabalho me recomponho, respiro fundo e imito o melhor sorriso que consigo nas condições que estou.
—Que bom que chegou, estamos cheios de entregas, a primeira já está separada, nas caixas bem ali. - meu patrão diz e eu apenas pego a caixa, a bicicleta do serviço, vejo o endereço e saio
Eu mal viro a esquina e já sou obrigada a parar, a dor me consome aos poucos, mas preciso trabalhar, continuo pedalando, dessa vez mais lentamente, passo na frente da escola durante o caminho para o local da entrega, e para minha surpresa, quem estava lá?
—Sindy? ESPERA! - Charlie grita e eu paro, não por ele, pela dor que sinto!
—Oi.
—Não veio pra aula hoje...
—Não te devo explicações.
—Foi mal... Você não acha que está muito machucada para estar andando com a bicicleta tão pesada? - ele fala após um pequeno momento de silêncio.
—Se lembra que eu disse ontem que não tenho pais? Alguém precisa me manter, comprar comida, pagar o aluguel... - respiro fundo e coloco a mão na minha própria cintura, isso dói TANTO.
—Bom, já que quem te fez ficar com dificuldade no trabalho por conta da dor tecnicamente fui eu, nada mais justo do que ajudar, eu faço a entrega, te devolvo a bike onde?
—Eu não acho... - penso por um momento, preciso trabalhar, e não vou conseguir, mas se ele fizer isso por mim eu recebo mesmo assim... - Naquela esquina de baixo, ninguém pode saber que você está fazendo as entregas!
—Ok, te vejo na esquina de baixo em breve, e vou esperar lá depois, pronto para próxima entrega vou fazer isso por quantos dias você precisar, não se preocupe.
x X x
Já é fim do dia e por mais que eu não tenha trabalhado estou cansada, ficar em pé o dia todo com dor também cansa, após deixar a bicicleta com o meu patrão ele me dispensa, ao sair da verdureira dou de cara com Charlie.
—Posso te acompanhar até em casa?
—Se eu disser não, vai me seguir mesmo assim não vai?
—Talvez...
—Seria mil vezes mais estranho, então pode.
—Certo, legal... Então, mora sozinha a muito tempo? - ele diz depois de um breve silêncio.
—Não somos amigos, não vou contar a história da minha vida pra você.
—Qual é, eu trabalhei por você a tarde toda, não pode pelo menos conversar comigo enquanto eu faço o favor de te levar em segurança para casa?
—Não sei se é muito seguro andar com o cara que tentou me matar. - assim que termino de falar vejo ele fechar a cara. - Ok... - ele abre um sorriso. - moro sozinha desde que meu irmão mais velho sumiu no mundo.
—E...
—Meus pais?
—Muito grosseiro perguntar isso?
—Não tanto quanto tentar me matar. - dou risada.
—Nunca vai se cansar de jogar isso na minha cara?
—Não - dou risada mais uma vez e ele me acompanha com uma risada gostosa, o riso faz com que o corte na costela fique mais dolorido, e ele parece notar, mas mesmo assim ambos ignoramos. - não tenho certeza do que aconteceu com os meus pais, meu irmão contou mil versões diferentes de desculpas para a ausência deles.
—Qual sua favorita? - ele diz com um meio sorriso bobo no rosto.
—A que eu mais gostava quando pequena era aquela em que eles estavam em uma missão secreta porque são super espiões.
—Parece bem realista pra mim - rimos juntos.
—E você, tem pai e mãe? - pergunto.
—Claro que tenho. - ele diz, mas fecha a cara.
—Avisou eles que ficaria fora a tarde toda?
—Ter pais não me torna um bebezão Sindy. - ele da risada, a risada se torna um sorriso, e seus olhos encontram os meus.
—Tem irmãos? - perguntou para mudar de assunto.
—Nossa já estamos quase chegando. - ele parece fazer o mesmo. - como já está tão escuro sendo que são apenas 19:00 horas?
—Vai chover idiota, já está garoando não está vendo? - ele me olha torto por causa do "idiota", mas continua andando ao meu lado.
A chuva vai engrossando conforme vamos chegando perto da minha casa e nos obrigamos a andar mais rápido, as ruas começam a encher e eu fico com um certo medo da enchente invadir minha casa novamente, isso raramente acontece, mas ainda assim é uma possibilidade. Quando chegamos à minha casa a chuva está forte de mais para que eu consiga ser insensível ao ponto de mandar Charlie embora.
—Quer ficar por aqui? A chuva está muito forte, você pode ir quando ela parar, ou quando diminuir pelo menos. Ou se preferir pode ligar pros seus pais te buscarem. - digo meio sem jeito.
—Não posso pedir pra me buscarem, mas aceito ficar aqui sim.
—Certo... Pode entrar. - vejo como ele olha para cada detalhe da minha casa, me orgulho de ela estar bem arrumada, e ignoro o fato de que com certeza ele deve estar pensando coisas negativas a respeito da minha humilde casinha.
—Posso tomar um banho? Estou suado por causa das entregas de bike.
—E pretende colocar que roupa depois do banho?
—Boa pergunta...
—Te empresto umas roupas velhas do meu irmão, mas já adianto, são realmente velhas!
—Tá, não faz mal, onde fica o banheiro? - eu aponto o fim do corredor para ele. - Obrigado, fico feliz que consiga me ter dentro da sua casa sem estar com medo. - ele diz se dirigindo para o banheiro, e essa frase me faz pensar no quão idiota foi colocar ele na minha casa.
NÃO ME IGNORA, PLEASE!!!
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Hi, obrigada por ler, sou nova nesse estilo de livro, mas estou tentando gente, deixe seu comentário, seja ele uma critica, uma dica, uma observação, ou um apoio, sério, preciso muito de apoio se for realmente continuar essa historia... E gostaria que bastante gente visse, então deixe seu voto, e compartilha com alguém que você sabe que iria gostar, vou ficar muito feliz, até o próximo capítulo docinho, espero que esteja gostando.
--Cherry, cerejinha do bolo.
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Para além do olhar
De TodoSindy Hernández era uma garota peculiar, com suas roupas distintas e seu estilo desinteressado ela com toda certeza sempre era notada em todo lugar que passava, mas ignorada de forma gritante no colégio San Hills, era legítima, não falava com muitas...