~Bastien
Após Lilith ter assinado o contrato, ficou claro que ela seria uma verdadeira prova de fogo para o meu psicológico. Eu sabia que era o sonho dela trabalhar na Loft Art, então decidi testá-la com essa vaga de assistente. Talvez, conhecendo melhor suas habilidades, possamos abrir uma vaga definitiva para ela na empresa futuramente. Além disso, essa posição pode ser benéfica para ambos.
Levantei-me e saí da minha sala. Era sábado. Não costumo trabalhar nos fins de semana, mas fui à empresa apenas para garantir que Lilith não havia mudado de ideia sobre o contrato. Eu não podia perdê-la, não agora que a conheci e já investiguei toda sua vida. Lilith lembrava um pouco minha falecida esposa, por esse motivo, resolvi dar essa chance a ela.
Quando digo que ela se parecia com Rosa, não falo apenas sobre aparência, mas também na personalidade. Rosa possuía uma doçura inigualável, era astuta, não gostava de ser subestimada, era persistente e, além de ser pequena e adorável, sempre estava disposta a ajudar qualquer pessoa. Lilith me lembrou de Rosa em muitos aspectos, e por isso, achei que investir nela seria bom para garantir um futuro brilhante. A cena dela discutindo com Verônica foi hilária, adorei assistir. Foi nesse momento que decidi que ela, de um jeito ou de outro, teria que fazer parte desta empresa e estar ao meu alcance, sob meu olhar atento.
Saí da minha sala e, logo na porta, Jane veio ao meu encontro, pronta para me bombardear com perguntas, aproveitando que estávamos sozinhos.- Bastien! Vi que Lilith esteve aqui ontem, ela assinou o contrato? Ela aceitou ser sua assistente? - perguntou, toda curiosa.
- Por que precisa saber? - perguntei a olhando.
Jane trabalha comigo desde que assumi as empresas de meu pai aos 18 anos, mas somos próximos desde a infância. Por isso a conheço bem e ela me conhece igualmente; somos praticamente melhores amigos, pois ela é a única garota que nunca me interessou romanticamente, talvez fosse porque somos irmãos.
- Para adicionar ao seu relatório... - ela arranjou uma desculpa rápida para sua curiosidade.
- Tem certeza de que é só por isso, Jane? - insisti, rindo.
- Tá bom, tá bom! Eu gostei dela, ela é diferente de todas as outras. Ficaria muito feliz em vê-la trabalhando contigo. Além de ser extremamente competente para os assuntos da empresa, ela poderia ajudá-lo a passar mais tempo em casa, a se divertir e viver mais como uma pessoa comum, a cuidar melhor da nossa irmã e talvez até ajudá-lo a se apaixonar novamente... - disse ela.
Quando eu tinha seis anos, ainda era filho único, e minha mãe não podia mais ter filhos. Sentindo-me muito solitário, papai e mamãe decidiram adotar Jane, por isso, ela sempre foi minha irmã e melhor amiga. Mas após a adoção, por um milagre, mamãe conseguiu engravidar novamente, e então, Sarah nasceu. Mesmo Jane sabendo que eu não queria mais me apaixonar por ninguém, ela sempre insistia que eu deveria encontrar alguém que me completasse.
- Quantas vezes preciso dizer que não quero mais me apaixonar, Jane?
- Ah, Bastien, dá um tempo! Você precisa se dar uma nova chance e deixar o passado para trás.
- Jane, não quero e nem vou discutir com você sobre uma assistente. Ela apenas desempenhará suas funções conforme o contrato. Não tente interferir nisso! - disse, revirando os olhos.
- Está bem. Você é um chato, sabia? Nunca pensou em proporcionar à Sarah a experiência de crescer ao lado de uma mulher? Ela só tem a mim e a você, e eu nem moro com vocês. Como será quando ela arrumar um namorado e começar a sair com os amigos?
- Sarah já tem você como exemplo. Ela não vai arrumar um namorado enquanto estiver morando comigo, e ela já sai com os amigos.
- Tudo bem... mas pense nisso, Bastien - disse Jane, levantando as mãos em rendição. - Ei, falando nisso... preciso te contar algo...
- Diga.
- Dan e eu terminamos, e ele se mudou. Não queria continuar morando sozinha, por isso devolvi a casa e... - ela estava explicando quando a interrompi.
- E agora quer voltar a morar comigo, não é? Eu te avisei que esse cara não era para você, Jane! Claro que pode voltar, mas da próxima vez, veja se me ouve!
- Obrigada. Voltarei na segunda-feira.
Jane voltou ao seu trabalho enquanto eu fui falar com alguns funcionários sobre a nova assistente. Adentrei o refeitório onde todos tomavam seu café da manhã no intervalo.
- Bom dia, senhor! - falou um dos funcionários.
Ignorei-o. Estava focado na minha tarefa.
- Peço a atenção de todos, pois tenho um comunicado a fazer - falei em voz alta até que todos, ou quase todos, me olharam. - Na segunda-feira, teremos uma nova funcionária na Loft Art. Contratei uma assistente pessoal. Espero que a recebam com educação e cordialidade. Enquanto eu falava, duas funcionárias do meu lado esquerdo não paravam de rir, o que me deixou irritado. Virei-me para elas.
- Com licença, madames... sim, estou falando com vocês - disse, encarando-as fixamente. Assustadas, elas me olharam de volta. - Podem por gentileza fechar a matraca? Eu estava dando um comunicado importantíssimo. Uma de vocês pode me dizer sobre o que eu estava falando? - esperei a resposta com os braços cruzados.
- E-er... A-ah... - gaguejou uma delas.
- Como eu imaginei - soltei uma gargalhada sarcástica, vendo todos tremerem. - Não sabem me dizer porque não prestaram atenção no meu comunicado. E por quê? Ah, claro! Porque estavam tagarelando e rindo sobre algo aparentemente mais importante. Gostariam de nos contar a piada? Nós também queremos rir! - elas me olhavam ainda mais assustadas, e pude ver as lágrimas ameaçando surgir nos olhos de uma delas.
Nesse momento, Jane se aproximou de mim.
- O que está acontecendo, Bastien? - sussurrou ela ao meu ouvido ao ver todos assustados e pálidos.
- Vamos, meninas! Contem-nos! - continuei insistindo. - Jane aqui também quer ouvir a piadinha que interrompeu meu comunicado.
Uma das meninas começou a chorar e saiu correndo para o banheiro. A outra permaneceu firme e calada.
- Ah, era de se esperar - falei, demonstrando tédio e indiferença. Todos na sala pareciam ainda mais impressionados. - Jane, providencie os papéis para a demissão da moça que saiu correndo.
Os funcionários na sala estavam chocados, murmurando uns para os outros.
Saí de lá e fui procurar meu Mustang no estacionamento. Eu já estava tão acostumado a lidar com tais situações que demitir mais uma pessoa se tornara uma espécie de diversão. Gente fútil. Cheguei em casa e logo avistei o motivo dos meus cabelos brancos no fim da escada.- Ah, você já chegou... - disse Sarah, minha irmã, com os cabelos despenteados. Aposto que tinha acabado de acordar e não foi a escola.
- Sim, cheguei. Você levou um choque? - perguntei rindo.
- Engraçadinho, vê se me erra, Bastien! - disse ela, subindo as escadas.
- Volte aqui, precisamos conversar, Sarah! - gritei, enquanto ela já estava no topo da escada.
- Vai conversar com o Batman!
Menininha medonha...
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A Sinfonia de Bastien
RomanceQuando um homem marcado pelas adversidades da vida e uma mulher determinada a alcançar seus sonhos se encontram, o que pode resultar? Um romance encantador ou uma guerra devastadora? Eu aposto na segunda opção... Bastien, que perdeu os pais e a espo...