Já na sala de Bastien, não consegui conter o que saiu da minha boca. Foi automático, como se qualquer filtro que houvesse em mim tivesse sido deletado.
- O senhor faz isso por gosto?
Assim que percebi o que havia dito, tapei a boca com as mãos. Bastien riu e disse:
- Do que está falando, Lilith?
Ele acabara de demitir uma moça apenas por lhe oferecer algo antes da hora e ainda pergunta do que estou falando.
- Não é nada... apenas pensei alto demais, desculpe! - eu não queria correr o risco de ser demitida logo no meu primeiro dia.
- Eu insisto. Do que você estava falando? - disse ele ainda em pé, escorando-se na mesa enquanto me olhava. - É melhor me dizer - ele sorriu.
- Tudo bem... estava falando da moça de agora pouco. Você a desprezou e a demitiu apenas por gosto?
- Você é corajosa... mas me diga, é isso que você pensa de mim? - perguntou ele, fingindo-se de ofendido.
- É o que parece... - arrisquei.
"Está legal, Lilith... onde é que você está com a cabeça?", pensei. Já estava abusando da paciência dele.
- Sabe, senhorita Everhart... gosto da sua sinceridade e da sua ousadia. São duas qualidades na medida exata. Nem mais, nem menos. Se continuar assim, sempre usando-as no seu devido lugar, enfatizou "seu", terá um ótimo futuro aqui na empresa.
Aquilo me assustou um pouco, mas de certa forma, fiquei feliz. Foi um elogio sombrio, no estilo de Bastien.
- Onde eu ficarei? - mudei de assunto.
- Ali - ele apontou para uma mesa no fundo da sala. - Os telefonemas que antes vinham direto para mim agora passarão por você primeiro. Você classificará a urgência e a importância da ligação e me informará para que eu decida se devo ou não atender. Certo? - ele explicou enquanto eu anotava tudo.
- Certo.
[...]
~Bastien
Lilith estava começando a trabalhar. A manhã passava rapidamente. Expliquei à minha nova assistente tudo o que ela deveria fazer naquele dia, e ela não perdeu tempo, já estava adiantada em suas tarefas, mas algo parecia errado. Aproximei-me e parei atrás dela.
- Lilith? - chamei, e ela olhou para mim rapidamente.
- Sim? - respondeu.
- O que é isso? - apontei para o canto superior esquerdo do monitor à nossa frente.
- Ah, sim. Espero que não se incomode. Tomei a liberdade de organizar a sua lista semanal de tarefas deste mês - disse ela, e fiquei espantado.
Mas o quê? Aquilo era impossível! Formar tudo aquilo em apenas duas horas e meia de trabalho parecia uma tarefa insana. Pensei que ela começaria hoje e terminaria apenas em dois dias.
- Posso conferir? - tentei não demonstrar minha surpresa. Tinha que haver algum erro! Aquilo não podia ser possível! - Vamos ver a programação de hoje... Inspecionar desenhos pela manhã... confere. Reunião com os acionistas à tarde... confere. Organizar ideias para a nova campanha... confere... - continuei analisando todo o cronograma. - Gatinha... estou impressionado.
- O senhor está? Por quê? - perguntou ela, parecendo confusa.
- Confesso que levo dois dias para fazer um cronograma desses. Continue assim! - falei e voltei para a minha mesa.
Era incrível. Além de bonita e inteligente, ela era extremamente ágil. Aquilo realmente me impressionou. Finalmente entrou alguém nesta empresa cuja competência se equipara à minha.
Chegou a hora do almoço, e eu já estava morrendo de fome.[...]
~Lilith
- Senhorita Everhart? - Bastien me chamou.
- Sim, senhor? - respondi.
- Nosso horário de almoço é do meio-dia às duas da tarde. Temos uma reunião com os acionistas às três, e eu a apresentarei como minha nova assistente. Não admito atrasos, correto?
- Sim, senhor! - pensei que duas horas para almoçar seriam mais do que suficientes.
- E mais uma coisa! Mantenha seu celular sempre ligado. Você é minha assistente 24 horas por dia. Se eu precisar de você, vou ligar, e não importa se você está no primeiro prato ou já na sobremesa. Quando eu ligar, quero que venha imediatamente. Certo, lindinha? - ele sorriu de canto.
Odiava todo tipo de apelido que ele inventava pra mim.
- Sim, senhor - assenti.
- Ah, acabei de lembrar. Você se recorda daquela moça que a levou até minha sala no dia da entrevista? - perguntei.
- Claro! Como esquecer? Ela se chama Jane. Perdoe-me se estiver errada, mas ela não é sua irmã?
Ele deve estar se perguntando como eu sei disso.
- Como você sabe disso? - perguntou, surpreso.
Eu não falei?
- Quando disse que sabia muitas coisas sobre a empresa e sobre o senhor, não estava blefando, senhor Speer - falei sorrindo.
Não subestime minha capacidade, Bastien...
- Muito bom. Tente não espalhar essa informação pra muita gente.
- Pode confiar em mim - assegurei, embora ele parecesse desconfiado.
- Como eu dizia, Jane e eu às vezes almoçamos juntos, e ela quer conhecê-la melhor. Portanto, ela pediu-me para perguntar se você gostaria de almoçar conosco hoje, caso não tenha outro compromisso, ele enfatizou "hoje".
Não se preocupe, Bastien. Não faço questão de almoçar vendo sua cara de debochado todos os dias.
- Claro, eu aceito.
Saímos de sua sala e logo entramos em um carro onde um motorista nos aguardava.
- Senhor? - chamei.
- Diga.
- Quem é este? - apontei para o motorista que dirigia o veículo, que custava mais do que meu antigo apartamento. - Achei que Samuel fosse seu motorista.
Ele sorriu de forma sarcástica e me olhou seriamente.
- Não se faça de burra, Lilith. Isso me assusta. Este é o motorista que a empresa me fornece. Samuel é meu motorista particular. Mas por que a pergunta? Sentindo falta das suas risadinhas com ele? - ele riu e eu apenas revirei os olhos.
Argh! Cada vez mais me convenço de que Bastien é insuportável!
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AVISO GUYS:
Se por um acaso a foto do capítulo estiver com nomes diferentes, lembrem-se de que eu editei a história e que alguns acontecimento e nomes foram trocados, beleza? 🙂↔️
Baek virou Bastien, Belinda virou Lilith e o Trent virou Samuel, beleza?
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A Sinfonia de Bastien
RomanceQuando um homem marcado pelas adversidades da vida e uma mulher determinada a alcançar seus sonhos se encontram, o que pode resultar? Um romance encantador ou uma guerra devastadora? Eu aposto na segunda opção... Bastien, que perdeu os pais e a espo...